A Netflix criou uma tendência que praticamente inexistia antes dela, a de criar franquias de comédias românticas. Talvez essa ideia tenha se originado na literatura, onde a continuação de histórias menos fabulosas se tornou uma prática comum, inclusive com a compra de direitos de livros para essa finalidade. A bola da vez é “Como Superar um Coração em Pedaços”, uma continuação que, para os padrões do streaming, demorou cinco anos para ser feita. Ao dar play, descobri que se tratava de uma sequência, mas a narrativa é tão bem construída que é possível aproveitar o filme mesmo sem ter assistido ao original.

Dirigido por Joanna Lombardi, que também comandou o primeiro filme, “Como Superar um Coração em Pedaços” nos apresenta um aparente triângulo de amigas, mas o verdadeiro protagonismo está nas mãos de María Fe, uma aspirante a escritora. O filme aborda uma fatia da sociedade em crescimento nos dias de hoje: o influenciador que transformou suas experiências em um livro, descritas em um blog. Isso nos leva a questionar se essa é uma nova modalidade de profissional oriundo da mídia. No entanto, o filme não se preocupa em julgar o ganha-pão da protagonista, pois sua principal preocupação é com seus personagens e suas jornadas.

“Como Superar um Coração em Pedaços” é consciente de suas próprias qualidades e brinca de maneira inteligente com o gênero das comédias românticas. O roteiro, escrito por Maria José Osorio, tece uma trama repleta de relações cotidianas e leveza, criando uma narrativa envolvente. Surpreendentemente, o título em português do filme não se encaixa nas expectativas de uma decepção amorosa em curso, como sugere. O que María Fe enfrenta vai além disso, uma perda irreparável que aciona gatilhos para suas dúvidas profissionais e, posteriormente, amorosas.

O filme não é necessariamente inovador em seu roteiro, mas usa essa familiaridade com o gênero a seu favor. “Como Superar um Coração em Pedaços” faz uma homenagem não declarada, expondo os clichês das comédias românticas e transformando-os em momentos de humor. Quando os personagens expressam sua aversão ao gênero, o filme se apropria das críticas, incorporando-as à trama de maneira fresca e inovadora.

A performance inspirada de Gisela Ponce de Léon como protagonista é um dos destaques do filme, elevando o conjunto com sua interpretação que mescla acidez, ingenuidade e romantismo desacreditado. O filme não enfatiza o óbvio, como a relação de María Fe com dois personagens masculinos diferentes, permitindo que os espectadores descubram qual será a função de cada um na história.

No entanto, “Como Superar um Coração em Pedaços” não consegue escapar completamente de uma característica do melodrama televisivo, o que talvez o aproxime do estilo argentino. Apesar de sua duração adequada, o filme acelera seu desenrolar, deixando alguns aspectos da trama subdesenvolvidos. O desfecho romântico de María Fe, por exemplo, é resolvido em uma cena rápida, deixando a sensação de que gostaríamos de ter mais tempo para acompanhar o desenrolar das histórias.

No esforço contínuo de expandir seu catálogo, a Netflix adiciona regularmente novos títulos ao seu portfólio. “Como Superar Um Coração em Pedaços” é a mais recente aposta, uma sequência de um dos maiores sucessos da plataforma. Dirigido por Joanna Lombardi e escrito por María José Osorio, o filme é baseado no blog e livro homônimo de María José Osorio.

No elenco, destacam-se Gisela Ponce de León, Karina Jordán e Jely Reátegui, acompanhados por um elenco talentoso. A história segue María Fe, uma escritora em crise existencial, forçada a voltar à casa dos pais aos 32 anos devido a uma pandemia. Pressionada pela editora, ela se vê obrigada a retomar sua carreira e enfrentar seus dilemas, que incluem envolver-se com a pessoa errada.

“Como Superar Um Coração em Pedaços” já está disponível na Netflix, oferecendo aos espectadores uma abordagem única e refrescante das comédias românticas, ao mesmo tempo em que brinca com seus clichês e oferece atuações memoráveis. Embora não seja perfeito em sua execução, é um filme que vale a pena conferir para aqueles que desejam uma experiência cinematográfica diferente no gênero romântico.