Cientistas descobrem espécie de Beija-flor brasileiro que canta em frequência ultrassônica

Uma espécie de beija-flor com um canto ultrassônico intriga a ciência desde 2015. Isso porque o tipo de vocalização aguda e acima do limite audível para nós, humanos, é até comum para outros mamíferos, como morcegos e cetáceos (baleias e golfinhos), mas é raro em aves.

Mas um beija-flor brasileiro é único em apresentar esse tipo de frequência sonora, e a suspeita é de usá-la justamente para fugir da competição sinfônica de outras aves.

A descoberta, liderada pelo neurocientista brasileiro e professor da Escola de Medicina de Oregon (EUA) Cláudio Mello, conta com a participação de pesquisadores da Universidade do Arizona e da Rockfeller University, ambas também americanas, e da Pontifícia Universidade Católica de Belo Horizonte (PUC-BH) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Chamada de beija-flor preto da cauda branca (Florisuga fusca), a ave, endêmica da Mata Atlântica, é capaz tanto de produzir sons quanto escutá-los acima de 10 quilo Hertz de frequência (considerado elevado).

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(Foto: José Antônio Vicente)

Para se ter uma ideia, a maioria das aves canta dentro da frequência sonora intermediária, de 0,5 a 6 kHz, com a média em 2 a 3 kHz. Já os indivíduos de Florisuga estudados cantavam em uma frequência média de 11,8 kHz. Já a faixa considerada audível para o ouvido humano vai de 0,2 a 20 kHz.

As primeiras observações de vocalização da espécie foram feitas ainda na década de 1970, na área da reserva do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA), em Santa Teresa (ES), pelo fundador do parque, o naturalista Augusto Ruschi.

À época, sofrendo de perda auditiva, o cientista descreveu que o beija-flor “cantava, mas ele não conseguia ouvir”, achando que era uma condição dele próprio. Mal sabia ele que, na realidade, não era possível escutar o canto da ave.

A descrição da frequência sonora, porém, foi concluída em 2018, em uma publicação na revista científica “Current Biology”. De lá para cá, Mello conta que recebeu uma bolsa da National Geographic Society para fazer uma nova expedição ao Brasil no início de 2020, mas, com a covid, o trabalho de campo foi adiado.

Passado o período mais restritivo da pandemia, ele e os colegas puderam fazer um estudo in loco em outubro último. Observaram 40 aves e viram que a frequência ultrassônica era, de fato, única para essa espécie de beija-flor.

“Quando voltamos com equipamentos especializados para captar ultrassom, comprovamos o que já havíamos constatado, que eles cantam em uma faixa que em geral outras aves não vão ouvir. E isso pode ser interessante, eles podem ocupar uma faixa em que a comunicação deles não é interrompida”, descreve Mello.

Segundo ele, a frequência mais alta, porém, viaja em ondas mais curtas, o que indicaria uma comunicação a curta distância. “Estamos analisando agora os dados coletados para obter a resposta de qual a distância em que essa informação [o canto] chega e, também, se os filhotes conseguem ouvir os pais.”

Nas aves, a vocalização é um instrumento importante até mesmo para o aprendizado dos filhotes. “O aprendizado vocal implica que o filhote de dentro do ninho ouça o canto do adulto e imite o canto, então é extremamente importante entender se eles conseguem ouvir os pais.”

Como há poucos dados na literatura até mesmo sobre como funciona o comportamento de aprendizado em beija-flores, a pesquisa ainda deverá ser testada, inclusive tocando o gravador em outras localidades em que a espécie é encontrada, para saber se esse ensinamento é passado entre as gerações.

Biodiversidade

De acordo com o cientista, um próximo passo da pesquisa é estudar a anatomia interna de Florisuga para avaliar as adaptações que podem existir nas cordas vocais e no ouvido interno desses animais.

“Agora vamos focar projetos de longo prazo. Estamos aguardando firmar alguma parceria com o INMA para estudar a ecologia dessa espécie, que é realmente única. Esse é um bom exemplo de como a gente conhece ainda muito pouco da biodiversidade, e em especial da Mata Atlântica”, diz ele.

A expectativa é que não seja tarde demais, uma vez que a Mata Atlântica é o bioma brasileiro que mais perdeu área nos últimos 40 anos. Os cientistas já comprovaram a importância da floresta, que é considerada um “hotspot” de biodiversidade mundial, para o entendimento da diversidade de espécies brasileiras e também para a descoberta de novas plantas e seres com potencial farmacológico e econômico.

Como os equipamentos utilizados também são próprios para o estudo dos morcegos, o neurocientista afirma que parcerias desse tipo também são bem-vindas, até mesmo considerando o alto custo de cada aparelho, de até R$ 10 mil do captador ultrassônico e de R$ 15 mil a R$ 20 mil do gravador. “Os beija-flores cantam até umas cinco, seis da tarde, e depois vêm os morcegos, então dá para fazer duas pesquisas em um mesmo dia.”

