23 anos sem Leandro: relembre a trajetória do querido cantor goiano

Cantor sertanejo fez história ao lado do irmão Leonardo nos anos 90

Giovana Andrade De Almeida
Por Giovana Andrade De Almeida
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Entre os nomes da música sertaneja de sucesso que surgiram no estado de Goiás, a dupla Leandro e Leonardo tem um lugar especial no coração dos fãs mesmo depois de seu fim. De forma trágica, 23 anos atrás, o Brasil perdia Leandro, um artista que deixou saudade a todos que o conheciam e em especial ao irmão, com quem dividia os palcos e a vida. Na tarde desta quinta-feira (23), o cantor Leonardo prestou homenagem a Leandro, que faleceu em 1998, aos 36 anos, vítima de um câncer.

Batizado com o nome Luiz José Costa, Leandro nasceu em 1961, em Goianápolis, cidade de Goiás conhecida como capital brasileira do tomate, onde trabalhava na plantação da família. Como tantos outros goianos, Leandro cresceu na roça, ao lado de seus oito irmãos e dos pais Avelino Virgulino da Costa e Carmem Divina Eterno da Silva. 

Dois anos mais velho que Leonardo, batizado Emival Eterno Costa, Leandro e o irmão dividiram não só a carreira na música sertaneja, mas também o primeiro emprego, muito menos glamouroso. Os dois irmãos trabalhavam como vendedores de calçados e engraxates na época do Natal, no Mercado Central de Goiânia. 

Aos 15 anos, entre 1976 e 1978, Leandro iniciou sua carreira no meio musical como vocalista de uma banda chamada “Os Dominantes”, um conjunto de baile que fazia covers de músicas, passando pelo samba e pelo sertanejo, até os Beatles e Roberto Carlos, em shows no interior de Goiás. 

No início dos anos 80 Leandro deixou o grupo e começou a dar os primeiros passos para formar a dupla sertaneja com Leonardo. Juntos, os irmãos passaram a se apresentar em choperias, bares e bailões, em Goianápolis e outras cidades do interior de Goiás. Leandro e Leonardo participaram também de um show de talentos da televisão local, o qual ganharam. 

Com o dinheiro do prêmio do show de talentos, os irmãos viajaram para a cidade de São Paulo, onde gravaram um álbum com uma tiragem de 500 cópias, mas que não fez o sucesso esperado. O primeiro disco, no entanto, abriu portas para a dupla, que finalmente nasceu comercialmente, após chegar aos ouvidos da gravadora Continental. 

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Com o nome de Leandro & Leonardo, inspirado nos filhos gêmeos de um amigo dos dois irmãos goianos, os sertanejos começaram a batalhar no concorrido mercado da música. Com contrato na gravadora, lançaram em 1986 seu primeiro disco, “Leandro & Leonardo Volume 1”. O álbum não chegou a emplacar, mas vendeu a razoável quantia de 38 mil cópias.

A partir dali não demorou muito para que os irmãos se tornassem estrelas: em 1989, com a música “Entre Tapas e Beijos”, do terceiro álbum, também lançado pela gravadora Continental, a dupla vendeu um milhão e 300 mil cópias.

No ano seguinte, 1990, a gravadora Chantecler se encarregou do lançamento do primeiro álbum pós-fama de Leandro & Leonardo, o quarto da carreira da dupla. O nome foi simples e direto: “Leandro & Leonardo”. O disco tinha sucessos como “Pense em mim” e “Desculpe, mas eu vou chorar”, hits que até hoje tocam o coração das pessoas. Enquanto isso, a música “Entre tapas e beijos” na voz da dupla continuava fazendo história nas paradas de sucesso. Leandro e Leonardo, que nunca compuseram, sabiam escolher muito bem suas canções.

Graças ao sucesso da dupla, Leandro e Leonardo foram recebidos, no início dos anos 1990, na casa do então presidente Fernando Collor de Mello para um show particular. Além das apresentações na Casa da Dinda, a dupla fez ainda shows no Palácio do Planalto

Segundo levantamento da Veja, de junho de 1996, que indicava aqueles que mais faturavam no Brasil no meio artístico, a dupla formada por Leandro e Leonardo faturava R$315 mil mensais, e ocupava a oitava colocação na lista divulgada pela revista.

