O que é o metaverso, apontado por Zuckerberg do Facebook como o futuro da internet

Novidade foi anunciada junto com a mudança de nome da empresa Facebook

Rafael Vaz
Por Rafael Vaz
ae8dcad0e309ae2d74045c873ccad841

O Facebook – a empresa, não a rede social -, agora se chama Meta. A mudança se tornou um dos assuntos mais comentados na internet após o anúncio feito pelo CEO da empresa, Mark Zuckerberg, na última quinta-feira (28/10). Na prática, o conglomerado por trás de redes sociais, como Facebook, Instagram e WhatsApp, demonstra uma visão bastante ambiciosa sobre o futuro, que, inclusive tem nome: metaverso.

Diferente do que muitos pensam, não se trata apenas de uma mudança de nome. A ideia de metaverso representa a possibilidade de acessar uma espécie de realidade paralela, em alguns casos ficcional, em que uma pessoa pode ter uma experiência de imersão. Tecnicamente, não é algo real, mas busca passar uma sensação de realidade. “A próxima plataforma será ainda mais imersiva – uma internet ampliada, onde você está dentro da experiência, e não apenas olhando para ela”, explicou o fundador em carta publicada no site do Facebook.

Na carta, Zuckerberg ressalta que qualidade será palavra de ordem no metaverso. “Você será capaz de fazer quase tudo que possa imaginar – reunir-se com amigos e a família, trabalhar, aprender, jogar, comprar, criar – e ainda viver experiências completamente novas”, afirma. Segundo ele, no futuro, os usuários poderão se transportar instantaneamente, na forma de um holograma, para chegar ao escritório sem ter que encarar o trajeto e, da mesma maneira, poderão participar de shows e outros eventos. “O metaverso vai abrir mais oportunidades, não importa onde você more”, diz.

Possibilidades
Conforme apurado até o momento, o conceito de metaverso ainda está desenvolvido, mas é possível imaginar alguns cenários:

1) As pessoas poderão ter avatares para interagir umas com as outras;

2) As videochamadas podem virar coisa do passado;

3) Será possível usar acessórios digitais, ampliando a ideia de exclusividade e luxo;

4) O entretenimento é um dos trunfos. 

Confira, abaixo, a íntegra da carta de Mark Zuckerberg

“Estamos no início no próximo capítulo da internet, e é o próximo capítulo para a nossa empresa também. Nas décadas recentes, a tecnologia deu às pessoas o poder de se conectarem e de se expressarem mais naturalmente. Quando eu fundei o Facebook, o que nós fazíamos era digitar textos em sites. Quando tivemos acesso a celulares com câmeras, a internet se tornou mais visual e mais móvel. À medida que as conexões ficaram mais rápidas, o vídeo se tornou uma maneira mais rica de compartilhar experiências. Fomos do desktop para a web, e depois para o celular; do texto para as fotos, e depois para o vídeo. Mas esse não é o destino final.

A próxima plataforma será ainda mais imersiva – uma internet ampliada, onde você está dentro da experiência, e não apenas olhando para ela. Chamamos isso de metaverso, e vai tocar todos os produtos que desenvolvemos. A qualidade que define o metaverso será uma percepção de presença – a sensação de que você está ali ao lado de outra pessoa, em outro lugar. Conseguir se sentir realmente presente ao lado de outra pessoa é o objetivo máximo da tecnologia social. É por isso que nosso foco está na construção do metaverso.

No metaverso, você será capaz de fazer quase tudo que possa imaginar – reunir-se com os amigos e a família, trabalhar, aprender, jogar, comprar, criar – e ainda viver experiências completamente novas, que não se encaixam realmente com o modo como vemos computadores e telefones hoje. Nesse futuro, você será capaz de se teletransportar instantaneamente, na forma de um holograma, para chegar ao escritório sem ter que encarar o trajeto; da mesma maneira, poderá ir a um show ou se sentar na sala de estar da casa de seus pais. O metaverso vai abrir mais oportunidades, não importa onde você more. Você será capaz de gastar mais tempo com o que realmente importa, cortar o tempo gasto no trajeto e reduzir a sua pegada de carbono.

