E-book gratuito orienta sobre alimentação para pessoas com nanismo

Projeto desenvolvido por doutora em nutrição em parceria com universidades federais contou com apoio da Associação Nacional das Pessoas com Nanismo (Nanismo Brasil)

Lígia Saba Fernandes
Por Lígia Saba Fernandes
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Imagem: reprodução redes sociais Nanismo Br

Utilizado como regra para medir a relação Peso x Altura, o Índice de Massa Corpórea (IMC) não é adequado para pessoas com nanismo. O grupo, que possui pouca literatura e estudos à disposição, enfrenta, desde a infância, dificuldades em entender como ter uma alimentação  saudável que auxilie no controle de peso, previna doenças crônicas e melhore a qualidade de vida. 

Pensando nessa parcela da população que sequer está contabilizada no país, a doutora em nutrição Ursula Viana Bagni coordenou a publicação do e-book “Alimentação saudável para pessoas com nanismo”, agora disponível gratuitamente para download.

Ursula é professora da Universidade Federal Fluminense (UFF) e líder do Grupo de Estudos sobre Diversidade e Inclusão em Nutrição e Saúde (GEDINS). A publicação, entretanto, conta ainda com o apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e apoio da Associação Nacional das Pessoas com Nanismo (Nanismo Brasil). O livro tem como público além das pessoas com nanismo, familiares e profissionais de saúde e traz informações para todas as idades, incluindo crianças.

 

O presidente da Nanismo BR, Fernando Vigui explicou que no 1º encontro da associação, em 2019, a questão começou a ser discutida durante um painel sobre qualidade de vida. Depois disso, Fernando encontrou o GEDINS, e no ano passado, a coordenadora e nutricionista participou do encontro realizado virtualmente em razão da pandemia do coronavírus. “A Ursula esteve no encontro virtual e deu início ao projeto. Foi incrível e a comunidade toda participou dando depoimentos, respondendo formulários, contribuindo com experiências e conseguimos, finalmente, lançar o e-book”, completou Vigui.

A professora universitária trabalha há alguns anos com nutrição de subgrupos populacionais em maior situação de vulnerabilidade em saúde. Neste sentido, tem desenvolvido atividades de ensino na graduação e pós-graduação e também pesquisas e projetos de extensão. Ela conta que nos últimos anos começou a se aproximar da temática do nanismo e percebeu a escassez de material para ser usado na universidade e também para servir de subsídio para os profissionais já formados.

“O livro foi planejado para ser bem objetivo, de leitura rápida e tentamos abordar todos as fases da vida. O planejamento e elaboração do livro foi feito em parceria com o Nanismo Brasil, que foi essencial para nos ajudar a desenvolver um material alinhado às necessidades das pessoas com nanismo”, acrescentou.

IMC

“O Cálculo do IMC sempre dá pra gente obesidade mórbida e não nos encaixamos nos gráficos. Já vimos também pessoas com nanismo que seguem algumas dietas, mas não conseguem emagrecer, por exemplo”, explicou o presidente da Associação Nacional das Pessoas com Nanismo. A professora ressaltou, entretanto, que o objetivo não é fornecer informações específicas porque entende que cada pessoa com nanismo possui singularidades que precisam ser consideradas pelo profissional de saúde.

“Inclusive a questão do IMC, que é muito debatida, foi um tema que não nos aprofundamos propositalmente pois a avaliação do estado nutricional e da composição corporal da pessoa com nanismo é extremamente complexa. O IMC não é adequado para a pessoa com nanismo, conforme falamos no livro, e precisa ser usado com muita cautela pois não reflete bem a composição corporal e o risco de doenças crônicas em adultos com nanismo”, finaliza Ursula.

Energia

Doutora em nutrição, Ursula Viana diz que uma das principais evidências até o momento está na necessidade de energia, que é menor que a de uma pessoa com estatura mediana. Ocorre que esta diferença também não se apresenta de uma forma homogênea, e uma nova pesquisa pretende responder a essa questão: quantas calorias uma pessoa com nanismo precisa?

 

“O que sabemos é que, como a pessoa com nanismo necessita de menos calorias diárias e que seu corpo está ‘programado’ para acumular mais gordura em função da alteração genética. Por isso, o controle da alimentação é essencial. É necessária uma vigilância constante, pois mesmo que o peso em excesso não resulte em doença crônica, ele pode agravar problemas articulares e resultar em dor e prejuízo na mobilidade”, explica. 

 

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