(Foto: Thalita Braga)
A cultura, as tradicionais festas regionais e a diversidade artística que simbolizam o patrimônio cultural brasileiro compõem a exposição Patrimônio Imaterial Brasileiro – A Celebração Viva da Cultura dos Povos, que será aberta nesta quinta-feira, 4 de agosto, na Casa Brasil, no Rio de Janeiro (RJ). Com expressões de todos os estados brasileiros, a exposição traz, também, a Festa do Divino Espírito Santo e arte dos povos indígenas de Goiás. A mostra é um dos destaques do espaço cultural que comportará um conjunto diverso de atividades turísticas, gastronômicas, culturais, esportivas, sociais e econômicas durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016.
A exposição é gratuita e será aberta às 10 horas, para convidados do governo brasileiro, e a partir das 16 horas, para visitação do público, que poderá conferir o evento até o dia 18 de setembro.
Produtos de diferentes partes do Brasil serão retratados na exposição, mostrando a identidade cultural de cada região, apresentando ao público os 38 bens culturais do país catalogados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), sendo cinco deles declarados Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.
Por meio de recursos audiovisuais e interatividade, em ambientes recriados e textos didáticos, o visitante poderá conhecer e vivenciar os acervos imateriais divididos em quatro categorias – Saberes, Lugares, Celebrações e Formas de Expressão.
Patrocinada pela Caixa Econômica Cultural, a exposição conta com apoio do governo do Estado de Goiás, que participa da iniciativa com duas exposições e disponibilizará, a título de empréstimo, as roupas dos Reis Cristãos e Momos, que simbolizam as tradicionais Cavalhadas de Pirenópolis, celebração reconhecida como patrimônio cultural imaterial.
A exposição na Rio 2016 possui direção de arte de Ronald Teixeira e curadoria de Luciano Figueiredo, que esteve na capital carioca durante a Copa do Mundo e já passou pelos Estados de Fortaleza, Salvador, Recife e São Paulo, além da capital Brasília.
Segundo o diretor de arte, a iniciativa tem tido uma ótima receptividade, sendo vista até o momento por cerca de 10 mil pessoas. “Estar na vitrine brasileira durante os jogos olímpicos demonstra a importância que o povo brasileiro dá ao seu patrimônio cultural”, disse.
Do Brasil para o mundo
Os bens imateriais registrados no Brasil em âmbito nacional: o ofício dos mestres de capoeira e a roda de capoeira. Regionalmente, o teatro de bonecos do Nordeste, o Cassimiro Coco, no Maranhão e Ceará; João Redondo e Calunga, do Rio Grande do Norte; Babau, da Paraíba; e Mamulengo, de Pernambuco. Do Amapá, a Arte Kusiwa – pintura corporal e arte gráfica Wajãpi. Do Amazonas, a Cachoeira de Iauaretê – lugar sagrado dos povos indígenas dos rios Uaupés e Papuri – e o Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro. Da Bahia, o ofício das Baianas de Acarajé, o Samba de Roda do Recôncavo Baiano e a Festa do Senhor Bom Jesus do Bonfim. Do Espírito Santo, o ofício das Paneleiras de Goiabeiras.
De Goiás, a Festa do Divino Espírito Santo de Pirenópolis. Junto com Tocantins, Goiás compartilha os patrimônios Rtixòkò – expressão artística e cosmológica do Povo Karajá – e os saberes e práticas associados aos modos de fazer bonecas Karajá. Do Maranhão, o complexo cultural do Bumba-meu-Boi do Maranhão e o Tambor de Crioula do Maranhão. Minas Gerais contribui para o patrimônio imaterial com o modo artesanal de fazer queijo de Minas nas regiões do Serro e serras da Canastra e do Salitre, o toque dos sinos e o ofício dos Sineiros. Minas Gerais divide com São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, o Jongo do Sudeste.
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul têm registrado como bem cultural o Modo de Fazer Viola-de-Cocho. E, somente, o Mato Grosso registra o Ritual Yaokwa do Povo Indígena EnaweneNawe. No Pará, fazem parte do patrimônio o Círio de Nossa Senhora de Nazaré, as Festividades de São Sebastião na Região do Marajó, o Carimbó e o Modo de fazer Cuias no Baixo Amazonas. No Paraná e São Paulo, compartilham o Fandango Caiçara. Em Pernambuco, a Feira de Caruaru, o Frevo, o Maracatu Nação, o Maracatu de Baque Solto e o Cavalo Marinho. No Piauí, a Cajuína. No Rio Grande do Norte, a Festa de Sant’Ana de Caicó.
O Rio de Janeiro também marca presença com a Festa do Divino Espírito Santo de Paraty e as Matrizes do Samba no Rio de Janeiro – partido alto, samba de terreiro e samba-enredo. Sergipe tem o Modo de Fazer Renda Irlandesa. E o Rio Grande do Sul completa a lista com a Tava, lugar de referência para o povo Guarani.
O Samba de Roda do Recôncavo Baiano, a arte Kusiwa – pintura corporal e arte gráfica Wajãpi, Frevo, Círio de Nossa Senhora de Nazaré e a roda de Capoeira são os bens reconhecidos como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
O que é Patrimônio Imaterial Cultural
O conceito estabelecido pelos artigos 215 e 216 da Constituição Federal de 1988, é composto de bens de natureza material e imaterial, incluídos aí os modos de criar, fazer e viver dos grupos formadores da sociedade brasileira. Os bens culturais de natureza imaterial dizem respeito àquelas práticas e domínios da vida social que se manifestam em saberes, ofícios e modos de fazer; celebrações; formas de expressão cênicas, plásticas, musicais ou lúdicas e nos lugares, tais como mercados, feiras e santuários que abrigam práticas culturais coletivas.
A definição se alinha à Convenção da Unesco para a Salvaguarda do Patrimônio Cultural Imaterial, ratificada pelo Brasil em 1° de março de 2006, e define como patrimônio imaterial “as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas – junto com os instrumentos, objetos, artefatos e lugares culturais que lhes são associados – que as comunidades, os grupos e, em alguns casos, os indivíduos reconhecem como parte integrante de seu patrimônio cultural”.
Exposição Patrimônio Imaterial – A Celebração Viva da Cultura dos Povos
Abertura: Quinta-feira, 4/8
Visitação: De 5/8 a 18/7
Local: Casa Brasil
Endereço: Pier Mauá, na Zona Portuária do Rio de Janeiro (RJ)