Meningite: Goiás registrou 108 casos e 12 mortes em 2022
O aumento de casos de meningite no Brasil está deixando pais, mães, profissionais de saúde e de educação bastante alarmados. A doença, que apesar de ter vacina nos postos de saúde, é considerada endêmica, ou seja, é esperado que casos aconteçam no decorrer do ano, com a possibilidade de eventuais surtos.
Porém, os números que estão sendo registrados ao longo do ano no Brasil chamam a atenção e acendem um alerta. Nos nove primeiros meses deste ano, o Brasil já registrou 702 mortes por meningites. Os dados são do Ministério da Saúde. A média de 78 óbitos por mês já é maior que a do ano passado, quando foram 793 óbitos no ano todo, média mensal de 66. Em 2020, houve 442 mortes, mas o número foi influenciado pela pandemia de covid-19.
Em Goiás, este ano, foram registrados 108 casos de todas as etiologias de meningite e 17 óbitos. Quanto à doença meningocócica, foram três casos e dois deles evoluíram para óbito. Em 2021, foram 111 casos totais e 10 óbitos. Os dados são da Secretaria Estadual de Saúde que alerta para a importância e a necessidade da vacinação.
O que é a meningite?
A meningite é um processo inflamatório que atinge as membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo gerar sequelas e levar ao óbito. A doença pode ser causada por diferentes agentes, como bactérias, vírus, fungos e parasitas. As meningites bacterianas e virais são as mais preocupantes pela magnitude de sua ocorrência e potencial de produzir surtos.
Prevenção
Para a prevenção da doença, a vacinação é considerada a forma mais eficaz e consiste na administração de vacinas que protegem contra meningite. A identificação e tratamento oportuno de casos e o rastreamento de contatos próximos com aplicação as intervenções necessárias também são importantes para evitar a ocorrência de surtos.
Transmissão
A transmissão da meningite bacteriana ocorre de pessoa a pessoa, por via respiratória, por meio de gotículas e secreções das vias aéreas superiores. No caso da meningite viral, além da transmissão respiratória, a transmissão via fecal-oral tem sido observada em alguns casos.
Vacinas
Entre as vacinas ofertadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e que fazem parte do Programa Nacional de Imunização, temos: a vacina meningocócica conjugada sorogrupo C, que protege contra a doença meningocócica, causada pelo sorogrupo C; a vacina pneumocócica 10-valente (conjugada), efetiva contra as infecções invasivas causadas pelo Streptococcus pneumoniae, incluindo meningite.
Também são ofertadas a vacina Pentavalente, que protege contra as infecções invasivas causadas pelo Haemophilus influenzae sorotipo B, como meningite, e ainda contra a difteria, tétano, coqueluche e hepatite B; a BCG, que evita as formas graves da tuberculose; e a vacina meningocócica ACWY (conjugada), que está disponível na rede pública, para adolescentes de 11 a 14 anos de idade.
“Seguimos reforçando que a vacina é a única forma segura de proteger as crianças. Tomando as doses nos prazos adequados podemos evitar surtos e evitar essa doença e outras que já estão até erradicadas do território brasileiro, como a poliomielite, que causa a paralisia infantil e pode evoluir para o óbito em casos mais graves”, ressalta Flúvia Amorim, superintendente de Vigilância em Saúde da SES-GO.
Bloqueio
Outra medida de prevenção e de controle da infecção por meningite é baseada na quimioprofilaxia com antibióticos. O tratamento é indicado somente para os contatos próximos de casos suspeitos de meningite por Haemophilus influenzae tipo B e doença meningocócica, sendo de responsabilidade do município onde ocorreu o caso realizar o bloqueio e orientações a todos os contatos próximos ao doente.
Muito embora não assegure efeito protetor absoluto e prolongado, a quimioprofilaxia tem sido adotada como uma medida eficaz na prevenção de casos secundários e deve ser realizada o mais precocemente possível. Outras formas de prevenção contra meningite incluem evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados e limpos.
De acordo com Flúvia Amorim, a cobertura em Goiás segue baixa para essa doença, o que preocupa as autoridades. “A cobertura vacinal em crianças com menos de 1 ano está em 74,86%. Já em crianças e adolescentes de 11 a 14 anos, a cobertura da vacina contra a meningite está em 45,90%. Os pais precisam levar as crianças para serem imunizadas. Não podemos correr o risco de ter um surto em Goiás como o que já foi registrado em São Paulo. Até dia 8, estamos em campanha de multivacinação, com mais um Dia D, no próximo sábado”, explica Flúvia.