Conheça a história do presidente Sírio assassinado em Goiás

Assassinato do Presidente da Síria em solo brasileiro: Desvendando os mistérios em Goiás

Amanda Mendonça De Oliveira
Por Amanda Mendonça De Oliveira
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Goiás, um cenário aparentemente pacífico e distante dos conflitos que envolvem o Oriente Médio, tornou-se palco de um crime internacional. A notícia de que o ex-presidente da Síria foi assassinado em solo brasileiro no dia 27 de setembro de 1964 chocou o mundo. O assassinado aconteceu em Ceres (Goiás), localizado a 155,87 km de Goiânia, por Nawaf Gazhaleh, motivado por vingança.

Quem foi Adib Shishakli? Adib Bin Hassan Al-Shishakli, nascido em Hama em 1909, foi um líder militar e aos 40 anos se tornou o quarto presidente da Síria, nos anos de 1953 e 1954. Ele chegou ao poder por meio de um golpe militar em um momento em que o país enfrentava uma grande instabilidade política, e se manteve no cargo após eleições gerais. Assim como chegou ao poder, foi tirado dele, deposto por um golpe militar em 1954. Desde então passou a fugir temendo pela própria vida após sofrer ameaças. A Síria era marcada por uma constante, instável e violenta disputa de poder, que levou à morte dos antecessores de Shishakli, que temia ter o mesmo fim.

Durante a época de seu mandato, Shishakli serviu no exército francês, conhecido como Exército de Terra. Ele estudou na Academia Militar de Damasco (posteriormente transferida para Homs) e se tornou um dos primeiros membros do Partido Social Nacionalista Sírio (PSNS), promovendo o conceito de uma Grande Síria. Após a independência, Shishakli lutou em um exército voluntário árabe, conhecido como o Exército de Liberação Árabe, contra as milícias sionistas na guerra árabe-israelense de 1948.

Quando deposto, Shishakli sofreu ameaças de morte por líderes drusos – um grupo etno-religioso extremista, que se formou a partir de uma discordância política do islã xiita. Após as ameaças, Shishakli fugiu para o Líbano e posteriormente para o Brasil. Nessa época, havia aproximadamente 30 mil drusos no Brasil, e um deles era justamente Nawaf Gazhaleh, que buscava vingança por seus pais que morreram durante os bombardeios na região de Jabal al-Arab, também conhecida como Jabal al-Druze, o bombardeio aconteceu a mando de Shishakli, durante seu curto período de mandato. Gazhaleh então, descobriu o paradeiro de Shishakli em Ceres e viu enfim uma oportunidade para vingar seus pais. Foi então que em 1964 Shishakli foi assassinado em Ceres (Goiás) enquanto atravessava uma ponte entre as cidades de Ceres e Rialma. Os dois trocaram algumas palavras antes de Gazhaleh atirar nele cinco vezes com uma pistola.

O que aconteceu com Gazhaleh? Após o assassinato, Gazhaleh passou por Anápolis e Minas Gerais, até seguir para Teófilo Otoni, onde se reuniu com outros membros da comunidade drusa, que comemoraram ao saber da morte de Shishakli, eles então prometeram apoio a Gazhaleh e juntaram recursos para sua defesa judicial, que contou com o deputado federal Pedro Aleixo, que posteriormente se tornou vice-presidente do Brasil, e contou também com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Hungria.

A justiça determinou que Gazhaleh fosse absolvido, já que suas ações foram movidas pela emoção, além de as atitudes de Shishakli justificarem seu desejo de vingança, sendo assim, ninguém foi condenado pelo assassinado de Shishakli. Em julho de 2019 foi decidido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJGO) que o processo sobre o assassinato de Shishakli seria exposto no Centro de Cultura e Memória do órgão. Esse incidente, ocorrido em solo brasileiro, serve como um lembrete da interconexão dos eventos globais e da necessidade de cooperação internacional para enfrentar os desafios que afetam a segurança e a paz no mundo.

Fontes: Wikipédia, Correio Braziliense, O Hoje e Uol.

Fotos: Reprodução – Google

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