Estudantes da UFG se classificam na 1° Olimpíada de Nanossatélites

À medida que avançarem grupos terão a oportunidade de construir e lançar foguete no espaço

Anna Júlia Steckelberg
Por Anna Júlia Steckelberg
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Nos últimos dias, duas equipes da Universidade Federal de Goiás participaram da 1ª Olimpíada Brasileira de Nanossatélites (OBSAT 2021) e foram classificadas para a próxima fase da competição. 

Pois bem, o grupo Pachecos SAT, primeiro lugar na categoria ensino superior em Goiás, é composto por estudantes do Instituto de Informática (INF) e a equipe Millenium, a segunda colocada, é formada por discentes da Escola de Engenharia Elétrica, Mecânica e de Computação (EMC).  

O projeto da equipe Pachecos SAT é intitulado “Monitoramento do Rio Araguaia feito por nanossatélite do tipo cubesat”. A equipe é formada por Jonathan Miguel Ribeiro (INF/UFG), Yuri dos Reis de Oliveira (INF/UFG), Douglas Sousa Jorge (INF/UFG) e Marcelo Henrique Soares Lino (INF/UFG).

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Já o projeto da equipe Millenium é o “Mapeamento da magnetosfera e localização da anomalia magnética do Atlântico Sul em nanossatélite”. O grupo conta com Ian Marcos da Cruz Chaves (EMC/UFG), Marlo Alves Rodrigues (EMC/UFG), Natalie Tolentino Serafim (EMC/UFG), e Rui Gonçalves de Oliveira Júnior (EMC/UFG).

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Com a classificação, as duas equipes devem receber gratuitamente, kits oficiais de cubesat da Obsat. Trata-se de um kit para prototipagem, desenvolvimento e teste do sistema de nanossatélite proposto em cada projeto.

“Assim, cada equipe irá focar na elaboração do seu satélite visando cumprir com os objetivos propostos. Mesmo assim, estes kits, por ser de propósito geral (genéricos), possibilitam sim testar ou prototipar outros tipos de aplicações que venham a surgir no decorrer do desenvolvimento dos projetos”, explica, ao Jornal da UFG, o professor do INF, Aldo Díaz-Salazar, que está orientando as equipes da UFG.

Para quem não entende muito do assunto, nanossatélite é um tipo de satélite de menor porte, podendo ter de 1 kg a 10kg, e menor custo de produção, e que não envolvem estruturas grandes como uma estação espacial. “Ele é ótimo para fins didáticos e de pesquisa por ser muito mais barato do que aqueles satélites enormes”, explica Jonathan Miguel Ribeiro (INF) ao Jornal da universidade.

Araguaia

Agora, vamos entender os projetos. O primeiro citado, o projeto “Monitoramento do Rio Araguaia por Nanossatélite” faz parte de uma proposta pontual, mas com potencial para o desenvolvimento de diversos estudos. O satélite é instrumentalizado com sensores que são de propósito geral: uma câmera, sensores inerciais, magnetômetro, umidade, pressão atmosférica, luminosidade e outros. 

Em entrevista para o canal do YouTube Linha de Divisa, Douglas Sousa Jorge (INF), explica que o projeto “Monitoramento do Rio Araguaia por Nanossatélite” pretende investigar as anomalias ambientais que podem comprometer a preservação e a longevidade do Rio Araguaia. Ele cita o desmatamento da mata ciliar e o assoreamento como dois exemplos dessas anomalias”, comentou.

“Também pretendemos monitorar pontos de poluição química, térmica e seca que são questões ambientais que podem comprometer o futuro do rio e das populações que dependem diretamente dele, como os pescadores, nos próximos 20, 40 anos”, completa.

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Atlântico Sul

Enquanto isso, a proposta da equipe Millenium é fazer o mapeamento de alguns pontos da magnetosfera (campo magnético no entorno da Terra) durante a trajetória do nanossatélite, estudando-a sobre a influência da anomalia magnética do Atlântico Sul (Amas). 

A equipe também foi entrevistada no canal Linha de Divisa. Na ocasião, o estudante Rui Gonçalves de Oliveira Júnior, explicou que a anomalia magnética do Atlântico Sul (Amas) é uma espécie de enfraquecimento na intensidade magnética da Terra observado nesta região, que compreende as regiões Sul e Sudeste do Brasil e uma parte do oceano Atlântico e do continente Africano.

O objetivo do projeto é o desenvolvimento do satélite propriamente dito e de novas técnicas e coletar dados por meio dos quais possam ser feitas predições e análises, usando algoritmos de inteligência artificial. 

O grupo tem a proposta de realizar o mapeamento pelo GPS (sigla em inglês para sistema de posicionamento global) e também um sistema de localização e mapeamento simultâneos (slam) por sensoriamento remoto. 

Desta forma, se eventualmente o GPS não funcionar, devido a alguma falha por interferências de fenômenos climáticos, temporais, ou pelo campo eletromagnético de aviação, reduzindo a potência do sinal, o trabalho não vai ser prejudicado. 

1º Olimpíada Brasileira de Satélites

Segundo informações do portal do evento, a 1ª Olimpíada Brasileira de Satélites MCTI, é uma olimpíada científica de abrangência nacional, concebida pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, e organizada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) em conjunto com a Agência Espacial Brasileira (AEB/MCTI), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI) e a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), da Universidade de São Paulo (USP). 

A Obsat possui 5 fases principais: 1) planejamento; 2) construção, programação e teste do satélite; 3) lançamento do satélite (etapas regionais); 4) lançamento do satélite (etapa nacional) e 5) apresentação de resultados. A progressão entre fases é classificatória e dependerá da avaliação dos projetos em cada etapa.

O professor Aldo explica que o nível de competitividade aumenta em cada etapa, tendo a possibilidade de um possível lançamento em foguete na fase 5. Para isso, o satélite será instrumentado, equipado e testado com a robustez que cada etapa requer. 

“Por exemplo, é possível que a fase 3 inclua um lançamento em balão, no qual o próprio kit recebido na fase 1, o qual é um protótipo para testes em solo (ele ainda não possui o instrumental para ser utilizado no espaço), poderá ser utilizado na íntegra”, observa. 

Créditos: Jornal UFG

Imagem de Capa: Ilustrativa | Créditos: Obsat