Em meio a shows e gravações de discos, Leandro participou ainda do show “Amigos”, o especial musical exibido na Globo de 1996 a 1998, apresentado pelas duplas Zezé Di Camargo & Luciano, Xitãozinho & Xororó, e Leandro & Leonardo.

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De 1989, ano do lançamento do primeiro álbum de grande sucesso de Leandro & Leonardo, até 1997, a dupla esteve a todo vapor, lançando um disco por ano e emplacando nas paradas de sucesso, um hit após o outro, e se consagrou como uma das maiores e de mais sucesso duplas sertanejas do país.

A trajetória, no entanto, chegou a um trágico fim no ano de 1998. Durante uma pescaria em uma de suas fazendas no estado do Tocantins, em abril de 1998, Leandro sentiu uma dor aguda nas costas. Alguns dias depois, após ser encontrado desmaiado enquanto tomava banho, o cantor foi levado ao hospital da cidade para tirar uma radiografia do tórax.

O diagnóstico foi divulgado no dia 27 de abril, durante uma entrevista coletiva. Na radiografia, uma mancha apareceu sobre o pulmão direito, e era o primeiro indício do diagnóstico de câncer, que seria confirmado cerca de duas semanas depois, no dia 8 de maio, quando foi revelado que seu tumor era maligno e havia se desenvolvido em seu tórax.

O cantor goiano sofria de um raro tipo de câncer de pulmão, conhecido por Tumor de Askin, localizado no seu pulmão direito. O tumor cresceu de forma extremamente rápida, comprometendo o coração e os pulmões, afetando brônquios, veias e também as artérias do coração. No dia 8 de junho, Leandro fez sua última aparição pública. Na varanda do apartamento, já sem os cabelos por causa da quimioterapia, o cantor acenou para os fãs enrolado em uma bandeira verde e amarela para torcer pela Seleção Brasileira na Copa do Mundo daquele ano.

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Uma semana depois, no dia 15 de junho, o cantor sofreu uma parada cardiorrespiratória e foi levado às pressas para a UTI do Hospital São Luiz, onde permaneceu sedado e respirando com a ajuda de aparelhos. Leandro morreu às 0h10 de 23 de junho de 1998, com falência múltipla dos órgãos, segundo médicos do Hospital São Luiz.

O corpo foi velado na Assembleia Legislativa de São Paulo, onde mais de 25 mil fãs compareceram para dar o último adeus ao cantor. Em Goiânia, onde foi sepultado, o corpo de Leandro foi acompanhado por um cortejo de 150 mil pessoas.

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A comoção pela morte do cantor foi tamanha que a cobertura de seu funeral foi priorizada pelas emissoras televisivas Globo, Bandeirantes, SBT, Manchete e Record em detrimento de uma partida da Copa do Mundo daquele ano, entre França e Dinamarca. A morte de Leandro também foi noticiada pelo principal jornal dos Estados Unidos, The New York Times.

Postumamente, em 1998, foi lançado o disco “Um Sonhador”, último trabalho gravado pela dupla antes do falecimento de Leandro. No show “Amigos” do mesmo ano, o cantor Leonardo e as duplas Chitãozinho & Xororó e Zezé Di Camargo & Luciano se alternavam e, mesmo triste com a perda, o irmão de Leandro seguiu cantando, com Chitãozinho a música “Um Sonhador”, e com Luciano a música “Deu Medo”, ambas do último álbum gravado com Leandro.

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Além das músicas que até hoje emocionam ouvintes de todo o Brasil, Leandro deixou como legado a Casa de Apoio São Luiz, em Aparecida de Goiânia, uma instituição filantrópica que tem como objetivo dar apoio e suporte aos portadores de câncer durante o processo de tratamento e recuperação. Era um sonho de Leandro, que tinha vontade de ajudar de alguma forma as pessoas vítimas da doença.

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Hoje, 23 anos depois de sua partida, a lembrança de Leandro continua forte, bem como a saudade deixada pelo cantor que fez história com a música sertaneja.

 

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