Goiânia homenageia as vítimas da ditadura em Monumento histórico no Setor Oeste

O Monumento conta com representações das quinze vítimas contabilizadas no estado

Julia Macedo
Por Julia Macedo
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Inaugurado no dia 27 de agosto de 2004, o Monumento aos Mortos e Desaparecidos na Luta Contra a Ditadura Militar está localizado na Avenida Assis Chateaubriand com Avenida Dona Gercina Borges, no Setor Oeste em frente ao Bosque dos Buritis.

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Imagem: Marcos Aleotti Fotografia – Curta Mais

O projeto desse Monumento possui uma característica peculiar, retratando momentos de dor e agonia de um importante período histórico. Quando chove, as águas correm por entre as aberturas superiores da obra, fazendo menção às lágrimas dos familiares das vítimas mortas ou desaparecidas durante a Ditadura.

Entre os anos de 1964 e 1988, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) reconheceu cerca de 434 mortes e desaparecimentos políticos, dos quais grande parte corresponde ao período do Regime Militar. A Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos políticos contabilizou cerca de 362 casos. O Centro de Documentação Eremias Delizoicov e a Comissão de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos contabilizaram, em 2010, 383 vítimas.

Esse monumento busca manter uma memória comum, partilhada por todos aqueles que passam pelo local, sobre a tragédia que vitimou incontáveis goianos entre os anos de 1968 e 1979. Ivanor Mendonça, um dos responsáveis pela instalação, conta que a escolha pela obra ocorreu através de um concurso público que elegeu o projeto do arquiteto Marcus Gebrim.

Cada um de seus gomos representa uma vítima: Arno Preis, Cassimiro Luís de Freitas, Divino Ferreira de Souza, Durvalino de Souza, Honestino Monteiro Guimarães, Isamel Silva de Jesus, James Allen Luz, Jeová de Assis, José Porfírio de Souza, Márcio Beck Machado, Marco Antônio Dias Batista, Maria Augusta Thomaz, Ornalino Cândido, Paulo de Tarso Celestino e Rui Vieira Bebert. Quando inaugurado, o Monumento contava com um dispositivo do lado de dentro que fazia com que a água jorrasse pela estrutura, mesmo fora do período de chuva.

Aos pés do monumento, uma placa instalada exibe o nome dos quinze idealistas mortos ou desaparecidos que “lutavam por justiça e liberdade”. O local de instalação do monumento já era previsto no edital do concurso.

Ditadura em Goiás

Quando a ameaça de um Golpe de Estado se tornava lentamente ameaçador através da direita conservadora, o governador de Goiás, Mauro Borges Teixeira, pediu que a população civil se organizasse por meio de uma resistência armada. O objetivo seria conter os possíveis golpes de Estado. O documento oficial expedido por Mauro Borges citava a Constituição para defender os ideais da população.

Os voluntários passaram a receber treinamentos militares com orientação da Polícia Militar do Estado. O grupo contava com um número considerável de mulheres movidas pelo Comitê Constitucionalista Feminino. Na ocasião, sindicatos, entidades estudantis e algumas organizações sociais do Estado formaram comissões que percorreram os bairros da capital goiana a fim de conseguir o maior número de adeptos a defesa da Constituição brasileira.

A atuação do então governador não foi vista com bons olhos pelos setores políticos em Goiás e no restante do Brasil. A aproximação de Mauro Borges com os Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e ao Partido Comunista Brasileiro (PCB), juntamente aos seus ideais econômicos com preocupação ao meio agrário, acentuou as divergências políticas em Goiás. Mauro Borges foi disposto de seu cargo em novembro de 1964. Com efeito, os movimentos de luta pela terra em Goiás sofreram um duro golpe.

 Imagem: Marcos Aleotti Fotografia – Curta Mais

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Pauta desenvolvida pela estagiária de jornalismo Julia Macedo com a supervisão da jornalista Fernanda Cappellesso.