 

*Folhapress

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Saiba quais são as espécies de árvores adequadas para plantio em Goiânia

A Prefeitura de Goiânia preparou uma lista com sete árvores apropriadas para plantio em calçadas, de modo a auxiliar os moradores que desejem solicitar mudas. A indicação dos técnicos da Gerência de Arborização Urbana da Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) leva em conta fatores naturais e a urbanização, e contempla espécies com características como não quebrar a calçada, raízes profundas e tamanho, dentre outros. 

As espécies estão disponíveis no WhatsApp do Disque-Árvore: (62) 99639-7495. “Levamos em consideração a largura da calçada, fiação elétrica e encanação, tudo para evitar que o morador tenha problemas futuros, e garantir o melhor espaço para desenvolvimento da árvore”, destaca o presidente da Amma, Luan Alves.

 

Veja quais são as espécies mais indicadas:

 

Acácia-Imperial

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Possui crescimento rápido, que atinge até 5 metros de altura e 4 metros de diâmetro de copa arredondada. Gosta de sol, exige pouca água e solo rico em matéria orgânica. Não apresenta raízes agressivas.

 

Estremosa ou Resedá

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Foto: Reprodução/Jardim e Paisagismo

Arbusto rústico e de fácil manutenção. A florada, nas cores branca ou rosa, se mantém intensa por toda a primavera. Não possui raízes agressivas e pode atingir de 6 a 8 metros de altura. Possui folhas resistentes à poluição, que caem uma vez por ano.

 

Pata de Vaca

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Foto: Reprodução/Cristina Braga

Árvore brasileira, nativa da Mata Atlântica, de porte médio, belas flores e folhagens. Suas raízes são profundas e não estouram as calçadas.

 

Escova de Garrafa

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Apresenta porte arbustivo ou de arvoreta, de 3 a 7 metros de altura. Resistente à seca, suas folhas são pequenas, lanceoladas a lineares, verdes, sésseis, perenes e aromáticas. Nas inflorescências, apresenta um cilíndrico com numerosos estames, semelhantes às escovas utilizadas para lavar garrafas. 

 

Jasmim Manga

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Possui caules grossos e lisos, e pode chegar a 8 metros. Suas flores formam grandes inflorescências terminais e têm coloração rosa ou vermelha, com variantes brancas e amareladas. Floresce durante o verão e o outono. Ideal para calçadas, praças e parques.

 

Ipê-Tabaco

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Os ipês são árvores de grande porte, não devem ser plantados onde possui fiação. Suas raízes profundas não danificam as calçadas e exigem poucos cuidados. Muito comum em Goiânia, são usadas como árvores decorativas devido à sua florescência colorida e anual.

 

Jacarandá Mimoso

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Não deve ser plantada onde há fiação elétrica. É ideal para arborização de ruas, praças e avenidas. Possui floração exuberante. Sua altura vai de 8 a 15 metros. As raízes são profundas, não danificam calçadas e nem redes subterrâneas.

 

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Fotos: Amma Goiânia

Ipê mais antigo de Goiânia poderá ser tombado como Patrimônio Histórico da capital

O Ipê amarelo considerado o primeiro de Goiânia está florido e poderá, em breve, ser tombado como patrimônio histórico da capital. A espécie é uma das últimas a florescer neste ano, e tem idade estimada de 70 anos. 

A árvore está localizada em frente ao estacionamento do Parque Mutirama, na Avenida Contorno, Setor Central. A Agência Municipal do Meio Ambiente (Amma) destaca que quem quiser observar a espécie precisa se apressar, já que a florada dura somente cinco dias.

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O ipê deverá ser tombado pela Câmara Municipal de Vereadores, após incentivo da Prefeitura de Goiânia. O processo já foi enviado para a Secretaria Municipal de Cultura (Secult), com um relatório da Amma justificando a proposta. “Tombar o Ipê como patrimônio é reforçar a relevância ambiental e sociocultural de exemplares que fazem parte da história da cidade, garantindo, ainda, sua preservação”, defende o presidente da Amma, Luan Alves.

Gameleira

Goiânia já tem uma árvore tombada como patrimônio histórico, trata-se da Gameleira da Avenida Goiás Norte com a Avenida Nerópolis, na Região Norte da capital, no canteiro central por onde passará o Bus Rapid Transit (BRT).

A Gameleira foi tombada conforme a Lei Municipal nº 9.566, de maio de 2015, que declarou a árvore Patrimônio Histórico e Cultural do Município de Goiânia.

 

Fotos: Paulo José

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Espécie de pica-pau que inspirou desenho animado será declarado extinto

O pássaro chamado de pica-pau-bico-de-marfim (Campephilus melanoleucos), que inspirou o famoso personagem do desenho animado, e outras espécies de aves, peixes e uma planta devem ser declarados extintos pelo Serviço de Peixes e Vida Selvagem dos Estados Unidos. A confirmação foi dada por meio de um anúncio, divulgado pelo The New York Times nesta quarta-feira, 29.

