Comunidade Quilombola em Goiás é conhecida por produzir remédios naturais e preservar plantas do Cerrado

A comunidade Quilombola do Cedro, no município de Mineiros, em Goiás, é conhecida por manter uma verdadeira ‘’farmácia viva’’ na região. Usando a sabedoria de seus antepassados, a comunidade produz cerca de 90 medicamentos a partir de plantas medicinais cultivadas no Cerrado, utilizando uma variedade de 450 plantas nativas e catalogadas, e as transformando em remédios como xaropes, pomadas, óleos e outros.

 

Cada uma das 37 famílias que vivem lá, possui uma horta com ervas como douradinha, barbatimão e velame-branco, nomes que podem ser desconhecidos para quem não é da região. Mas, os mais de 140 moradores da comunidade, sabem quais sementes e cascas aliviam as dores e quais misturas de plantas se transformam em remédios para doenças como sinusite, rinite alérgica e infecções.

 

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Oficina de Plantas Medicinais do Cerrado ministrada por Ângela Maria dos Santos Morais em 2019.

 

 

O engajamento e conhecimento dos moradores da Comunidade é tanta que eles criaram, em 1997, uma espécie de ‘’laboratório’’ para a produção: o Centro Comunitário de Plantas Medicinais do Cerrado, um núcleo dedicado ao preparo artesanal de medicamentos e um espaço de conexão com a natureza e que funciona até hoje.

 

Além disso, o grupo também é responsável pela Farmacopéia Popular do Cerrado, uma espécie de enciclopédia com mais de 300 páginas que descreve as plantas medicinais do bioma, o seu uso e formas de manejo sustentável, e um dos pouquíssimos registros escritos sobre plantas medicinais nativas no Brasil.

 

Imagem: Reprodução

 

 

Veja também: 6 construções sustentáveis em Goiânia que ajudam a tornar o mundo melhor

 

Goiana é a primeira mulher quilombola mestre em Direito no Brasil

A advogada, Vercilene Francisco Dias, será a primeira mulher quilombola com mestrado em Direiro no Brasil. Ela ingressou no curso de Direito da UFG em 2011, pelo programa UFGInclui, e se formou em 2016. Sendo, também, a primeira quilombola a passar no exame da OAB de Goiás.

Vercilene deu início ao seu mestrado em Direito Agrário, em 2017, e irá apresentar a defesa da sua dissertação no Programa de Pós-graduação da UFG, nesta quinta-feira (21/02), às 14:00h. Ela já trabalha como advogada popular, representando os interesses da comunidade Kalunga, e o seu trabalho atual retrata a “Terra versus Território: Uma Análise Jurídica dos Conflitos Agrários Internos na Comunidade Quilombola Kalunga de Goiás”.

+ Comunidade Kalunga carrega cultura, tradição e história em santuário ecológico de Goiás.

A conquista serve de exemplo e inspiração para outras pessoas que pretendem seguir esse caminho e mudar de vida. Os programas de incerção tem como objetivo fazer com que os menos privilegiados, socialmente, tenham a oportunidade de mostrar a sua capacidade, e Vercilene conseguiu conquistar o seu espaço com toda a sua luta e dedicação.

Capa: Tribuna do Planalto / Facebook Vercilene 

Comunidade Kalunga carrega cultura, tradição e história em santuário ecológico de Goiás

O Curta Mais já mostrou antes como o município de Cavalcante possui muitas belezas escondidas e ainda pouco exploradas. Com mais de 150 cachoeiras catalogadas (nem todas com acesso aberto para visitação), o local vem atraindo cada vez mais turistas que frequentam a Chapada dos Veadeiros.

Além de contar com belas atrações naturais, a pequena cidade é berço dos Kalunga – a maior comunidade de remanescentes quilombolas do Brasil. É interessante ressaltar que essa é uma comunidade que construiu a sua cultura ao longo de quase 300 anos de isolamento (que foi uma maneira do povo Kalunga de encontrar a liberdade). Até 1982 não havia um levantamento sobre sua sociedade – que só teve seu valor reconhecido pela antropóloga Mari Baiocchi.

