Confira o projeto arquitetônico da prefeitura de Goiânia feito em 1940 e que nunca saiu do papel

Projeto ficou nas mão do primeiro prefeito da capital mas nunca chegou a ser construído

Fernanda Cappellesso
Por Fernanda Cappellesso
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Goiânia é a segunda capital do Estado de Goiás. A primeira foi a histórica cidade de Goiás.  A transferência da capital de Goiás para outra cidade era um assunto discutido desde a Proclamação da República,  em 1889, mas que veio a se concretizar apenas em em 24 de outubro de 1933.

 

A demora neste processo aconteceu por diversas questões que são históricas. Entre elas, podemos elencar a  Constituição de 1891, que  manteve a capital na antiga região aurífera pela sua importância econômica para o estado de Goiás e para o Brasil 

 

Com o fim do período do ouro, a velha Goiás, antiga Vila Boa, começou a perder a hegemonia econômica e cidades envolvidas com a criação de gado e agricultura, localizadas mais ao Sul do Estado, passaram a ter mais importância do que a antiga capital.

 

Em 1930, com a chamada Revolução de 30, que foi um movimento armado, liderado  por Getúlio Vargas com o apoio dos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul,  que impediu a posse de Júlio Prestes, que foi democraticamente eleito e colocou Getúlio Vargas no poder, as coisas mudaram em Goiás. 

 

Isso porque Vargas nomeou interventores para todos os governos estaduais. Em Goiás, foi nomeado o médico Pedro Ludovico Teixeira, que havia lutado na revolução de 1930. Pedro Ludovico se opôs à oligarquia política da época e decidiu que era hora de mudar a capital de Goiás. 

 

Pedro Ludovico acreditava que  era preciso impulsionar a ocupação de Goiás, direcionando os excedentes populacionais para espaços demográficos vazios na tentativa de aumentar a produção econômica. Na visão do interventor goiano, a mudança da capital era uma das alternativas que permitiria a ligação do Centro-Oeste ao sul do País.

 

Assim, em 1932, Pedro Ludovico instituiu uma comissão, presidida por D. Emanuel Gomes de Oliveira, que deveria discutir e escolher o melhor local para a construção da nova capital. A resistência da forte oposição a Pedro Ludovico considerava dispendiosa e desnecessária a mudança da Capital.

 

Mas Pedro Ludovico  e toda a cúpula dos revolucionários de 1930, consideravam a construção de uma nova cidade necessária.  Em janeiro de 1933, a comissão instituída por Pedro Ludovico  fez estudos das condições topográficas, hidrológicas e climáticas das localidades de Bonfim, atual Silvânia, Pires do Rio de Ubatan, atual vila de Erigeneu Teixeira, em Orizona,  e Campinas, que é atual bairro de Campinas

 

O relatório final apresentado a Pedro Ludovico indicou uma fazenda localizada nas proximidades do povoado de Campinas como o local ideal para construção da nova capital. O decreto estadual nº 3359, de 18 de maio de 1933, determinou a escolha da região às margens do córrego Botafogo, compreendida pelas fazendas Crimeia, Vaca Brava e Botafogo, no então município de Campinas, para a edificação da nova capital de Goiás. 

 

Em 24 de outubro de 1933, em local definido pelo engenheiro, arquiteto, urbanista e paisagista Attilio Corrêa Lima, responsável pelo projeto urbanístico da nova capital, Pedro Ludovico lançou a pedra fundamental de Goiânia. A data foi escolhida para homenagear os três anos da revolução de 1930.

De acordo com relatos históricos, o nome sugerido para a nova capital de Goiás teria sido “Petrônia”, em homenagem ao seu fundador Pedro Ludovico. O jornal O Social havia realizado um concurso cultural com seus leitores para o batismo da nova cidade. 

Dois nomes concorreram: Petrônia e Goiânia. O primeiro foi escolhido por 68 leitores do jornal, enquanto Goiânia obteve menos de 10 votos. Pedro Ludovico, no entanto, por razões que ele nunca revelou a ninguém, preferiu Goiânia e em decreto de 2 de agosto de 1935 formalizou o nome da nova capital.

Como a nova cidade foi construída do zero, tudo precisava ser levantado, inclusive uma sede para a Prefeitura, que inicialmente ficava na Praça Cívica, sede do Centro Administrativo, de onde se irradiam as três principais avenidas, que são Goiás, Araguaia e Tocantins.

Por algum motivo, ainda alheio a história, em 1940, o prefeito Venerando de Freitas Borges, que foi o primeiro prefeito da nova capital, encomendou um projeto arquitetônico de uma nova sede para a prefeitura municipal da cidade, que ainda crescia bastante. 

O projeto, que pode ser conferido na imagem abaixo, estava na mesa do prefeito mas nunca saiu do papel. A informação é do site Goiás tem História. Confira a foto:

 

Av. Anhanguera. Década de 1960 (Alois Feichtenberger – Goiânia – GO. Acervo MIS|GO)

Construída inicialmente para 50 mil habitantes, Goiânia experimentou um crescimento moderado até 1955. Entretanto, devido a uma série de fatores, como a chegada da estrada de ferro, em 1951, a retomada da política de interiorização de Getúlio Vargas, de 1951 a 1954, a inauguração da Usina do Rochedo, em 1955, e construção de Brasília, de 1954 a 1960, cerca de 150 mil pessoas já habitavam a nova capital em 1965. Apenas na década de 1960, Goiânia ganhou cerca de 125 novos bairros e tudo isso exigia mais infraestrutura, energia, transporte e escolas.