Praia goiana de água doce encolheu; entenda os motivos

Colturato destaca que não há como reverter o processo para recuperar a areia da praia naturalmente

Ana Karoline
Por Ana Karoline
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A temporada do Araguaia ocorre anualmente durante o período de seca, geralmente entre os meses de junho a setembro. Nesse período, o nível da água diminui significativamente, criando praias de areias claras e águas calmas, proporcionando o cenário perfeito para atividades de lazer, relaxamento e contato com a natureza.

Localizada a 345 Km de Goiânia e 562 Km de Brasília, Aragarças está na divisa com o estado do Mato Grosso e é um dos destinos mais procurados nesta época do ano por ter em seu território a praia Quarto Crescente, que possui fácil acesso para turistas. No entanto, os frequentadores têm percebido o ‘encolhimento’ da faixa de areia no local com o passar dos anos.

Em entrevista ao site Semana 7, Silvio Cesar Oliveira Colturato, professor da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Araguaia (UFMT/CUA), aponta que ao “observar as imagens de satélite dos últimos 20 anos é possível notar a diminuição da área que antes era ocupada por areia”.

“Na imagem de abril de 2023 vê-se que a deposição de areia ficou restrita à uma estreita faixa, com pouco mais de 20 metros e extensão em torno de 150 metros”, conclui Silvio na mesma entrevista.

Para ele, as possíveis causas desse fenômeno estão ligadas a ações naturais e da intervenção humana como desmatamento das margens dos rios e mudanças climáticas.

Fatores como a diminuição da profundidade do leito do rio e a velocidade de fluxo das águas, faz com que a energia e o poder de transporte de sedimentos do rio seja menor. ” Isso aconteceu na foz do rio Garças, o que com certeza contribuiu com o estreitamento e diminuição da extensão da faixa de areia da Praia Quarto Crescente”, afirma Colturato.

O geólogo acredita que o descarte irregular de lixo nas praias durante a alta temporada, seja o maior problema e que as ações para preservação do meio ambiente são responsabilidade de todos os frequentadores destas áreas, bem como do poder público. 

Já o professor e doutor em Geografia Eduardo Vieira dos Santos aponta que que tanto a formação quanto as alterações observadas nas praias são fenômenos naturais que fazem parte da dinâmica fluvial do curso da água do rio. Segundo ele, a interferência do homem também pode influenciar esses processos.

“Possivelmente, no caso de Aragarças, como o rio não está conseguindo escavar o outro lado onde está o Porto do Baé, ele acaba não depositando tanto areia na parte da praia Quarto Crescente”, explica Vieira.

 

Créditos da imagem de capa: Flickr

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