 

O jornal ainda afirmou que, ao todo, as autoridades do país vão incluir mais 22 espécies ameaçadas (10 pássaros, oito mexilhões de água doce, dois peixes, um morcego e uma planta). 

 

O pica-pau-bico-de-marfim dependia de pântanos vastos para sobreviver, por isso, a espécie nunca foi conhecida como uma ave comum. Os fatores por trás dos desaparecimentos podem ser diversos, como a poluição da água, extração de madeira, competição de espécies invasoras, pássaros mortos por penas e animais capturados por coletores privados. Os cientistas também alertam que as mudanças climáticas devem acelerar o ritmo em que espécies são extintas.

 

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Imagem: Reprodução

 

O último aparecimento da ave nos Estados Unidos foi registrado na década de 40 na cidade de Louisiana. Entretanto, há relatos de aparição da ave nos anos 2000, mas nunca foram confirmados.

 

O desenho animado: Sucesso no Brasil

 

De acordo com a Revista Superinteressante, o Pica-Pau foi o primeiro desenho a ser exibido na televisão brasileira. Estreou um dia após a inauguração da TV Tupi, em setembro de 1950. No início, não havia dublagem: os curtas eram exibidos em inglês, com legendas. Ainda hoje é um dos desenhos mais exibidos no país.

 

Imagem capa: Divulgação

 

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Ave é encontrada no Cerrado após quase 100 anos sem ser vista

Um artigo científico publicado recentemente na Bulletin of the British Ornithologists’ Club (BBOC), um jornal renomado que contém muitas descrições de novas aves para a ciência, conta detalhes de uma expedição na Chapada dos Veadeiros, ocorrida em dezembro de 2020, onde o jovem naturalista Estevão Santos e o biólogo Marcelo Kuhlmann foram surpreendidos por um encontro totalmente inesperado: ficaram frente a frente com uma saíra-de-cabeça-azul, subespécie Stilpnia (Tangara) cyanicollis albotibialis.

 

Estevão e Marcelo organizaram uma expedição na mata para observar interações entre aves e a flora local, já que na época das chuvas aumenta a quantidade de frutos e sementes disponíveis na região. O que eles não imaginavam, porém, era observar a misteriosa ave logo no começo do percurso. “Quando chegamos na beira do rio São Miguel a gente viu uma pixirica, que pertence a um grupo de plantas frutíferas muito comum no Cerrado. E aí eu me lembro de ver um passarinho saltando na ponta da árvore, de um galho ao outro. A cor escura dele me chamou a atenção, porque era bem visível mesmo sem a utilização do binóculo. Quando eu bati o binóculo eu vi imediatamente que era essa saíra e quase caí pra trás”, contou Estevão em entrevista para o G1.

 

O curioso é que a dupla encontrou a Saíra na região de Alto Paraíso de Goiás, mesmo lugar que José Blaser, naturalista alemão, fez o primeiro e único registro da ave no ano de 1929, há quase 100 anos.

 

O local onde a ave foi vista é uma propriedade particular na Chapada com cerca de 80% da vegetação nativa conservada. Descobertas e artigos como esses também destacam a importância da conservação e mostram que, em ambientes conservados, ainda vivem espécies raras e desconhecidas.

 

Tanto macho como a fêmea da subespécie saíra-de-cabeça-azul possuem a mesma cor da plumagem das penas, de um azul extremamente vibrante na cabeça e o corpo preto com detalhes amarelados e alguns esverdeados na asa. Como a mata onde a ave foi avistada é muito grande, os pesquisadores suspeitam que possam haver mais indivíduos.

 

Imagem: Alex Parada

 

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Nova espécie de anfíbio é batizada com nome de Cora Coralina ao ser encontrada em Goiás

O anfíbio minúsculo de tamanho entre 1,25 e 1,53 centímetros foi encontrado numa poça d’água em meio ao milharal, após uma chuva em Palmeiras de Goiás, a cerca de 71km de Goiânia. Os pesquisadores Felipe Silva de Andrade, primeiro autor do trabalho, e Isabelle Aquemi Haga descobriram a espécie no ano passado, mas só revelaram agora.

A coincidência do encontro dos pesquisadores à beira da lagoa, muito semelhante ao “Poema do Milho” de Cora Coralina, fez com que Felipe tivesse a ideia de batizar o anfíbio de ‘Pseudopaludicola coracoralinae’, em homenagem à poetisa goiana.

A descoberta do novo anfíbio goiano se transformou em artigo publicado no dia 3 de julho no European Journal of Taxonomy. Além dos estudos morfológicos e genéticos, a nova espécie se distingue das demais do gênero por seu canto de anúncio.

Trecho do Poema do Milho

[…] Quando o tempo muda, a saúva revoa e um trovão surdo, tropeiro, ecoa na vazante lameira do brejo e dá para ouvir o sapo-fole, o sapo-ferreiro e o sapo-cachorro, como um canto de acauã de madrugada, para marcar o tempo e chamar a chuva.