Faz parte do senso comum acreditar que as pessoas possuem traços de personalidade únicos e dificilmente mutáveis. É aquele velho ditado, “pau que nasce torto, morre torto”. Esse pensamento induz à ideia de que não somente as características consideradas negativas, mas também os pontos positivos de alguém são fixos. Todavia, teorias mostram que é possível aprender e dominar características comportamentais que antes pareciam intrínsecas a cada humano.

É o que nos diz a escritora Olivia Fox Cabane, em seu livro “O mito do carisma”, lançado no Brasil pela Elsevier Editora. Segundo a autora, o carisma (um dom que pode ser muito útil em diversas áreas da vida) é nada mais, nada menos que uma habilidade que pode ser aprendida e controlada sempre que você desejar. Mas como funciona essa teoria? Acompanhe a seguir um resumo sobre a teoria de Cabane e algumas dicas que ela dá para você dominar o dom do carisma.

Foto: Olivia Fox Cabane/thesweeneyagency.com

Olivia Fox Cabane é especialista em carisma e liderança. Ela é, atualmente, Diretora de Liderança Inovadora do Programa Stanford StartX e atuou como coach para centenas de empresas e empresários. Foi atuando como orientadora profissional de diversos magnatas e CEOs que buscavam uma forma de melhorar a oratória e o carisma, que a escritora desenvolveu sua teoria comportamental a respeito do carisma.

A princípio ela se impressionou com a quantidade de grandes homens de negócio, milionários e famosos que buscavam o mesmo objetivo: tornar-se uma pessoa influente, respeitada e, principalmente, simpática. Misturando a análise de diversos casos relacionados ao tema e os dados que recolheu durante anos de trabalho, a autora enfim escreveu seu livro, em que oferece ensinamentos valiosos para todos que desejam melhorar seu nível de influência social.

Um dos casos mais interessantes que Cabane revela em sua obra é o da atriz Marilyn Monroe. Em uma antiga entrevista concedida pela celebridade, ela revela que seu carisma funcionava como um simples mecanismo de “ligar/desligar”. Ou seja, segundo Monroe, ela poderia escolher quando desejaria ser carismática e quando gostaria de passar despercebida.

Foto: Google/arquivo

Para testar tal afirmação, a mundialmente conhecida artista foi até uma estação de trem e entrou em uma das locomotivas. Inicialmente ela se comportou como uma pessoa comum, simplesmente sentando-se e seguindo viagem. Resultado: ninguém a reconheceu. Momentos depois Monroe decide “ativar” seu modo carismático, sendo instantaneamente reconhecida por todos no vagão.

Esse exemplo ilustra bem a ideia que Olivia sustenta sobre o poder do carisma. Assim como nesse exemplo, a autora cita inúmeros outros em seu livro e propões desafios para seus leitores, como forma de colocar em prática o dom da simpatia. Dentre as dicas e exercícios presentes no livro, selecionamos os que a autora deu maior atenção em sua obra e os listamos a seguir.

Esses são os pontos chave se você deseja desenvolver a habilidade do carisma:

1 – Os comportamentos carismáticos

Eles são 3: presença, poder e calor humano. A presença fala sobre como você deve estar sempre atento a tudo que acontece ao seu redor, especialmente durante uma conversa com alguém que você deseja conquistar. O maior inimigo do carisma nesse caso é demonstrar (mesmo que inconscientemente) desinteresse pela pessoa com quem conversa. Se quer conquistar alguém, preste atenção ao que ela fala, seja curioso e faça perguntas.

O poder diz respeito a como a pessoa se porta. Ombros caídos, balançar as pernas e roer as unhas são sinais claros de nervosismo. O ideal é adotar posições físicas que remetam à ideia de poder, como mãos segurando as cinturas e a coluna ereta. O poder aqui ganha um segundo sentido, também válido, que é a capacidade e disposição de ajudar ao próximo. Estar disposto a dar a mão para o outro demonstra capacidade pessoal e enriquece qualquer relação.

Foto:sorrisologia.com.br

O calor humano é um fator importantíssimo na conquista do carisma, pois segundo a autora, para conquistar a simpatia de alguém é preciso ser afetuoso e transmitir o sentimento de acolhimento em relação ao outro. Quando conversar com alguém que deseja conquistar, nutra por essa pessoa o pensamento de bem querer. Indagar cuidadosamente sobre como a pessoa se sente é um bom começo.

2 – Estados mentais carismáticos

Para a autora, o corpo comunica o que a mente sente, portanto a melhor forma de transmitir carisma se dá quando o indivíduo em questão consegue adentrar um estado mental carismático. Esse estado mental nada mais é do que o modo como nos sentimos. É preciso respirar, acalmar-se e lembrar que é quase impossível esconder sentimentos como tédio, raiva ou medo. O segredo aqui é trabalhar a própria mente, colocando-se em situações sociais extremas que o farão romper as barreiras que entravam o desenvolvimento do carisma.

Em um dos casos, Olivia pede para que um de seus clientes pratique um estranho exercício social: ele deveria, sempre que estivesse em um elevador, aproximar-se das pessoas mais do que o normal e então sentir quão é forte o impulso de afastar-se. A ideia do exercício é que ele deveria vencer a timidez e colocar-se em uma situação de confronto com seus medos. Em pouco tempo o cliente de Cabane havia avançado contra sua própria timidez, que o impedia de iniciar conversas com desconhecidos. O que antes era um constrangimento, tornou-se algo normal para ele.

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Além desses pontos base para construção de uma personalidade carismática, a autora também exemplifica os tipos de carisma, como funciona a linguagem corporal carismática e como falar (e ouvir!) com carisma. Ao final de cada capítulo Olivia sugere um pequeno exercício para colocar-se em prática.

Após essas dicas, você descobriu que o carisma não é um dom destinado a poucos, mas sim uma habilidade, como pedalar ou andar de patins. Então aproveite dessas dicas e desfrute da habilidade carismática sempre que necessitar!