Crítica: Atypical, série da Netflix, chega ao fim com temporada sobre crescimento e novos ciclos

A partir de uma abordagem sobre o autismo, a produção retrata com sensibilidade a complexidade da vida

Giovana Andrade De Almeida
Por Giovana Andrade De Almeida
1848f88ce43680fbbb398c237950178c

A quarta e última temporada de “Atypical”, produção original da Netflix, estreou no dia 9 de julho e encerrou a trajetória da série, que tem como temática principal o autismo. “Atypical” conta a história de Sam Gardner (Keir Gilchrist), um jovem que foi diagnosticado como dentro do espectro autista no início da infância. Na série, acompanhamos a vida de Sam, seus desafios, suas conquistas, seu crescimento e suas relações com as pessoas ao seu redor. Com uma narrativa sensível, um roteiro simples porém bem desenvolvido e personagens complexos, a série conquistou os espectadores e vai deixar saudade.

 

Na quarta temporada, o desafio de Sam é o maior até agora: ele deseja viajar para a Antártida, o habitat gelado e inóspito dos pinguins, animais que o personagem tanto ama. Nos dez episódios de 30 minutos cada, acompanhamos seu empenho para realizar esse sonho, bem como os conflitos em que ele se envolve durante o percurso. Esse esforço de Sam por algo tão grandioso demonstra o quão longe ele chegou, pois contrasta com os momentos em que, nas temporadas anteriores, questões triviais se tornavam um desafio quase intransponível para ele.

 

Além do protagonismo de Sam, os personagens que o acompanham durante sua trajetória também ganham desenvolvimento e profundidade, o que enriquece muito a história. Nesta temporada, se destaca especialmente a irmã caçula de Sam, Casey Gardner (Bridgette Lundy-Paine), desde o desenvolvimento da sua sexualidade e sua relação com a namorada Izzie (Fivel Stewart), até o desejo e as dúvidas sobre seguir na carreira de corredora. 

 

Um dos pontos altos da série é a relação entre Casey e Sam, repleta de implicâncias típicas de irmãos, mas também de preocupação e cuidado. Diferente da mãe, Elsa (Jannifer Jason), que é superprotetora, Casey não passa a mão na cabeça de Sam, mas sim o trata como um igual, além de acreditar muito no seu potencial. Uma dinâmica semelhante a essa se dá entre Sam e seu melhor amigo, Zahid (Nik Dodani), que começam a morar juntos no início da temporada e enfrentam alguns percalços. Além disso, Zahid também ganha destaque com uma história própria, que acarreta no crescimento do personagem.

 

77c1a0eaa58fc77040f9e9335aab7505.jpgFoto: Casey, Zahid e Sam. Reprodução/Netflix

 

A verdade é que todos os personagens de “Atypical”, até mesmo os mais irritantes, são muito bem desenvolvidos e, para que isso fosse possível, tiveram suas histórias exploradas. O único problema é que, como os episódios e a temporada são curtos, muitas vezes fica o desejo de conhecer mais a fundo os conflitos apresentados. A sensação que fica é de que nem mesmo os criadores imaginaram que os personagens ganhariam tamanhas proporções. Esse ponto, no entanto, não tira o mérito da temporada ou da série, que se mantém cativante e envolvente em toda sua extensão.

 

Outro destaque fica para as atuações do elenco, que se mostra extremamente entrosado entre si e com os personagens que interpretam. Além disso, chama a atenção o fato de que, assim como nas temporadas anteriores, essa também traz pessoas dentro do espectro para interagir com Sam, embora o ator que interpreta o protagonista não tenha autismo, trazendo mais representatividade e visibilidade para a condição. 

 

A última temporada, embora seja a final, não tem um fechamento definitivo, e deixa no espectador o desejo de continuar acompanhando o crescimento de Sam, bem como dos demais personagens. A sensação deixada pelo desfecho da temporada e da série é de que novos ciclos se iniciaram e outros se iniciarão no futuro, e essa foi apenas uma das diversas vezes em que Atypical se mostrou excelente em retratar com simplicidade a realidade da vida em toda sua complexidade. 

 

Leiam também:

Crítica: Novo filme com Manu Gavassi é raso e decepcionante

Cruella, estrelado por Emma Stone, já está disponível no Disney+. Veja as outras estreias dos streamings

Marvel concorre ao Emmy pela primeira vez; confira a lista de indicados ao prêmio

12 séries originais para assistir na plataforma de streaming HBO Max

10 séries com episódios curtinhos para animar a sua semana