Conheça a história do banco orgulho dos goianos que acabou em grande escândalo

Empresa foi liquidada pelo Banco Central do Brasil nos anos 90

Ana Karoline
Por Ana Karoline
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Considerado um banco orgulho dos goianos, a Caixego ou Caixa Econômica do Estado de Goiás, foi uma instituição financeira estadual que desempenhou um papel importante no desenvolvimento econômico da região. Criada pela Lei estadual nº 4.206, de 6 de novembro de 1961, foi instalada em 1964 pelo governo de Goiás, na gestão de Otávio Lage de Siqueira. Até o início de 1966 funcionava apenas com a Carteira de Consignações, para empréstimos a funcionários públicos estaduais, com descontos em folha de pagamento, e os serviços de captação de depósito e seção de penhores.

Em 1990, a Caixego (Caixa Econômica do Estado de Goiás) foi liquidada extrajudicialmente por decreto do Banco Central do Brasil, durante o governo Collor (90-92). Considerando-se prejudicados, 124 funcionários foram  à Justiça cobrar direitos trabalhistas. Em 1998, ganharam o direito de receber R$ 14 milhões, mas concordaram em dividir os R$ 5 milhões.

Apesar do acordo, foram sacados R$ 10 milhões dos cofres da Caixego cinco dias antes do segundo turno das eleições para o governo de Goiás. O desvio veio a público, e o advogado Valdemar Zaidem acabou sendo acusado de ter ficado com o dinheiro.

O Ministério Público apontou na época que a verba foi gasta na campanha do senador Iris Rezende ao governo goiano. Derrotado por Marconi Perillo (PSDB), Iris negou as acusações. Entre janeiro e março de 2000, a Justiça decretou a prisão de Edivaldo Andrade, ex-liquidante da Caixego, e Otoniel Machado, irmão e suplente de Iris. 

Em março de 2000, R$ 5 milhões foram depositados em segredo na conta da Caixego. Em setembro de 2001, apuração do Banco Central apontou a empresa Alstom Brasil Ltda. como dona do dinheiro. O relatório do BC desmentiu as acusações a Zaidem, sendo que a verba era parte de um empréstimo do BNDES a Alstom.

 

Reviravolta em Goiás 

Em setembro de 1987 Henrique Santillo estava no seu primeiro ano como governador de Goiás, quando Goiânia sofreu a tragédia do acidente radioativo do césio-137. Em meio ao grande risco, a população goiana, de modo geral, e não apenas da capital, passou a sofrer discriminação em todo o país, lidando com a insensibilidade da área federal. A grande exceção foi o então governador de Alagoas, Fernando Collor, que veio de sua terra até Goiânia para manifestar solidariedade. Dois anos depois houve eleição presidencial, com a disputa acirrada no segundo turno entre Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante aquela época, Santillo, embora os petistas não gostassem dele, apoiou Lula na corrida presidencial e fez questão de proclamar isso, deixando Collor bastante indignado. No entanto, eleito Presidente da República, Collor se vingou, tirando qualquer apoio federal a Goiás e tomando medidas prejudiciais, como a desativação da Caixa Econômica Estadual (Caixego).

 

Funcionários reintegrados pelo Estado

No ano de 2016, durante o mandato de Marconi Perillo, o Governo do Estado concluiu a reintegração dos servidores da extinta Caixego. Ao todo, 1.720 servidores da Caixego foram anistiados a partir da sanção da Lei 17.916, de 27 de dezembro de 2012, de autoria do governo estadual. De 2012 para cá, os anistiados foram reintegrados ao governo por etapas. 

Na época, Perillo afirmou que estava muito contente por conseguir reparar esta injustiça cometida contra os goianos. “Não foi um caminho fácil. Nós todos sabemos disso. Muitas famílias foram desestruturadas quando a Caixego foi liquidada. Mas é preciso acreditar nos sonhos, nos projetos, e lutar para que eles se materializem. E hoje concluímos esse sonho”, disse em discurso na Tattersal de Elite do Parque de Exposições Agropecuárias de Goiânia.

 

Créditos da imagem de capa: Jornal Hora Extra 

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