Relógios de luxo viram alvo de assaltantes em Goiânia

Modelos como o Rolex, que chegam a custar R$ 200 mil, são os preferidos dos bandidos

Marcelo Albuquerque
Por Marcelo Albuquerque
eb98ca798e9a02e7780269131c016a7b

Goiânia, quarta-feira, 30 de março de 2016, 18h55, Rua 9, semáforo da Praça do Sol, Setor Oeste. Neste exato momento e local, um conhecido empresário da cidade foi abordado por dois assaltantes em uma moto. Ele estava dentro de um carro de luxo, mas os bandidos foram diretos ao que interessava: “passa o Rolex!”. “Ainda perguntei se eles queriam levar o carro e eles disseram para eu não reagir que o relógio bastava”, contou a vítima que prefere não se identificar. O relógio de luxo era um Rolex modelo GMT em ouro branco, avaliado em aproximadamente R$ 200 mil. É o terceiro caso na família só este ano. “Meu filho e minha mulher também tiveram os relógios roubados em plena luz do dia e da mesma forma”, conta.

Rolex

Rolex modleo GMT em ouro branco avaliado em R$ 200 mil.

Curta Mais apurou que esse tipo de crime tem se tornado cada vez mais comum em Goiânia. Na maioria dos casos as vítimas não registram ocorrência na polícia o que acaba dificultando uma investigação específica para combater a nova modalidade criminal. Em conversa com nossa reportagem, a assessoria de comunicação da Secretaria de Segurança Pública, diz que não dispõe de um detalhamento desse tipo de estatística. Alguns casos como carro, casa são mais comuns, mas não algo tão específico como o furto e roubo de relógio, apesar do valor agregado. “É fundamental a vítima registrar ocorrência imediatamente. Sem essa informação, esse tipo de crime não existe para as estatísticas da polícia. A orientação primordial é registrar o boletim de ocorrência para que a polícia possa agir de forma detalhada afim de combater especificamente a modalidade criminosa”, orienta. O telefone 197 da Polícia Civil funciona 24 horas para informações sobre as delegacias mais próximas e denúncias anônimas.

Um dos maiores comerciantes de relógio de luxo na capital, que também prefere não se identificar, confirma a onda de assaltos do tipo: “só este ano foram cinco clientes roubados e no ano passado mais de vinte. Todos com o mesmo tipo de abordagem. Bate a arma no vidro e abordam a vítima no trânsito. Eles conhecem bem o produto e em alguns casos ficam de olho na rotina ou mesmo na saída das lojas especializadas e shoppings. Os carros de luxo sem insufilm (película protetora) são os alvos preferidos dos bandidos e 99% dos relógios são da marca Rolex porque tem mais mercado”, conta.

O comerciante suspeita que os assaltos sejam cometidos por uma quadrilha especializada que veio de fora atraída pela característica de Goiânia, que conta com um aquecido mercado de luxo. Ele dá uma orientação importante: “Todo relógio tem chassi. É fundamental registrar o boletim de ocorrência com esses dados e comunicar diretamente à própria marca do relógio. Bandido só faz esse tipo de roubo quando tem alguém para comprar. Um produto com esse valor agregado deve necessariamente vir acompanhado da documentação original. Relógio sem documentação é fria”, alerta.

A orientação da polícia para evitar crimes dessa natureza é evitar deixar à mostra joias e relógios na rua, não usar celular na rua ou em lugares ermos, parar antes da faixa de pedestres para que haja uma saída de fuga em caso de emergência e atenção sempre. Em caso de assalto, registrar ocorrência imediatamente. “Oficialmente para o estado um crime sem ocorrência não existe”, afirma o delegado Gylson Mariano Ferreira, assessor de comunicação da Polícia Civil.

Com exclusividade ao Curta Mais, a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública confirmou que já existe uma equipe de inteligência da Polícia Civil investigando especificamente o roubo de relógios de luxo em Goiânia.