Protesto contra derrubada de 86 árvores na Avenida 136 em Goiânia quer chamar a atenção para aumento de alagamentos

Associação Pró-Setor Sul organiza manifestação contrário a construção de empreendimento no local nesta sexta-feira, ás 18 horas

Fernanda Cappellesso
Por Fernanda Cappellesso
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Em período em que a cidade de Goiânia sofreu com enxurradas causadas também por falta de locais para escoamento de água, oitenta e seis  árvores em um terreno às margens da Avenida  136,  foram derrubadas. Havia no local árvores de 15 espécies diferentes que faziam com que a velocidade da água que cai da chuva fosse reduzida e assim o impacto no concreto fosse menor. 

 

O local fica no Setor Sul, bem próximo ao setor Marista,  que é um dos bairros queridinhos pelo mercado imobiliário, devido a sua boa localização e valorização. A região é uma das três mais valorizadas de Goiânia

 

De acordo com o divulgado pelo  presidente da Associação Pró-Setor Sul, Edmilson Moura, árvores ficam próximas a mais importante nascente do Córrego Buriti, que abastece o Bosque dos Buritis e o Lago das Rosas. O desmatamento foi autorizado pela Prefeitura de Goiânia, após a venda do local pela União ao mercado imobiliário.  Deve ser construído no local um comércio com conveniência. 

O presidente da Associação Pró-Setor Sul, Edmilson Moura,  lamenta o desmatamento e destaca que a ação pode secar a nascente do córrego. avaliou que o desmatamento na região pode secar a nascente. Ele destaca que o local deveria ser uma área de preservação ambiental devido às nascentes importantes  que ali estão.

O engenheiro ambiental André Souza destaca que a grosso modo, sem entrar na peculiaridade da área e sem avaliar a fundo os elementos da região, a derrubada das árvores é preocupante porque pode gerar problemas graves resultantes da perda de vegetação e permeabilização do solo. 

De acordo com ele, é possível ampliação e aumento da intensidade dos  alagamentos na região  da construção e ao longo de todo o caminho percorrido pelo  Córrego dos Buritis. 

Entre os pontos preocupantes, que estão na lista de pontos críticos de alagamentos em vias públicas de Goiânia – que foi elaborada pela defesa civil da cidade, destacam-se a Rua 87 com Avenida Cora Coralina e Rua 132, no Setor Marista; além da Avenida Assis Chateaubriand, na região próxima ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás.

O engenheiro ambiental destaca ainda que em um momento em que a cidade de Goiânia precisa discutir maneiras de reduzir alagamentos, por estar correndo de ter transtornos como os de São Paulo, permitir a derrubada de tantas árvores vai gerar ainda mais conflitos tanto ambientais quanto sociais.

A posição da construtora 

O Grupo IS Marista, responsável pelo terreno da Av. 136, em Goiânia, entrou em contato com a nossa redação por meio de seu diretor Igor Sebba. Ele explicou que  explicou alguns pontos sobre o caso.

De acordo com Igor, as árvores que estavam no local não eram árvores nativas. Todas eram árvores que já haviam sido plantadas anteriormente e, que muitas delas, já estavam caindo sobre os muros, durante as chuvas.

O empresário destacou ainda que  o Grupo IS Marista tem todas as autorizações e fez toda a documentação de acordo com o que pede o novo Plano Diretor de Goiânia. Ele destacou que o início do trabalho foi autorizado na última semana de janeiro, quando o novo Plano Diretor já estava em vigor. 

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Igor esclareceu ainda que o local não é uma Área de Proteção Permanente (APP), que são locais que estão até 100 metros às margens das nascentes de água.  “A nascente está há 350 metros e fica no Clube dos Oficiais. A essa distância ela está totalmente fora do raio de qualquer legislação para nascente”, explicou.

Sobre a “supressão das árvores”, que é o termo técnico para a derrubada, ele destacou que todo o trabalho foi feito dentro de toda a legalidade e seguindo todas as orientações da Agência Municipal do Meio Ambiente (AMMA). “Antes de iniciar fizemos inclusive a compensação ambiental com  a doação de 3150 árvores para a AMMA. Eles pediram 3040 e nós doamos 100 árvores a mais para fazer a compensação ambiental para a prefeitura. Essas mudas a prefeitura de Goiânia vai plantar em áreas degradadas do município”, explicou.

De acordo com ele, não será levantado no local um edifício. “Vamos construir no futuro, uma obra horizontal, de baixo impacto e sustentável, respeitando todo o regramento municipal e ambiental proposto pelos órgãos competentes que vai somar para a região e que vai arrancar elogios”, contou.

Igor disse ainda que ainda será definido o que será implantado no local, mas que o Grupo IS Marista estuda a possibilidade de um mercado saudável ou de um empório. O empreendedor revelou ainda que, o grupo estuda a possibilidade de, antes de iniciar a obra, montar quadras esportivas de areia no local para que a população possa usufruir gratuitamente de esportes como beach tennis, futevolei, volei de areia etc. “É preciso destacar que ainda estamos estudando tudo, não temos nem projeto pronto”, explicou.

Sobre o Ministério Público Estadual estar averiguando a questão, Igor disse que o grupo está tranquilo e acredita que será benéfico. “Está tudo dentro da legalidade”, pontuou.

Protesto da população

A Associação Pró Setor Sul (Aprosul) programou para as 18 horas desta sexta-feira (24), uma manifestação após desmatamento de área de 5 mil metros quadrados localizada na esquina da Avenida 136, Rua 132 e Rua 148, no Setor Sul.

O protesto tem como objetivo a preservação de nascentes no local. O desejo dos moradores é a criação de um espaço público de convivência, mantido como área de preservação; Evitar a impermeabilização do solo, inundações e alagamentos, além de consequências negativas para o trânsito e Meio Ambiente.

CAU faz denúncia ao Ministério Público

No final da sexta-feira, 24 de fevereiro, O conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás (CAU/GO) oficializou uma denúncia ao Ministério Público sobre o terreno.