UFG cria metodologia que agiliza identificação de plantas ameaçadas de extinção

Métodos permitem a avaliação de espécies ameaçadas e auxiliam na proteção da flora brasileira

Déborah Marques
Por Déborah Marques
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A Universidade Federal de Goiás (UFG), desenvolveu ferramentas e metodologia para agilizar o processo de avaliação de risco de extinção de espécies. Os métodos, desenvolvidos pelo pesquisador Bruno Ribeiro, do Programa de Pós-Graduação (PPG) em Ecologia e Evolução do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), visam agilizar a análise de classificação de risco das espécies e contribuem para a promoção de programas eficazes de conservação e proteção. O estudo está entre as 49 teses selecionadas em todo o Brasil que concorrem ao Prêmio Capes de Tese de 2022.

O pesquisador entende que conhecer melhor os riscos, colabora para a elaboração de estratégias para se reverter o quadro. “O princípio para se proteger uma espécie é que ela esteja ameaçada, então, esse é o passo inicial, identificar se a espécie é ameaçada e depois desenvolver programas, ações e estratégias para manejar, para proteger, com o intuito de tirar essa espécie da lista de ameaçadas”, afirma Bruno Ribeiro.

Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), apenas cerca de 5% das espécies que existem no planeta foram avaliadas até hoje. Em relação às plantas brasileiras, as protagonistas da pesquisa de Bruno, das 4617 avaliadas, 2113 já estão na lista vermelha, sendo a lista que categoriza as espécies como criticamente em perigo, em perigo ou vulnerável.

O pesquisador destaca que, depois que uma espécie entra para a lista vermelha, é essencial que políticas de conservação sejam desenvolvidas para que não caia no “precipício da extinção”. “Se uma espécie está ameaçada, ela dificilmente vai se recuperar sozinha. Se ela está ameaçada e fora de uma unidade de conservação, terra indígena, enfim, totalmente desprotegida, a chance dela sumir é muito maior”, pontua.

Ecologia para crianças

A relevância da pesquisa e a necessidade de discussão do tema despertaram o pesquisador para divulgação voltada a um público diferente: crianças e adolescentes. “A ideia de divulgação para o público geral surgiu na metade do doutorado, depois que escrevi o primeiro capítulo, que é uma revisão sobre o processo de avaliação de risco”, disse Bruno, ao explicar os motivos que o levaram a dedicar os últimos capítulos de sua tese para um público diferente do habitual, ou seja, crianças e adolescentes que gostam de ciência.

A linguagem e os termos científicos foram adaptados para atingir um público-alvo que extrapolasse os limites da academia. O resultado final foi a publicação dos artigos finais da tese em um site de ciências para crianças. “A ideia inicial era mandar para a Ciência Hoje, que tem como público-alvo estudantes do ensino médio e acadêmicos que estão no início da faculdade, e a editora sugeriu a escrevêssemos também para crianças, leitoras do Ciência Hoje das Crianças”, relembra Bruno.

Os artigos “Quem entra na lista vermelha?”  e  “Chá de sumiço”, que integram os capítulos finais da tese de doutorado, podem ser acessados na página da revista Ciência Hoje das Crianças e servem de conteúdo educacional, respondendo a questões pertinentes sobre conservação e preservação de espécies ameaçadas, voltada para o público infanto-juvenil.

A tese de doutorado do pesquisador foi uma das indicadas pelo PPG de Ecologia e Evolução da UFG para concorrer ao Prêmio CAPES de Tese 2022, que reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros. A pesquisa de doutorado de Bruno está entre as 49 teses selecionadas em todo o Brasil. O resultado sai em agosto deste ano.

 

Foto: Pixabay / Ilustrativa