‘Oppenheimer’ é um filme denso eficiente e audacioso de Nolan

Christopher Nolan ousa em 'Oppenheimer', mergulhando profundamente na vida do 'pai da bomba atômica'. Com performances intensas, a obra reflete sobre poder e autodestruição

Fernanda Cappellesso
Por Fernanda Cappellesso
5763583b2c05167d0423a2c3488861c6

O mais recente filme de Christopher Nolan, “Oppenheimer”, é uma obra provocante e desafiadora. O diretor britânico, conhecido por suas tramas complexas e ação de tirar o fôlego, experimenta desta vez uma abordagem mais íntima e focada no personagem, narrando a vida do físico americano Julius Robert Oppenheimer. Apesar das críticas levantadas em relação ao ritmo lento e à duração do filme, muitos defendem que “Oppenheimer” é um trabalho que não desperdiça um único segundo.

Com Cillian Murphy como protagonista, o filme é um retrato intenso e perturbador da vida do homem que ficou conhecido como o “pai da bomba atômica”. A atuação de Murphy é impressionante, mostrando um Oppenheimer atormentado, cuja expressão muda de forma notória ao longo da trama. Ao seu lado, o poderoso elenco coadjuvante, que inclui Emily Blunt e Robert Downey Jr., traz peso e profundidade à história.

Nolan demonstra uma destreza inovadora ao lidar com um roteiro repleto de diálogos extensos que exploram desde a moralidade de Oppenheimer até as implicações políticas do desenvolvimento das bombas atômicas. O diretor abandona seu estilo familiar de ação e complexidade narrativa, adotando um tom mais contido e reflexivo. Este experimento cinematográfico, ao mesmo tempo em que desafia as expectativas do público, revela uma nova faceta de sua habilidade como diretor.

Embora “Oppenheimer” abdique das cenas de ação, o filme não deixa de ser tecnicamente impressionante. A mixagem de som é magistralmente executada, criando uma sensação de imersão total nas cenas que lidam com a bomba atômica. As visões do protagonista de seus atos são amplificadas por um som envolvente, que consegue transmitir a grandeza e o horror da situação.

Algumas críticas apontam que “Oppenheimer” pode se perder em sua própria pretensão, arrastando-se em sequências de julgamento e sabatina no âmbito do governo. No entanto, outros argumentam que essas cenas, que transformam o filme em um drama político e até mesmo de tribunal, são fundamentais para o entendimento completo do personagem e do contexto histórico em que está inserido.

“Oppenheimer” é um filme que desafia tanto o diretor quanto o público. Não é um blockbuster no sentido tradicional, mas uma obra densa e reflexiva que provoca discussões profundas sobre o poder autodestrutivo do ser humano. Apesar de algumas falhas, “Oppenheimer” é um estudo impecável sobre um dos mais controversos cientistas do século XX, tornando-se uma adição valiosa à filmografia de Nolan.

O filme está em cartaz nos cinemas de Goiânia. Confira o trailer abaixo: