Goiânia recebe o primeiro Festival de Palhaçaria Preta do Centro-Oeste

O Orum Aiyê Quilombo Cultural, em Goiânia, tem a iniciativa pioneira de realizar o primeiro Festival de Palhaçaria Preta do estado do Centro-Oeste, um festival produzido, pensado, articulado e apresentado por pessoas pretas, e conta com apoio da Lei Aldir Blanc. O evento oferecerá ao público seis espetáculos de quatro artistas negros do estado, e será realizado entre 1º e 17 de abril com apresentações em formato presencial e virtual, além de oficinas e debates que colocam a palhaçaria preta no centro do holofote e das discussões.

Os ingressos são limitados e com valores a partir de R$10. As apresentações serão gravadas e disponibilizadas gratuitamente no canal do YouTube do Orum Ayê a partir do dia 20 de abril.

O festival homenageará o palhaço Benjamin de Oliveira (1870-1954), conhecido como o primeiro palhaço negro do Brasil e como o idealizador e criador do primeiro circo-teatro. Nascido no Rio de Janeiro, escreveu diversas peças de sucesso, entre as quais, O Diabo e o Chico, Vingança Operária, Matutos na Cidade e A Noiva do Sargento. Atuou também como cantor, nos entreatos, executando ao violão lundus, chulas e modinhas.

Programação

Começando os trabalhos, Marcelo Marques apresenta “Minha Vida de Palhaço” no dia 1º de abril, às 19 horas. No dia seguinte (2/4), às 18 horas, Palhaço Saracura apresenta “O Bambolero”. No domingo (3/4), também às 18 horas, o Palhaço Bulacha apresenta “Circo de Pulga”. Na quinta-feira (7/4), às 20 horas, haverá uma mesa de debate sobre “a palhaçaria preta, seus desafios e conquistas pelo olhar de seus protagonistas”. No final de semana seguinte, a Companhia Asas do Picadeiro apresenta “Os poderes de Icary”, na sexta-feira (8/4), às 19 horas. No sábado (9/4), às 18 horas, Marcelo Marques volta aos palcos apresentando “Mocotó OOOHHH!!!!”, e no domingo (10/4) é o Palhaço Bulacha quem apresenta “O Domador de Animais” às 18 horas.

O festival segue ainda no outro final de semana oferecendo duas oficinas em formato híbrido: presencial e virtualmente. No dia 16/4, das 8h às 11h, Marcelo Marques oferece a oficina de “arte da palhaçaria para iniciantes”. No dia seguinte (17/4), das 14h às 17h, Marcelo oferece oficina de “acrobacia para iniciantes”. As pessoas interessadas na oficina deverão preencher formulário disponível no perfil do Instagram do Orum Ayê Quilombo Cultural.  

Povo preto no centro

Tanto o festival quanto o espaço Orum Ayiê Quilombo Cultural nasceram da necessidade de se ter em Goiânia um espaço que enfatizasse o protagonismo negro na produção cultural. O espaço foi fundado por Raquel Rocha e Marcelo Marques, que acumula 10 anos de caminhada de circo que instigou esse diálogo da palhaçaria com o protagonismo negro idealizado pelo espaço. Marques conta que o evento pretende mostrar não apenas as dores do povo preto, mas também suas vitórias e felicidades. “Este evento vem do desejo de criar algo divertido e dinâmica que enfatizasse a alegria do povo preto. Ao mesmo tempo em que sabemos que grande parte das produções artísticas enfatizam nosso sofrimento. Dessa forma, chegamos à ideia de um festival de palhaços, um contraponto às angústias que vêm afligindo toda a população. Só que não bastava ser um festival de palhaço, seria necessário um evento protagonizado por pessoas pretas”, afirma o idealizador.

Marcelo Marques ainda lembra do difícil cenário sócio, político e econômico, que coloca as pessoas negras em uma situação ainda mais marginal às políticas públicas e no centro de crescentes ataques racistas. A consciência da importância das relações identitárias na formação e na autoestima de jovens e crianças, lembra o produtor, é fundamental e a existência de eventos culturais que afirmem a negritude ajudam na formação dessas pessoas. “É nesta faixa etária em que o jovem consolida sua personalidade e, por isso, as referências que afirmam positivamente seu lugar social são enriquecedores. Diante desse olhar, ter eventos culturais protagonizados, produzidos e gestados por pessoas pretas colaboram na afirmação da identidade juvenil num lugar potente”, analisa Marques. 

 

SERVIÇO:

1º Festival de Palhaçaria Preta

Quando:  de 1º a 17 de abril de 2022

Local: Orum Ayê Quilombo Cultural, Rua 10, Qd. L, Lt. 10, Residencial Nossa Morada

Espetáculos: R$10 (ingressos limitados)

Oficinas e debate: gratuitos

Todos os espetáculos serão gravados e disponibilizados no Canal do YouTube do Orum Ayê a partir do dia 20 de abril

Inscrições: 1º Festival de Palhaçaria Preta Orum Aiyê

palhaçaria

 

Crédito Imagem: Taynara Borges

Preta Gil responde ofensas e lacra: minhas gordurinhas e minhas celulites não medem o meu caráter

A cantora Preta Gil realizou nesta semana o ensaio do seu bloco de carnaval, o Bloco da Preta. Para a ocasião, a carioca vestiu um collant multicolorido.

A peça deixou suas pernas e coxas à mostra.

Assim que as primeiras imagens do ensaio foram divulgadas, a internet se pôs a opinar sobre o corpo e as características físicas da cantora.

Mais uma vez, Preta não se intimidou com o falatório a respeito de sua figura e publicou uma mensagem que serve de inspiração para qualquer pessoa cuja aparência não condiz com os equivocados padrões de beleza vigentes em nossa sociedade.

preta

Tudo começou após a publicação desta foto na página oficial da cantora. (Facebook/Reprodução)

 

Leia o comentário dela na íntegra publicado na página no Facebook:

“Ainda em êxtase com o #ensaiodoblocodapreta . Foi tudo PERFEITO!! Obrigada a todos que lotaram o Monte Líbano ontem, todos que vieram de outros estados, meus fãs e amigos amados!! Nosso Bloco completa 7 anos e a cada ano vocês me fazem mais feliz!! Acordei e me deparei com o que já imaginava que iria acontecer: uma chuva podre de ofensas, xingamentos e pseudo opiniões sobre meu corpo e minha roupa !! Não quero e não posso acreditar que as redes sociais sejam o esgoto do mundo, pois o que recebo de positividade também é tremendo, mas eu fico realmente chocada com a capacidade do ser humano ser tão preconceituoso e principalmente ter valores tão deturpados. Sou uma mulher de 41 anos que já vivi muita coisa. Aprendi a me amar e me valorizar pelo meu caráter. Meu corpo, minhas gordurinhas e minhas celulites não medem o meu caráter a minha garra !! Tenho celulite SIM e não tenho vergonha delas. Não vou me render nem virar escrava de um padrão de beleza que não é o meu! Eu também sou padrão de beleza, pois a maioria da mulher Brasileira tem o meu biotipo. Gente, chega, guardem suas “opiniões” para vocês. Existem muitas mulheres que levam em consideração o que vocês falam e acabam pagando um preço alto para se encaixar no padrão imposto pela sociedade e mídia !! Tenho saúde, tenho amor e isso é o mais importante de tudo !! Tenho autoestima SIM e tenho senso, senso que um dia a terra come a nossa carne mas a nossa alma tem que ser leve e livre !!!”

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