Descubra como a ferrovia goiana impulsionou a construção de Brasília

Conheça a linha ferroviária que contribuiu para a construção de Brasília

Amanda Mendonça De Oliveira
Por Amanda Mendonça De Oliveira
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A chegada dos trilhos no Brasil

A ferrovia brasileira teve origem em abril de 1854, com a inauguração do primeiro trecho de linha – a Estrada de Ferro Petrópolis, por Dom Pedro II, que ligava Porto Mauá a Fragoso do Rio de Janeiro, com 14 km de extensão. Já a chegada da via à Petrópolis, transpondo a Serra do Mar, ocorreu somente em 1886.

 

No Brasil, a implantação de estradas de ferro enfrentou diversas dificuldades e desafios. O governo adotou um sistema de concessões para atrair investidores, que se tornou característico da política de infraestrutura no período imperial. Entre o final do século XIX e início do século XX, recursos, principalmente de investidores britânicos, impulsionaram a construção de ferrovias. Além de atrair capital estrangeiro, a expansão ferroviária visava estimular a economia exportadora, conectando áreas de produção agrícola e mineração aos portos, superando obstáculos à navegação fluvial. 

 

Desde a sua chegada, esse meio de deslocamento de pessoas e cargas foi notável, após 30 anos de sua inauguração já haviam cerca de 29 mil quilômetros. No governo de Washington Luís, a prioridade se tornou a rodovia, seu lema de campanha era “governar é abrir estradas”, com isso, o ritmo de expansão da ferrovia foi diminuindo. Em 1960 o Brasil tinha cerca de 37 mil km de linhas por todo o país, já em 1970 esse número foi diminuindo chegando a cerca de 30 mil km. 

 

 

A chegada dos trilhos em Goiás

 

A chegada dos trilhos em Goiás demorou um pouco mais, mesmo surgindo planos para implantação de ferrovias tanto no norte como no sul do estado, foi apenas em 1912 que a ferrovia chegou ao Estado, e em 1950 à capital, Goiânia.

 

A Estrada de Ferro Goiás, embora muitas vezes não seja mencionada com destaque, desempenhou um papel fundamental na construção de Brasília. Foi estabelecida uma linha ramal que desempenhou um papel crucial no transporte de materiais para os canteiros de obras da nova capital federal. Além disso, a ferrovia já existente proporcionou estações que permitiram o transporte de cargas e passageiros até o Núcleo Bandeirantes e áreas circundantes da cidade, como a estação Rodoferroviária. Isso desempenhou um papel importante na logística da construção da cidade, garantindo o suprimento de materiais e a mobilidade de trabalhadores e recursos.

 

 

Estação Pires do Rio 

 

A Estação Pires do Rio foi inaugurada em 1922, e foi a 17ª estação inaugurada em território goiano. Inicialmente se chamava Rio Corumbá, nome que permaneceu por pouco tempo, rapidamente a estação recebeu um novo nome em homenagem a José Pires do Rio, ministro da viação que se empenhou na continuação das obras da ferrovia, superando inúmeras dificuldades do período pós Primeira Guerra Mundial. O surgimento da estação ferroviária deu origem à atual cidade de Pires do Rio, inicialmente era apenas uma localidade de Santa Cruz de Goiás, e em 1930 a cidade recebeu sua emancipação. 

 

Na década de 1960, a importância da Estrada de Ferro Goiás para Brasília se tornou ainda mais evidente. A instalação de um novo ramal ferroviário a partir de Pires do Rio foi iniciada para atender às crescentes demandas da construção da nova capital. O Exército Brasileiro, por meio do Batalhão Mauá, que veio do sul do país, assumiu a responsabilidade pelos trabalhos de construção desse trecho crucial. Além disso, para abrigar soldados e engenheiros envolvidos no projeto, foram construídas edificações que se tornaram representativas do contexto da época. Essas estruturas não apenas desempenharam um papel prático, mas também se tornaram manifestações arquitetônicas significativas deste momento crucial na história da construção de Brasília. Portanto, a Estrada de Ferro Goiás desempenhou um papel integral na logística e na história arquitetônica associada à construção de Brasília.

 

Nos anos 1980, a estação ferroviária foi desativada e enfrentou ameaças de demolição. No entanto, devido a manifestações populares, a estação foi preservada e transformada em um museu que abriga diversos objetos relacionados à Estrada de Ferro Goiás, incluindo a locomotiva a vapor nº 246 e a locomotiva nº 2 do 2º Batalhão Ferroviário, conhecida como “a Mafra”.

 

 

Ultimamente, o transporte ferroviário tem ressurgido como uma tendência no Brasil, e, como ocorria no passado, seu papel principal continua sendo o transporte de mercadorias destinadas à exportação. No entanto, percebe-se que a ferrovia representa uma alternativa viável para diversas questões relacionadas à mobilidade e à eficiência, não apenas dentro das cidades, por meio do transporte metroviário, mas também em áreas intermunicipais e interestaduais.

 

A construção de novas linhas ferroviárias e a reabilitação de trechos anteriormente desativados estão fortalecendo essa perspectiva, apontando para um futuro em que a ferrovia desempenhará um papel ainda mais relevante no cenário brasileiro. No entanto, é importante ressaltar que, embora haja avanços nessa direção, ainda estamos longe de vivenciar no dia a dia de cidades como Goiânia os sons e as imagens associados ao transporte ferroviário, como é comum em outras partes do país e do mundo.

 

Fontes: 

ipatrimônio – Patrimônio Cultural Brasileiro (beta)

efgoyaz – Estações Ferroviárias 

Agência Cora Coralina de Notícias 

Fotos: Reprodução – Google 

 

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