Pinóquio por Guillermo del Toro: o Melhor Filme de Animação para adultos
Assinada por Guillermo del Toro, a nova adaptação de Pinóquio é emocionante e assustadora. O que rendeu aos produtores dois grandes prêmios como o Globo de Ouro e o Oscar de “Melhor Filme de Animação”.
A trama segue a história original de Carlo Collodi, mas recebe um tempero especial pelas mãos do cineasta mexicano. Segundo del Toro, a intenção era realmente tornar a história mais adulta e sombria com a criação de criaturas fantásticas e universos surreais, sem deixar de lado a mensagem principal: as consequências da mentira.
“A animação se tornou, na mente do consumidor, um gênero. Mas também é uma forma de arte. E, de todas as formas de arte dentro da animação, a mais sagrada e mágica para mim é o stop-motion, porque representa o elo entre o animador e o modelo”, confessa del Toro no documentário acerca da produção de “Pinóquio”.
No longa, os personagens lidam com perda, luto e desafios para aceitar o outro como ele é. Em parceria com Mark Gustafson, o cineasta equilibra gatilhos e humor. Procurando se afastar do desenho pessimista da versão italiana de Matteo Garrone, ou da estética a la Poliana da Disney.
Entretanto, para alguns críticos a obra de del Toro não passa de uma repaginada pífia, que tinha capacidade e a obrigação de explorar muito mais. “Não há sangue, mesmo havendo violência. Não há perdas, mesmo havendo mortes. Não há terror, mesmo havendo suspense. E…enfim, não há nada de verdade, apenas a mentira embromada de sempre”, escreveu um crítico.
Nova adaptação
A história se passa na Itália fascista, ao longo de 1922. Ainda que não se aprofunde na guerra, a obra traz cenas do governo autoritário da época. Como cena de crianças sendo levadas para a luta. O líder da época, Mussolini, também surge como um dos personagens.
No meio desta trama estão Gepeto, um simples carpinteiro em idade avançada, e seu filho, Carlo. Juntos, eles trabalham na construção de uma imagem para a igreja. Local onde a bela relação entre pai e filho é interrompida pela guerra.
O pobre senhor não consegue se perdoar pelo ocorrido. Em um processo de luto parental, solitário e vazio, ele se afoga numa tristeza profunda que o leva a beber e abandonar a carpintaria.
“Vou reconstruir você, Carlo. Vou fazer um novo filho”. Muita coisa acontece até que o Mestre Gepeto consiga dar vida à Pinóquio, que o ajuda a lidar com o luto. A figura agitada, destrambelhada, tagarela e inocente, surge como uma criança pura, ansiosa por conhecimento e repleta de curiosidade.
Pinóquio enfrenta dificuldades para ser aceito, para ser visto como criança ou para entender o que não deveria fazer. Pouco a pouco, essa discriminação dá lugar ao prestígio por suas habilidades. É assim que Conde Volpe, o vilão, leva o boneco de madeira para trabalhar no circo. Ali se desencadeiam todos os problemas de Pinóquio e os maiores medos de Gepeto.
A trama vai do adorável ao sinistro e, ao longo da narração, conta com personagens inusitados como uma fada azul, com corpo diferente de qualquer fada ou anjo que você já tenha visto em outras animações.
Toda a história retratada no longa cria uma animação nada leve, mas capaz de te prender, te levando a rir e se emocionar, sobre um discurso bonito e sensível. Guillermo del Toro não desenha como a mentira é capaz de fazer um nariz crescer.
A moral de seu filme indica que não se deve iniciar novas relações tendo como base as relações passadas. É preciso estar de peito aberto para entender as diferenças de cada um.
Onde assistir: Netflix
Imagens: Netflix
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