Construído em 1912, o casarão que abriga o Museu da Memória em Trindade, Goiás, é popularmente conhecido como “Sobradinho”. O espaço passou a abrigar o museu da cidade apenas em 1998. Administrado pela Prefeitura Municipal é um importante tesouro histórico, pronto para enriquecer os turistas que passam pelo local. O espaço guarda a cultura e história local das raízes sertanejas do Brasil Central. Um Plano Diretor desenvolvido para a cidade, em 2008, contemplou a sede do Museu com o status de “Unidade Especial de Interesse Cultural”.

O casarão foi construído por Silvano Vaz da Silva. A intenção era que o local funcionasse como sede da fazenda. Anos mais tarde, o Professor Bento Fleury Curado e o então diretor municipal de cultura, Amarildo Jacinto, tomaram a iniciativa de criar um museu. A ideia era armazenar a história local, nascida a partir da origem religiosa.

Para formar o acervo, os dois reuniram fotografias de importantes momentos do município, obras de artistas trindadenses que retratam os milagres registrados na cidade após a descoberta do medalhão. Além de objetos antigos e documentos históricos.

Imagens: Acervo do Museu da Memória em Trindade

A história da cidade

Por volta de 1770, a cidade de Trindade era conhecida como Distrito de Santa Cruz. Com a chegada dos Bandeirantes à Capitania de Goiás, a região de Trindade tornou-se parte integrante do território ocupado pela expedição. Até o final do século 18, a cidade sobrevivia da mineração.

Com o fim do ciclo do ouro, o município começou a trabalhar a agricultura como sua principal atividade econômica. Os resultados trouxeram importante destaque para a região que passou a ser vista como importante espaço socioeconômico para o estado. A população trindadense começou a crescer.

O oficial militar, Joaquim Gomes da Silva, se mudou para o Distrito e ali construiu a primeira capela da cidade. Por volta de 1840, no arraial das Campininhas das Flores, o local era inteiramente dedicado a Nossa Senhora da Conceição. A construção serviu de incentivo para que outras pessoas escolhessem a cidade como lugar para morar e construir uma família.

Foi nesta época que o casal mineiro, Ana Rosa e Constantino Xavier, se mudou para uma casa nas proximidades do Córrego Barro Preto. Ali, às margens do curso d’água, o casal encontrou um medalhão com a imagem da Santíssima Trindade coroando a Virgem Maria. O casal decidiu expor o achado. A partir daí, pessoas vindas dos mais distintos territórios passavam pela casa dos mineiros a fim de reverenciar a imagem.

Em 1848, o casal decidiu construir uma igreja. Seu Xavier pediu ao escultor José Joaquim da Veiga, morador de Pirenópolis, para construir uma réplica da imagem em dimensões maiores. O objetivo era atrair mais visitantes.

Imagens: Marcos Aleotti Fotografia – Curta Mais

Aquela movimentação chamou a atenção da Igreja Católica e, em 12 de dezembro de 1894, padres redentoristas se mudaram para o Distrito de Barro Preto. Entre os seus ideais, traziam o projeto de planejamento de uma romaria com destino a igreja.

No ano de 1943, enquanto a cidade comemorava o centenário do encontro do medalhão, o arcebispo Emanuel Gomes de Oliveira idealizava o início da construção da igreja Santuário Basílica do Divino Pai Eterno. As construções só foram concluídas em 1974. Os cristãos eram destinados ao novo templo, intensificando a repercussão da Festa do Divino Pai Eterno. Em 1988, os criadores de gado passaram a ser incluídos na romaria da Festa, criando a popular Romaria dos Romeiros.

A Festa tomou enormes proporções. Entre os meses de maio e julho, a cidade de Trindade recebe milhares de fiéis vindos de todo o Brasil. A igreja fica tão lotada que muitos precisam assistir as missas em pé do lado de fora. Pensando nisso, a Basílica de Trindade ganhará uma nova sede que já está em construção.

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