Crise da SouthRock ameaça chegada do Starbucks em Goiânia e Aparecida

Abertura de Starbucks em Goiás incerta com crise financeira da SouthRock e rejeição do pedido de recuperação judicial

Fernanda Cappellesso
Por Fernanda Cappellesso
c78f69bfdc9fc0aa8af0088e7e154db0

As expectativas em torno da inauguração das lojas do Starbucks em Goiânia e Aparecida de Goiânia foram sacudidas por recentes turbulências financeiras. A SouthRock Capital, operadora da marca no Brasil, enfrenta dificuldades econômicas que ameaçam a concretização de duas novas unidades da rede de cafeterias, prometidas para os shoppings Buriti e Flamboyant.

A situação ganhou gravidade com o pedido de recuperação judicial feito pela SouthRock Capital no final de outubro de 2023, em meio a um passivo declarado de R$ 1,8 bilhão. A medida, que busca um respiro financeiro para reestruturação de dívidas, reflete os desafios impostos por um período de inflação ascendente, taxas de juros em alta e o prolongado impacto da pandemia sobre a economia.

A companhia, que administra também a cadeia Subway no país, teve um revés quando a Justiça de São Paulo recusou o pedido de recuperação judicial, exigindo uma avaliação detalhada das finanças da empresa. Esta decisão pôs em xeque o cronograma de abertura das lojas no estado de Goiás, onde a unidade do Flamboyant Shopping estava em avançado estágio de implantação e prevista para inaugurar ainda em 2023.

Em nota, a SouthRock Capital ressaltou que a suspensão dos contratos de licenciamento e operação das lojas Starbucks, iniciada pela matriz da rede, foi um golpe que precipitou a crise. Esta medida reforça a incerteza quanto à abertura das lojas em Goiás, deixando consumidores e mercado em estado de expectativa.

Frente a essa conjuntura, os planos para a chegada do Starbucks em território goiano estão, agora, envoltos em dúvidas. Enquanto a SouthRock Capital luta na esfera judicial para reverter sua situação, a possibilidade de Goiânia e Aparecida abrigarem as famosas cafeterias globais pende por um fio, refletindo os impactos da instabilidade econômica nas operações de varejo internacional no Brasil.

Para saber mais a fundo sobre as questões entramos em contato com a assessoria de imprensa do Shopping Flamboyant, em Goiânia, que informou que  ” o anúncio da situação da SouthRock Capital surpreendeu o mercado e o Shopping Flamboyant  lamenta o cenário. A área reservada à marca continuará mantida até a empresa se posicionar”. 

A equipe também entrou em contato com o Buriti Shopping. Estamos aguardando o posicionamento que deve chegar a qualquer momento.

O que dizem os especialistas: 

 

Jessica Farias, advogada e administradora judicial,, analisa os desafios da SouthRock Capital no cenário atual. Foto: Divulgação

Nas palavras ponderadas de Jessica Farias, advogada e administradora judicial, a complexidade desse mecanismo legal é tanto um refúgio quanto um desafio para as empresas em crise financeira. “A recuperação judicial não é apenas uma salvaguarda legal; é uma estratégia de sobrevivência para empresas que enfrentam adversidades financeiras mas ainda carregam o potencial para reerguer-se,” declara Farias. Ela detalha que, para a SouthRock, este recurso jurídico representa uma oportunidade de reoxigenar suas finanças e proporciona um intervalo crítico para reavaliar rotas e recalibrar estratégias frente aos seus credores.

Farias enfatiza, no entanto, que o cenário para a SouthRock é singularmente complicado pela perda da licença da Starbucks, um evento que ela descreve como um “ponto de inflexão”. “A revogação do direito de operar a marca Starbucks não é um contratempo comum — é uma disrupção significativa. Este é um ativo que não apenas gera receita, mas também carrega um capital de marca imensurável, cuja ausência pode desvalorizar a percepção de estabilidade da empresa e minar a confiança dos stakeholders,” analisa a especialista. 

Segundo Farias, a rescisão dos acordos de licenciamento impõe uma redefinição abrupta no modelo de negócio da SouthRock. “Este não é apenas um ativo tangível que se perde, mas também uma fonte de capital simbólico e de posicionamento no mercado. A ausência deste ativo no balanço da SouthRock impõe um questionamento crítico sobre a capacidade de recuperação da empresa, pois afeta diretamente a projeção de suas receitas futuras e, por extensão, a viabilidade do plano de reestruturação,” esclarece Farias.

A advogada conclui, destacando a importância de uma gestão estratégica nesse momento de transição: “Agora, mais do que nunca, é imperativo que a SouthRock demonstre não apenas a sua capacidade de adaptação e inovação, mas também a habilidade de negociar com flexibilidade e inteligência estratégica, elementos que serão decisivos para o sucesso ou fracasso de sua jornada através do processo de recuperação judicial.”

 

Leia também: 

SouthRock Capital busca recuperação judicial após perder licença da Starbucks no Brasil. Dívidas somam R$ 1,8 bi – Curta Mais

Goiás conquista quatro das cinco vagas do Brasil no ‘Oscar’ do balé mundial – Curta Mais