Suíços inauguram maior túnel do mundo dentro do prazo e do orçamento previstos

Túnel de Base de São Gotardo percorre 57,1 quilômetros sob os maciços Alpes

Marcelo Albuquerque
Por Marcelo Albuquerque
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Imagine percorrerquase 60 quilômetros em alta velocidade por um túnel que atravessa o coração de um maciço nos Alpes.

A experiência se torna realidade a partir desta quarta-feira (01/06), com a inauguração do Túnel de Base de São Gotardo, o mais longo túnel ferroviário do mundo, na Suíça.

O túnel é um projeto de superlativos: a ferrovia percorre 57,1 quilômetros sob os Alpes; no total foram perfurados 151 quilômetros de túneis e passagens no maciço montanhoso. Do início das obras até a inauguração, marcada para esta quarta-feira (01/06), passaram-se 17 anos. Ainda mais impressionante é o cronograma de execução ter sido mantido, e os custos não terem ultrapassado o orçamento originalmente previsto.

A estrutura deve se tornar um dos mais rápidos e eficientes elos de ligação entre o sul e o norte da Europa.

O objetivo é agilizar o trânsito de mercadorias e pessoas, assim como aliviar a contaminação causada pelo tráfego de veículos que circulam por rotas vizinhas.

Premiê italiano Matteo Renzi, presidente federal suíço Johann Schneider-Ammann, chanceler alemã Angela Merkel e presidente francês François Hollande fazem viagem inaugural
Premiê italiano Matteo Renzi, presidente federal suíço Johann Schneider-Ammann, chanceler alemã Angela Merkel e presidente francês François Hollande fazem viagem inaugural

 

O Túnel de Base de São Gotardo liga a cidade de Bodio (sul) à comuna de Erstfeld (norte), conectando assim às regiões de língua italiana e alemã da Suíça.

 

A aguardada inauguração contou com a presença de importantes líderes europeus: a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, estiveram entre os passageiros da primeira viagem pelo túnel.

O Gotthard Base Tunnel (GBT) tem 57 quilômetros de comprimento e conecta o norte ao sul da Europa em alta velocidade, com trens saindo da cidade suíça de Erstfeld e indo até Bodio. Quando estiver em pleno funcionamento, a partir de dezembro, a viagem de Zurique até Milão, na Itália, irá durar duas horas e quarenta minutos, quase uma a menos do que o tempo atual. O número de passageiros que utilizam as ferrovias no país diariamente deve crescer de 9 mil para 15 mil até 2020 devido à construção, afirmou o serviço federal de rodovias. O governo da Suíça também acredita que o túnel irá revolucionar o transporte de cargas no continente.

Tamanha foi a quantidade de rocha e escombros retirados ─ mais de 28 milhões de toneladas, no total – que no vale onde se encontra uma das bocas do túnel “nasceram” várias montanhas.

O projeto custou mais de 12 bilhões de francos suíços (cerca de 43 bilhões de reais) e foi aprovado pela população do país em um referendo em 1992. Dois anos depois, os eleitores também confirmaram uma proposta de grupos ambientalistas para transferir todas as viagens de frete do país via caminhões para trens, que poluem menos. Para inaugurar a obra dentro do prazo, foram necessárias 48 mil horas de trabalho ininterrupto, com 125 operários se revezando em três turnos.

Apesar de a Suíça ter acabado de bater o recorde de comprimento, outros países já buscam roubar o título. O governo chinês planeja a construção de um túnel que atravessa o estreito de Bohai com 123 km, mais que o dobro do GBT.

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