Conheça a curiosa história do nome de Goiânia que por pouco não foi batizada de Petrônia

Até concurso foi realizado para escolher o nome da então nova capital de Goiás

Redação Curta Mais
Por Redação Curta Mais
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Goiânia – palavra que já adquiriu significado e espaço nos dicionários e livros, e que representa hoje uma das capitais do Brasil em constante crescimento, recebendo imigrantes de todas as partes do país e do mundo. Ouvimos seu nome todos os dias, e várias vezes durante um mesmo dia, mas poucos de nós já se perguntaram qual a origem e o significado do nome da nossa querida cidade.

Antes de ser “Goiânia”, a cidade era chamada de “futura capital” ou “nova capital”, em referência à transferência da capital do estado da Cidade de Goiás para a “nova Cidade”. Goiânia nasceu em 1933, mas só recebeu o nome em 1935 – ou seja, a cidade passou dois anos sem um nome oficial.

Afinal, o que significa a palavra “Goiânia”?

A origem mais provável do nome Goyanna é que venha da palavra em Tupi-Guarani “Guyanna”, que significa “terra de muitas águas”. Outros estudiosos dizem que a tradução do tupi pode significar também “gente estimada”.

Segundo o artigo “GOYANIA = GOIÂNIA, de poema a topônimo”, dos pesquisadores Antón Corbacho Quintela e Luciana Andrade Cavalcante de Castro, “Goiânia” é também a adaptação da escrita e do som do título do livro “Goyania”, publicado em 1896 na cidade do Porto, em Portugal. De autoria do baiano Manuel Lopes de Carvalho Ramos, o livro foi o primeiro publicada com temática voltada para o estado de Goiás, e exalta a natureza, o povo e a cultura goianos.

Da primeira tiragem do livro, sabe-se apenas de três exemplares: um deles está no catálogo de obras raras da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro; outro faz parte do acervo do Instituto Cultural José Mendonça Teles, em Goiânia, e um terceiro está supostamente enterrado em algum ponto da Praça Cívica junto com outros objetos introduzidos em 24 de outubro de 1933 na pedra fundamental da construção da capital.

Praça

Praça Cívica, data desconhecida.

Fonte: IBGE.

Do livro para a cidade

Como “Goiânia” foi de título de livro para nome da nova capital ainda é um mistério. No período de criação da nova cidade, outubro de 1933, o jornal O Social da Cidade de Goiás, lançou o concurso “Como se deve chamar a Nova Capital?”, recebendo sugestões e votos de nomes para batizar a cidade, e o vencedor teria direito a uma assinatura do jornal por dois anos.

A primeira sugestão de nome veio de Léo Lynce, intelectual goiano de Pires do Rio. Para ele, a nova capital deveria se chamar “Petrônia”, em homenagem a Pedro Ludovico, fundador da cidade; aos imperadores do Brasil Dom Pedro I e Dom Pedro II; e a Pedro, discípulo de Jesus e fundador da Igreja Católica. Em sua justificativa, ele completa: “Mas, suponhamos que seja ateu ou inimigo pessoal de todos os Pedros. Ainda assim não lhe soaria mal o nome: PETRÔNIA. (…) PETRÔNIA – nome lindo, suave, fácil!”

No mesmo número, Caramuru Silva do Brasil, professor do Colégio Lyceu da Cidade de Goiás, deixou também sua sugestão: Goiânia. Para ele, a palavra possuía significação, sonoridade, grafia e sentido histórico suficientes para representar bem a nova capital, e completa: “GOIÂNIA – Nova Goiás, prolongamento da histórica Vila Boa, monumento grandioso que simbolizará a glória da origem de todos os goianos.”

O nome vencedor do concurso, anunciado em 26 de outubro de 1933, foi – pasmem! -“Petrônia”. E o nome “Goiânia” recebeu apenas dois votos: um do próprio Caramuru, que sugeriu o nome, e outro de uma professora chamada Zanira Campos Rios.

No entanto, ao escolher o nome para a capital, Pedro Ludovico, então governador do Estado de Goiás, ignorou os nomes mais votados, inclusive o que lhe fazia homenagem, e no Decreto de 1935, em que se criava o município, ele batizou a cidade de “Goiânia”, abrindo mão de qualquer vaidade pessoal.

Também por isso Goiânia faz aniversário no dia 24 de outubro. Assessores do político queriam o dia 23 para coincidir com a data de aniversário de Pedro Ludovico, mas ele também recusou, para não pessoalizar a ocasião. Ele também proibiu batizar qualquer bairro da cidade com seu nome, tanto que o Setor Pedro Ludovico foi criado depois de sua morte. Atitudes que revelam a nobreza e espirito público do primeiro administrador da nossa cidade.

Pedro

Pedro Ludovico assina o decreto que marca a transferência da capital da Cidade de Goiás para Goiânia.