 

Buscando fazer uma imersão no turismo de Goiás, nosso fotógrafo Marcos Aleotti foi até lá conferir de perto essa riqueza cultural e trazer todas as informações, dicas e fotos do local para que você possa se organizar e planejar uma visita à esse verdadeiro patrimônio histórico. A missão foi traduzir a essência da comunidade em seus registros, tarefa que foi executada com sucesso!

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Comunidade do Engenho Il

Situada na zona rural do município de Cavalcante, ao norte da Chapada dos Veadeiros, a Comunidade Kalunga do Engenho II vem se destacando na região devido ao grande potencial turístico, tanto étnico quanto de aventura.

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Os pontos atrativos do local variam entre cachoeiras, cannyions, trilhas, festas populares e religiosas, músicas, dança e artesanato. O turismo é a principal renda da comunidade e garante a preservação e conservação do meio ambiente e da cultura local.

No Centro de Atendimento ao Turismo você pode, além de pegar as informações básicas, provar lanches e doces deliciosos além de um caldo de cana com limão maravilhoso. Lá você também pode incentivar o mercado local comprando artesanatos, temperos e comidinhas produzidas pelas mulheres da comunidade.

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História

Na língua banto, de origem africana, Kalunga significa lugar sagrado, de proteção.

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A origem da comunidade aconteceu a mais de 200 anos, quando seus ancestrais fugiam da escravidão em pleno ciclo do ouro e da garimpagem. Na época, Goiás passava pelo período de colonização e começou a ser desbravado pelos portugueses. Cansados da submissão e dos castigos sofridos na exploração das minas de ouro, os escravas fugiram em busca de liberdade. Se escondendo nas matas e em locais de difícil acesso, acabaram criando seus quilombos em um dos lugares mais bonitos do Brasil, no norte do estado – Chapada dos Veadeiros.

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Em uma área de mais de 230 mil hectares, o quilombo Kalunga ocupa um vasto território que abrange parte de três municípios de Goiás: Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás.

O Sítio Histórico da comunidade é uma das maiores riquezas culturais do município de Cavalcante, e os Kalungas têm quatro núcleos diferentes: Vão de Almas, Vão do Moleque, Ribeirão dos Bois e Contenda. Esses núcleos são formados por pequenos povoados como Engenho, Diadema, Riachão, Ema e outros, e abriga mais de 4500 pessoas, sendo considerado o maior quilombo do Brasil em extensão territorial.

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Com aproximadamente 90% da sua área ambiental preservada, o local foi reconhecido oficialmente, em 1991, como Sítio Histórico que abriga o Patrimônio Cultural Kalunga e Patrimônio Histórico e Cultural do Brasil.

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Tradições Culturais

Na comunidade, as festas são rituais de grande expressão cultural. Mais do que uma mera comemoração, elas representam a cultura local e têm um papel social, de união, alegria e tradição. Através das festas, os Kalungas se reencontram com sua identidade cultural e expressam seus costumes através da dança – que tem um forte simbolismo para a cultura:

– Sussa: de origem africana, essa dança é considerada sagrada. A participação feminina é predominante, e as mulheres dançam girando e equilibrando garrafas na cabeça. O momento é marcado pelo som de violas, pandeiros e sanfonas.

Bolé: voltada para as crianças da comunidade. É feita uma grande roda e a dança é marcada pelo ritmo acelerado e muitos giros. A manifestação chegou a se perder da tradição e vem sendo resgatada pelos Kalunga.

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Moradores

Chegando na comunidade conhecemos Seu Joseli, que tem 54 anos e é um dos guias mais experientes da região. Ele também é um artista, grande conhecedor da natureza, preservador do meio ambiente e excelente contador de causos – em uma de suas histórias contou que desde os 8 anos já saía para caçar com o pai!

“Tenho maior orgulho de ser guia, de mostrar paras outras pessoas toda a beleza da minha região e conscientizar sobre a preservação da natureza.”

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Outro simpático morador da comunidade é o Mestre Cirilo Rosa, um dos líderes do Engenho II. Pai de 11 filhos, conta histórias de como foi difícil a vida de seus antepassados e sobre a luta para ter aquela região legalizada. Ele ainda diz que ser Kalunga é motivo de orgulho: “Temos orgulho de nosso povo ter vencido toda dificuldade, de ter passado todo momento de sofrimento e hoje estar em liberdade, e ver que a igualdade e o desenvolvimento chegou para nós. Nossas terras regularizadas nos ajudam a desenvolver nossas atividades econômicas e de preservar nossa identidade cultural.”

