Conheça o ‘parasita controlador de mente’ que muda o comportamento de filhotes de hiena

O estudo foi desenvolvido no Quênia com filhotes de hienas-malhadas e seus predadores: os leões

Lígia Saba Fernandes
Por Lígia Saba Fernandes
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De acordo com dados coletados na Reserva Nacional Masai Mara, no Quênia, hienas-malhadas filhotes infectadas com o parasita Toxoplasma gondii, causador da toxoplasmose, têm maior probabilidade de se tornarem uma presa fácil para os felinos selvagens, principalmente o leão.

Isso porque, quando infectadas por esse parasita, os filhotes de hiena passam a ter seus comportamentos diante do perigo manipulados. Segundo Kay Holekamp, ecologista comportamental da Universidade Estadual do Michigan e coautora de um novo estudo sobre o assunto publicado na revista científica Nature Communications: “Fiquei surpresa ao ver a grande diferença na distância que os filhotes infectados mantinham dos leões em comparação aos não infectados” .

De acordo com o estudo, ao passo que os filhotes de hiena não infectados ficavam a uma média de 90 metros de distância dos leões, os filhotes que tinham anticorpos contra Toxoplasma no sangue se aventuravam a uma distância média de 40 metros dos predadores, uma proximidade perigosa. Essa diferença não foi mais observada após os filhotes completarem um ano de vida, talvez porque os sobreviventes tenham aprendido a não se aproximar muito dos felinos.

Durante a fase adulta as hienas-malhadas são os principais predadores da África, no entanto, quando ainda jovens, são uma das presas mais escolhidas pelos leões, por isso não costumam ser encontradas próximas a esta espécie. Porém, quando infectadas pelo toxoplasma o comportamento padrão desses animais muda e passa ser manipulado, fazendo com que se coloquem em situação de grande risco perante predadores maiores. 

O Toxoplasma é um parasita unicelular que infecta pelo menos um terço da população humana mundial, e na maioria das vezes não é fatal. É famoso por sua capacidade de manipular seus hospedeiros, como os camundongos, para que se comportem de forma imprudente na presença de felinos, como os gatos domésticos. Mas esta é a primeira vez que cientistas documentam tais efeitos em grandes mamíferos selvagens.

Segundo o National Geographic o parasita se reproduz no intestino dos felinos, enquanto que os roedores, aves e outras presas são infectadas por meio da ingestão de alimentos ou fezes contaminadas. A partir de então, passam a ser atraídos pelo odor da urina dos felinos, o que une a presa ao predador, aproximando a caça do caçador e a colocando em risco, como aconteceu entre as hienas e os leões na Reserva Nacional Masai Mara.

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