Alunos de escola pública de São Paulo reproduzem obras de grandes pintores nas portas do colégio

Obras de Van Gogh, Munch, Tarsila do amaral, Basquiat e muito mais fora reproduzidas por alunos e o resultado ficou incrível

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Por developer

Estudantes da Emef Rui Bloem, instituição da Prefeitura de São Paulo, localizada na comunidade Jardim Santo Elias, em Pirituba, estão reproduzindo obras de grandes pintores nas portas do colégio. A iniciativa faz parte de um projeto de Artes mantido no contra turno, sob a orientação da professora Priscila Maria Trentin, e tem transformado os corredores numa verdadeira galeria, que apresenta desde os expressionistas Van Gogh e Munch, passando por artistas africanos e brasileiros, como Chica Salles e Tarsila do Amaral, respectivamente, além de grafismos indígenas e os contemporâneos Vik Muniz e Basquiat. Entre os artistas retratados, figura também o irlandês Christy Brown, que nasceu com uma severa paralisia cerebral e pintava com os pés.

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Localizada na Zona Oeste da capital, a escola atende, em sua maior parte, um público entranhado numa comunidade carente que, por meio de projetos como este, podem ressignificar suas vidas. “Antes de partir para a reprodução das telas, apresentamos aos alunos a biografia de cada pintor, suas vicissitudes, dores e amores e, dessa forma, eles entendem ao contemplar as obras os sentimentos que foram retratados e, assim, por meio da empatia, fazem a leitura através de suas próprias vivências”, explica Priscila.

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A ideia de transformar o espaço físico da escola numa galeria surgiu a partir da visitação dos alunos à exposição da Tarsila do Amaral, no Masp. Os estudantes do projeto de pintura levaram suas produções à mostra e foram muito elogiados, inclusive por professores de outras escolas, muitas delas particulares, que têm vontade de ter um projeto semelhante, mas por razões diversas ainda não implantaram.
Foi quando uma das professoras da Emef Rui Bloem, que acompanhava os alunos no passeio ao Masp, Roberta Brancaglion, conseguiu uma doação de tintas profissionais com a Print 9 e, firmada essa parceria entre a empresa e a instituição de ensino, iniciaram-se os trabalhos de pesquisa e reprodução das telas. De acordo com o diretor da Emef Rui Bloem, Rodolfo Pauzer, a escola se caracteriza por projetos que colaboram para a constituição do pensamento crítico. “Focamos na formação cidadã num ambiente em que estudantes professores, funcionários, gestão e comunidade interajam de forma horizontal com a finalidade da construção do conhecimento por meio do compartilhamento das vivências e apoio mútuo”, destaca o diretor.

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O projeto tem fomentado a interdisciplinaridade na escola, já que as portas pintadas são acompanhadas por uma ficha com nome, ano, técnica aplicada e dimensões, além de informar a localização atual das obras originais, tudo pesquisado pelos próprios alunos, por meio das aulas de informática, com a mediação do professor de História Allan Moura. “Em diálogo com as novas tecnologias, foi implementado junto à legenda um QR Code com mais informações sobre o autor e a obra. A partir desses dados fornecidos, os professores podem trabalhar disciplinas para além das artes, como história, geografia, matemática e língua portuguesa”, explica Moura.

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Os estudantes se reúnem com a professora de Artes as segundas, terças e quintas das 12h00 às 18h30. “Tem sido muito bom estar na escola à tarde inteira em vez de ficar em casa sem fazer nada. Nem me lembro que celular existe”, diz Anne Heloisa, 12 anos. E já tem gente pensando no que fazer depois que a galeria estiver pronta. “Estou gostando tanto desse momento, ver os resultados do nosso trabalho, que não penso nos problemas e me divirto conversando com meus colegas, não queria que acabasse”, diz Bárbara Thaine, 15 anos.

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