Clássico icônico e apaixonante da literatura brasileira está na Netflix e você precisa assistir
“O Tempo e o Vento” de Erico Verissímo é certamente uma das obras literárias mais icônicas, mais marcantes e mais bonitas da literatura brasileira. “O Tempo e o Vento”, foi dividido pelo escritor gaúcho em O Continente (1949), O Retrato(1951) e O Arquipélago (1961).
O romance conta a história de formação do Rio Grande do Sul, desde a ocupação do “Continente de São Pedro” (1745)[2] até 1945, quando aconteceu o fim do Estado Novo. A narrativa é contada por meio da história das famílias através Terra, Cambará, Caré e Amaral. É considerada por muitos a obra definitiva do estado do Rio Grande do Sul e uma das mais importantes do Brasil.
A primeira parte de O Tempo e o Vento foi lançada em 1949, em Porto Alegre. Tudo começa com a chegada de uma mulher grávida na colônia dos jesuítas e índios nas Missões. Ela dá à luz o índio Pedro Missioneiro, que testemunha as lutas de Sepé Tiaraju por meio de visões e presencia a destruição das Missões Jesuíticas pelos portugueses e espanhóis.
Mais tarde, ele conhece Ana Terra, filha dos paulistas Henriqueta e Maneco Terra, este último filho de um tropeiro chamado Juca Terra. Maneco se encanta com o Rio Grande de São Pedro ao atravessá-lo para comercializar mulas na Colônia do Sacramento e acaba recebendo uma sesmaria na região do Rio Pardo.
Ana Terra tem um filho com Pedro Missioneiro, chamado Pedro Terra. Quando seu pai descobre a gravidez, ele ordena que os irmãos de Ana matem Pedro Missioneiro. No entanto, quando os castelhanos invadem a fazenda da família Terra, matam o pai e um dos irmãos de Ana, e a violentam, ela consegue esconder seu filho, a cunhada e a sobrinha. Eles partem para Santa Fé, onde se passa o restante da história de O Tempo e o Vento.
Lá, Pedro Terra cresce e tem uma filha chamada Bibiana Terra, que se apaixona por um forasteiro, o capitão Rodrigo Cambará. Até hoje, Ana Terra e o capitão Rodrigo são considerados dois arquétipos da literatura brasileira.
Os sete capítulos de O Continente (A Fonte, Ana Terra, Um Certo Capitão Rodrigo, A Teiniaguá, A Guerra, Ismália Caré e O Sobrado) podem ser interpretados de várias maneiras. Uma delas é como a história da formação da elite rio-grandense, que culmina na Revolução Federalista de 1893/95. As lutas pela terra, as guerras internas (Farroupilha, Federalista) e externas (Guerra do Paraguai, Guerra contra Rosas) marcam profundamente a vida e a personalidade dos gaúchos, e ainda ressoam de maneira intensa na identidade do Rio Grande do Sul nos dias de hoje.
Do ponto de vista histórico-literário, O Tempo e o Vento é um símbolo da literatura regionalista, uma expressão cultural do povo gaúcho. Pertencente ao chamado Romance de 30, que se caracteriza por uma abordagem realista com descrições contundentes e investigações psicológicas das personagens, além de liberdades linguísticas do narrador, fruto do Modernismo.
O filme:
O filme “O Tempo e o Vento”, dirigido por Jayme Monjardim em 2013, é uma adaptação do livro homônimo escrito por Erico Verissimo. Jayme Monjardim preenche a produção com cenas bem dirigidas que explicam o conflito entre republicanos presidencialistas e federalistas, que defendiam o parlamentarismo, o que eventualmente desencadeou uma guerra civil com mais de dez mil mortos. No meio desses combates, desenvolve-se uma trama romântica entre o Capitão Rodrigo Cambará e Bibiana Terra.
Apesar das dificuldades enfrentadas na adaptação do livro para o cinema, “O Tempo e o Vento” é um filme que merece leitura pelas performances icônicas de Thiago Lacerda e Fernanda Montenegro. É um clássico da literatura que, mesmo após sete décadas de sua publicação, ainda consegue ser relevante em qualquer época e em qualquer país.