Pesquisa revela que duas cervejas por dia reduzem risco de demência

Um trabalho publicado na última quinta-feira (22/9), na revista científica Addiction, revelou que o consumo moderado de álcool entre pessoas com mais de 60 anos pode oferecer um efeito protetor contra a demência. Liderado por cientistas do Centro para Envelhecimento Saudável do Cérebro, da Universidade de New South Wales, na Austrália, o trabalho utilizou informações de quase 25 mil indivíduos que fizeram parte de 15 estudos epidemiológicos conduzidos em nações localizadas em todos os continentes.

Durante a análise, os pesquisadores observaram que entre aqueles que bebiam moderadamente, em comparação com os participantes que não ingeriam nada de álcool, houve uma incidência de casos de demência até 38% menor, dependendo da quantidade. Os pesquisadores compararam também aqueles que bebiam, mas largaram o álcool, com os que nunca tiveram o hábito de consumir as bebidas. Porém não houve diferenças significativas na incidência de quadros de demência entre esses dois grupos.

Os cientistas concluíram que beber uma quantidade de até 40 gramas por dia de álcool, acima dos 60 anos, de fato está associado a um risco menor para o comprometimento cognitivo. Porém, embora uma lata de cerveja tenha, em média, 10 gramas, outros estudos apontam que uma quantidade além de duas unidades pode levar na realidade a um aumento do risco.

Conduzido por pesquisadores da França e do Reino Unido, um trabalho publicado no British Medical Journal (BMJ) analisou dados de quase 10 mil pessoas e observou que beber até 14 unidades por semana – cerca de duas latas ou taças de vinho por dia – levou a uma incidência 47% menor de demência em comparação aos que não ingeriam álcool. No entanto, quando avaliado o consumo maior que 14 unidades por semana, foi constatado um efeito inverso: o risco aumentou 17%.

Os cientistas acreditam que os efeitos positivos de doses moderadas podem estar ligados à capacidade de diminuir a inflamação do cérebro e modular a concentração de proteína beta-amiloide no órgão, fator que é ligado ao Alzheimer, por exemplo. Outra hipótese é que baixas concentrações de álcool ativam o sistema glinfático, que funciona limpando as toxinas do cérebro e como uma espécie de protetor dos neurônios, as células cerebrais.

Os pesquisadores ressaltam, no entanto, que os achados não devem ser traduzidos como uma indicação médica de álcool para aqueles que desejam se proteger contra a demência. Eles explicam que, mesmo em doses moderadas, o álcool já foi associado a um aumento em doenças cardiovasculares e outros impactos no cérebro que podem ser prejudiciais para o órgão de outras maneiras.

“O estudo atual encontrou evidências consistentes para sugerir que a abstinência de álcool na vida adulta está associada ao aumento do risco de demência internacionalmente. Esses achados precisam ser equilibrados com evidências de neuroimagem sugerindo que mesmo níveis baixos de uso de álcool estão associados a uma pior saúde cerebral, bem como a relações dose-resposta entre o uso de álcool e outros resultados de saúde, incluindo alguns tipos de câncer. Por essas razões, não é recomendado aconselhar aqueles que atualmente se abstêm a começar a beber”, escreveram os autores do novo estudo.

Além disso, outras evidências apontam que qualquer benefício é limitado para faixas etárias mais velhas. Um time de cientistas analisou dados do Estudo de Carga Global de Doenças, Lesões e Fatores de Risco (GBD), uma ampla pesquisa que envolveu dados de pessoas entre 15 a 95 anos, de 204 países, coletados entre 1990 e 2020. O trabalho, publicado no periódico The Lancet, mostrou que somente para os acima de 40 anos, e que não têm problemas de saúde subjacentes, uma quantidade limitada pode ajudar a reduzir os riscos de algumas doenças.

Em resumo, trata-se de uma balança. Embora o novo estudo de fato mostre uma relação com o menor risco de demência para aqueles com mais de 60 anos que bebem de forma moderada, são conhecidos outros aspectos da saúde que são impactados mesmo nas mais baixas incidências do álcool. A boa notícia é que há uma série de fatores que levam de fato a uma proteção contra a doença — sem efeitos negativos.

Um estudo publicado neste ano no periódico Neurology, com informações de mais de 10 mil pessoas, coletadas durante três décadas, mostrou que um conjunto de 7 hábitos simples diminuem o risco de demência em até 43%, mesmo para aqueles com predisposição genética. São eles: permanecer ativo; adotar uma alimentação saudável; evitar o sobrepeso; não fumar; manter a pressão arterial adequada; controlar o colesterol e a taxa de açúcar no sangue.

 

*Agência O Globo

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Vitamina K, presente no brócolis, pode proteger contra demência, diz estudo

Um estudo feito na Arábia Saudita mostra novas evidências de que a alimentação tem papel importante na prevenção de doenças neurodegenerativas. De acordo com os cientistas da Universidade AlMaarefa, a vitamina K pode proteger idosos do Alzheimer e outras formas de demência. As informações são do portal Metrópoles.

O nutriente está presente principalmente em vegetais folhosos verde-escuros, como brócolis, couve e espinafre, e também é encontrado no agrião, rúcula, repolho, alface, nabo, azeite, abacate, ovo e fígado. Na pesquisa, os cientistas analisaram o funcionamento do sistema cognitivo e o comportamento de camundongos com idade avançada durante 17 meses. Metade deles recebeu suplementação com vitaminas do complexo K, e a outra metade, dieta tradicional, para comparação. 

Os que receberam a vitamina apresentaram melhora da memória espacial e da capacidade de aprendizagem, além de redução significativa do comprometimento cognitivo – a transição entre cognição normal e demência –, e de depressão e ansiedade. Os resultados do estudo, ainda não publicado em revista científica, foram apresentados no encontro anual da Associação Americana de Anatomia, nos Estados Unidos.

“A vitamina K2 demonstrou um impacto muito promissor em impedir alterações comportamentais, funcionais, bioquímicas e histopatológicas relacionadas ao envelhecimento do cérebro senil”, escreveu o principal autor do estudo, Mohamed El-Sherbiny, em um comunicado.

Ao examinar o tecido do cérebro dos animais os pesquisadores observaram o aumento da tirosina, aminoácido que ajuda a preservar as funções cognitivas.

Os resultados do estudo, ainda não publicado em revista científica, foram apresentados no encontro anual da Associação Americana de Anatomia, nos Estados Unidos.

Os pesquisadores ponderaram que mais pesquisas precisam ser feitas para comprovar os benefícios do nutriente, mas destacaram que a vitamina K “pode ser proposta como abordagem promissora para atenuar os distúrbios relacionados à idade e preservar as funções cognitivas em indivíduos idosos”.

 

Imagem: pixabay

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Cheirar pum reduz riscos de câncer, ataques cardíacos e demência

Cientistas britânicos afirmam: cheirar pum pode reduzir os riscos de câncer, acidentes vasculares cerebrais, ataques cardíacos, artrite e demência. A descoberta é de Mark Wood e Matt Whiteman da Universidade de Exeter, no Reino Unido.

Eles estão tão convencidos do fato que criaram em laboratório um composto que imita os benefícios dos gases eliminados pelo corpo humano. Segundo Wood, o sulfeto de hidrogênio, produzido enquanto o corpo digere os alimentos, pode resultar em terapias para várias doenças.

É claro que quando inalados em altas doses, os gases podem ser nocivos. Mas ao que parece, uma cheiradinha de vez em quando pode fazer bem à saúde. E aí, vai pensar duas vezes antes de fugir daqueles gases inapropriados?