A tragédia nas falésias da paradisíaca Praia de Pipa, litoral do Rio Grande do Norte, levou Hugo Mendes Pereira (32), a jovem Stela e o filho Sol, enquanto curtiam a terça-feira (17) de sol na praia, um dos programas preferidos da família que compartilhava os momentos de cumplicidade com os amigos nas redes sociais.
O Curta Mais sempre enfatiza boas histórias aqui no site e no feed das redes sociais. Portanto, não quisemos entrar nos detalhes da tragédia em si mas na bela e inspiradora história de vida desta pequena grande família que viveu a vida intensamente.
Hugo rodava o Brasil de Kombi ao lado da sua cachorrinha Brisa até resolver sossegar um pouco e formar uma família com a namorada Stela com quem teve um filho. O pequeno Sol tinha 7 meses e a mãe ainda tentou salvá-lo ficando por cima dele para proteger a criança do desabamento das falésias típicas do local. Os três, que nunca se desgrudavam, não resistiram e partiram juntos no lugar onde resolveram fixar endereço. Para alguém que rodava milhares de quilômetros nas estradas perigosas do Brasil, quem poderia imaginar perder a vida em um dos destinos mais pacatos e paradisíacos do país? “Logo eu que vivia na rua, hoje não quero mais sair de casa”, escreveu nas redes sociais em uma foto com o filho.
Foto: Reprodução/Instagram @brisanakombi
Ele já havia enfrentado outras tragédias particulares. Perdeu a mãe e também viu partir sua companheira de 12 anos de estrada, a vira lata Brisa, vítima de um câncer. “Não questiono nada que não está ao meu alcance mudar, aceito, agradeço, me sobra fé e a certeza de um dia nos reencontrar”, escreveu sobre as duas perdas em um dos seus posts.
Hugo inspirava vários seguidores com suas mensagens de fé, liberdade e espalhava positividade por onde passava. Ele chegou a deixar uma carreira bem sucedida no mundo dos negócios para conquistar a liberdade e explorar o mundo. Conheceu 5 continentes, vários países, distintas culturas e 24 estados no Brasil. Ele dizia que se viu ao longo da vida, por muitas vezes, vendendo seu tempo para comprar algo que ele sequer precisava. Orgulhar aos que estavam ao seu redor, ser quem esperavam que ele fosse. “Mas e eu?” Perguntou-se em dado momento antes de uma viagem. “Tem pessoas que usam a expressão tempo é dinheiro, desculpe, mas na minha vida tempo é muito mais do que isso. O dinheiro vai e vem e por aqui fica. O tempo não volta”.
Aos 32 anos, a morte trágica do viajante que viveu intensamente junto com sua família a simplicidade da vida, pegou muita gente de surpresa. E para os que ficam, talvez ele tenha deixado um recado duas semanas antes de partir registrado nas redes sociais: “tem gente que se acha rico porque tem um bolo de dinheiro guardado no cofre. Eu me sinto o homem mais rico do mundo porque tenho algo que dinheiro nenhum é capaz de comprar: Minha família, muito amor”.