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Cirilo conta que algum tempo atrás a comunidade vivia isolada e sem nenhuma estrutura. No entanto, hoje o desenvolvimento chegou até lá com estruturas como luz elétrica, bares, restaurantes e até mesmo uma escola do pré-escolar ao terceiro ano do ensino fundamental.

 

Atrações

Cachoeira Santa Bárbara

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Cachoeira da Capivara

 

Cachoeira do Candaru

 

Mirante Nova Aurora

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Mirante da Ave Maria

 

Dicas:

– Para conhecer a fundo a cultura local, tome café da manhã no CAT – que além de vender, lanches, doces e um caldo de cana com limão maravilhoso, tem uma lojinha de artesanatos, temperos e coisas produzidas pelos Kalungas.

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– O CAT abre às 8h e é necessário contratar um guia para fazer os passeios. A taxa cobrada por pessoa para entrar nas cachoeiras é de R$ 20 e cada guia cobra R$ 70 para grupos de até 7 visitantes.

– Antes de seguir para a cachoeira, reserve o almoço em algum restaurante da região. A comida é simples e típica, e oferece opções como frango caipira, peixe, paçoca de carne, mandioca frita e sucos naturais de frutas do cerrado. O preço médio é de R$ 25 à vontade por pessoa.

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Para poder ter maior contato com a cultura dos Kalunga e conhecer toda essa beleza da região, será preciso ficar mais de um dia. Por isso se hospede em Cavalcante ou na própria comunidade. Apesar de oferecer pouca estrutura, há áreas de camping e aluguel de casas da região.

– Abasteça o seu carro antes de subir a estrada de terra que liga Cavalcante à comunidade dos Kalungas.

– Nenhum lugar na comunidade passa cartões (crédito/débito), portanto se previna e leve dinheiro em espécie.

 

Informações úteis:

CAT Alto Paraíso: (62) 3446-1159

CAT Cavalcante: (62) 3494-1507

CAT Comunidade Kalunga: (62) 99802-4122

Distâncias: 33km de Cavalcante | 142km de Alto Paraíso | 157km de São Jorge

 

Fotos – Pauta: Marcos Aleotti

Projeto “De bike pra escola” arrecada bicicletas para crianças da comunidade Vão das Almas

Você sabia que Goiás tem a maior comunidade quilombola do Brasil? Os Kalungas são descendentes de escravos fugidos e libertos das minas de ouro do Brasil central e formaram, há mais de duzentos anos, uma comunidade próxima à Chapada dos Veadeiros. Entre as comunidades que vivem no território Kalunga, está a comunidade Vão das Almas, formada por adultos, idosos e muitas crianças.

As crianças quilombolas todos os dias enfrentam uma dura rotina: acordam às 4h da manhã e percorrem um trajeto de 14 quilômetros para chegar à escola. Depois de fazer uma viagem ao local e conhecer a realidade de meninas e meninos quilombolas, a goiana Carla Marinho – que hoje vive em São Paulo – decidiu lançar uma campanha online de arrecadação de bicicletas novas ou usadas para serem doadas às crianças. Ela conta com a ajuda de mais duas amigas, Maria Lívia e Amanda Letícia, e juntas divulgam o projeto “De bike pra escola”, que já conta com um site, uma conta no Instagram e uma página no Facebook.

Para a doação de bicicletas para cerca de 120 crianças, é necessário entrar em contato com as amigas via redes sociais ou ainda pelo e-mail [email protected]. Por causa do custo do frete, apenas doações das cidades de Goiânia, Brasília e São Paulo serão recebidas. Mas, se você quiser ajudar mesmo assim, pode participar fazendo doações em dinheiro, através do site do Vakinha. Depois de atingida a meta, as amigas pretendem levar o projeto para outras comunidades que enfrentam as mesmas dificuldades, uma louvável iniciativa que busca viabilizar a educação no país.