Saiba de onde vêm os animais do Zoológico de Goiânia

O Parque Zoológico de Goiânia acolhe animais que sofreram maus tratos de todo o País, que recebem abrigo e comida como não conseguiriam mais se fosse soltos na natureza

Lorena Lázaro
Por Lorena Lázaro
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O Parque Zoológico de Goiânia foi fundado em 1956 e desde a sua criação, se propõe a acolher animais que vêm de todas as partes do Brasil. É comum ver movimentos que julgam esses ambientes como sendo abusivos contra os animais, no entanto, eles têm um papel muito importante no cuidado com a fauna que não pode mais sobreviver sozinhas na natureza.

Há tempos  os zoológicos deixaram de ser um ambiente meramente expositório. Assim como da unidade de Goiânia, que atualmente abriga cerca de 479 animais de aproximadamente 120 espécies de aves, répteis e mamíferos, que recebem cuidados permanentes de uma equipe multiprofissional. Composta por cerca de noventa funcionários, eles alimentam, tratam e garantem um tratamento veterinário adequado.

Mas uma pergunta que sempre surge é se o zoológico compra animais. A resposta da admintração é objetiva: não existe compra de animais. Isso, inclusive é proibido no Brasil, assim como ter a posse de animal, ou seja, ninguém é dono de um bicho. O que existe é um direito de cuidados concedido pelo IBAMA. Contudo, um terço dos animais do Zoo de Goiânia é oriundo do Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do IBAMA, cuja função é recepcionar e reintroduzir animais silvestres resgatados ou apreendidos. No entanto, a depender do estado de saúde desses espécimes, é impossível reintegrá-los à natureza. O parque também faz parte de um acordo de cooperação técnica entre a Associação de Zoológicos e Aquários do Brasil, AZAB e Ministério do Meio Ambiente,  que busca o  manejo fora da natureza de espécies ameaçadas.

Além de apoiar projetos e ações relacionadas à conservação de espécies animais, especialmente aquelas ameaçadas de extinção, o Zoológico de Goiânia também oferece apoio para pesquisas científicas voltadas ao comportamento e bem-estar animal e promove sensibilização do público para questões voltadas para a conservação ambiental por meio de práticas de educação ambiental.

Para entender melhor como isso funciona, fomos em busca de  algumas histórias desses animais que foram maltratados, baleados e explorados em circos, mas ao serem resgatados, conseguiram recuperar sua saúde por conta do cuidado meticuloso realizado lá. 

 

– Urso Pardo Robinho – Ursus Arctos

O Urso-pardo (Ursus arctos) é um animal solitário e vive pacificamente quando há abundância de alimento. Durante o inverno ele busca covas e cavernas para se esconderem. Nessas cavernas, eles entram em estado de letargia, que pode durar até 7 meses. Eles vivem de 25 a 30 anos, podendo chegar a 3 metros de altura quando estão em pé!

Esse grandão pesa mais de 200 kg e tem uma casa com piscina, área verde, parquinho e até ar-condicionado. Sem falar da comidinha fresca que chega duas vezes ao dia. Ahhhhhhh, e nos dias quentes ele recebe até uns picolés de frutas e peixe! Robinho nasceu no zoológico em 2003 e já tem quase 20 anos, um idoso.

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– Loba Catarina – Chrysocyon brachyurus

       O  lobo Guará é o maior canídeo da América do Sul e é uma espécie ameaçada de extinção. No zoológico foi possível até escrever uma história de amor para Catarina. Ela    chegou em  2015 destinada pelo Cetas, quando foi encontrada junto ao corpo da mãe, próximo a uma rodovia. Pesava 3,3 kg, muito desidratada e estava desnutrida. Recebeu todos os cuidados por parte da equipe técnica e acabou ficando muito mansa em função disso. Ela foi colocada com o macho de lobo Nero, que tem aproximadamente a mesma idade e eles já tiveram 7 filhotes.

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–  Sussuarana Moana – Puma concolor

            Moana chegou ao zoológico de Goiânia em  2019 também trazida pelo Cetas com aproximadamente 4 meses, já acostumada com o manejo com pessoas. É um animal que não teria como ser reintroduzido na natureza, visto que não possui o instinto de caça aguçado, pois sempre dependeu de cuidados humanos desde filhote. Recebe todo o carinho da equipe técnica e dos cuidadores do setor, sendo realizados enriquecimentos alimentares e ambientais frequentes para que ela se exercite e desenvolva seus instintos.

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– Harpia – Harpia harpija

          A majestosa ave  chegou ao zoológico de Goiânia em  2013, depois de ser resgatada em Cocalzinho, onde foi alvejada com um tiro de carabina 12. Diversos balotes de chumbo alojados nela foram retirados através de cirurgias. Muito debilitada, não conseguia voar nem poucos metros, por isso foram feitas adequações no ambiente onde ela fica, com colocação de poleiros em diversos níveis, para estimular voos pequenos, e hoje ela já consegue voar em todo o recinto.

           Também chamado de gavião real, a harpia é uma das maiores aves de rapina do mundo com uma envergadura da asa que pode chegar a 2,5m. É uma espécie ameaçada de extinção e está quase extinta na mata atlântica

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–   Tigresa Paola – Panthera tigris

             O exuberante gato chegou em Goiânia em 2008, transferido de uma unidade  Santa Catarina, onde foi apreendida em um circo. Para se apresentar nesse picadeiro, ela teve suas garras arrancadas, o que a deixou sem um de seus principais instrumentos de defesa. Na época tinha cerca de 10 anos e era considerada uma idosa com 22 anos, quando morreu. A linda tigresa teve diversas comorbidades sérias como problema renal, hérnia de disco e atrofia de membro posterior, por isso recebia cuidados intensivos por parte da equipe técnica e dos cuidadores do zoológico.

Por ser um animal extremamente dócil, aceitava receber a alimentação e medicação na boca, o que facilitava muito o trabalho dos cuidadores.

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Nota de pesar

 

“Nossos corações se entristecem, vem aquele aperto doloroso, mesmo sabendo que fizemos de tudo para evitar a morte. Mas, não há mais o que ser feito! É com muita tristeza que a equipe do Parque Zoológico de Goiânia informa o falecimento da tigresa Paola” divulgou o zoológico em suas redes sociais. Confira a nota, na íntegra:

 

Foto de Capa: Gisele Silva

Com a colaboração do jornalista Wilton Morais – assessor de imprensa responsável pelo Zoológico de Goiânia 

 

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