Primeiro estudante com síndrome de Down da Universidade de Jataí conclui graduação em geografia

Kallil Assis Tavares é um marco na universidade, significando muita inclusão e inspiração

Anna Júlia Steckelberg
Por Anna Júlia Steckelberg
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Um marco para a educação goiana, Kallil Assis Tavares, de 30 anos, é o primeiro estudante com síndrome de Down a se formar na Universidade Federal de Jataí (UFJ), no sudoeste goiano. Ele cursou geografia e significou muita inclusão e inspiração dentro da universidade.  

Kallil foi aprovado para o curso em 2012 e entrou pela categoria de ampla concorrência, no vestibular tradicional da instituição. Após ingressar, a universidade precisou se adaptar, entre as mudanças, a UFJ ofereceu uma professora de apoio para dar suporte ao estudante durante a graduação.

Em entrevista para a TV Anhanguera, o diretor da Unidade de estudos geográficos da UFJ, Willian Ferreira, narrou que a passagem de Kallil foi um marco. “Ele nos ensinou muita coisa que vai ficar gravado para essa instituição e para o ensino superior público do Brasil”, afirma.

A mãe do recém geógrafo, a pedagoga Eunice Tavares, contou que a conquista do filho é uma grande vitória para a família, que o apoiou com muita união. Ela reforça que o suporte seguia o tempo de Kallil, sem pressioná-lo.

A geógrafa Marlene Flauzina Oliveira, explica que além da ajuda durante as aulas, os professores precisavam adaptar o conteúdo e as avaliações. Contudo, ela alegou à TV Anhanguera que Kallil era um estudante muito esforçado.

“Ele é um aluno muito dedicado, apesar da dificuldade de concentração, ele prestava atenção. Quando tinha atividade para casa, não descansava enquanto não terminava. Ele entendia que era um ambiente de muita responsabilidade”, fala a professora.

Eunice confirma a dedicação do filho, menciona que ele não parou de estudar desde que entrou na universidade e agora percebe a mudança na rotina. “A gente está se adaptando à nova realidade, ele está sentindo falta dos estudos que eram constantes”, pontua.

A mãe de Kallil confessa que ainda não conversou com o filho sobre o futuro na carreira, mas que está considerando o ritmo dele, sem pressa.

Para Marlene, as adaptações na graduação do geógrafo serviram de base para a construção de uma educação inclusiva, mas conta que, no início, enfrentou desafios. “Foi um momento de aprendizado e crescimento profissional e pessoal, mas também de dificuldade, eu não tive formação para ser professora de apoio, eu fui com a cara e a coragem e fui descobrindo junto com o Kallil”, lembra.

A professora de apoio, que acompanhou o estudante por tanto tempo, acredita que Kallil mudou sua profissão e incentivou o avanço na educação inclusiva em Goiás.

“Além do crescimento, eu acho que nós temos que aprender muito e aplicar a educação inclusiva, que ela é necessária, as pessoas com deficiências físicas e intelectuais têm o direito de ir para uma faculdade e têm capacidade”, fala.

 

Imagem: Reproduzida da Internet | Créditos: G1