Imagine quantos objetos físicos você tem hoje e que podem simplesmente se transformar em hologramas no futuro. Sua TV, seu escritório de trabalho com monitores múltiplos, seus jogos de tabuleiro e muito mais – em vez de objetos criados em fábricas, você terá acesso a hologramas desenhados por criadores em todo o planeta. Você se moverá entre essas experiências usando diferentes equipamentos – óculos de realidade aumentada para ficar presente no mundo físico, realidade virtual para fazer uma imersão, celulares e computadores para se conectar ao metaverso de diferentes plataformas.

O metaverso não será criado por uma companhia. Será implementado por criadores e desenvolvedores produzindo novas experiências e itens digitais que são interoperáveis e abrem as portas para uma economia criativa muito mais ampla do que aquela restrita pelas plataformas atuais e suas regras. Nosso papel nessa jornada é acelerar o desenvolvimento das tecnologias fundamentais, das plataformas sociais e das ferramentas criativas capazes de dar vida ao metaverso, e tecer essas tecnologias por meio dos nossos aplicativos de mídias sociais. Nós acreditamos que o metaverso pode proporcionar experiências sociais melhores do que qualquer alternativa disponível hoje, e nós vamos dedicar a nossa energia a tentar alcançar o seu potencial.

Como eu escrevi na nossa carta do fundador original: “Nós não criamos serviços para ganhar dinheiro: nós ganhamos dinheiro para criar serviços melhores. Essa atitude tem trazido bons resultados para nós. Nós construímos o nosso negócio para sustentar grandes investimentos de longo prazo destinados a desenvolver serviços melhores, e é isso que pretendemos fazer agora. Os últimos cinco anos fizeram com que eu e a minha companhia nos tornássemos mais humildes, de várias maneiras. Uma das maiores lições foi que criar produtos que as pessoas amam não é o suficiente.

Passei a admirar mais o fato de que a história da internet não é algo simples e direto. Cada capítulo traz novas vozes e novas ideias, mas também novas desafios e riscos, e disrupção em relação a interesses estabelecidos. Precisaremos trabalhar juntos, desde o começo, para trazer à tona a melhor versão possível desse futuro. Privacidade e segurança precisam fazer parte desse metaverso desde o primeiro dia. E também precisam estar ali padrões abertos e interoperabilidade. Isso vai exigir não apenas um trabalho técnico inovador – como sustentar projetos ligados a criptomoedas e NFTs na nossa comunidade -, mas também novas formas de governança. O mais importante é ajudar a criar ecossistemas, para que mais pessoas tenham uma participação ativa nesse futuro e possam se beneficiar dele, não apenas como consumidoras, mas como criadoras.

Esse período me ensinou muito porque, embora sejamos uma companhia muito grande, também aprendemos o que é construir algo dentro de outras plataformas. Viver sob suas regras moldou minhas opiniões sobre a indústria da tecnologia da maneira profunda. Isso fez com que eu acreditasse que a falta de escolhas para os consumidores e as altas taxas cobradas por desenvolvedores estão travando a inovação e atrasando o crescimento da economia da internet. Tentamos uma nova abordagem. Sempre quisemos que os nossos serviços fossem acessíveis para o maior número possível de pessoas, e isso significa trabalhar para que eles custem menos, e não mais. Nossos aplicativos são gratuitos. Nosso modelo de anúncios foi desenhado para proporcionar os preços mais baixos para as empresas. Nossas ferramentas de e-commerce estão disponíveis a preço de custo ou com taxas modestas. Como resultado, bilhões de pessoas amam os nossos serviços e centenas de milhões de negócios confiam nas nossas ferramentas.

Essa é a abordagem que queremos trazer para ajudar a construir o metaverso. Pretendemos vender os nossos dispositivos a preço de custo ou subsidiados, para torná-los acessíveis para mais pessoas. Vamos continuar a apoiar os processos de transferências de arquivos e streaming a partir de PCs, para que as pessoas tenham escolhas, em vez de obrigá-las a usar a Quest Stores para encontrar aplicativos ou alcançar consumidores. E vamos nos esforçar para oferecer serviços de criação e desenvolvimento com preços baixos sempre que possível, para que possamos maximizar a economia criativa de maneira geral. Mas teremos que nos assegurar que não vamos perder muito dinheiro no caminho.

Nossa esperança é que, na próxima década, o metaverso alcance um bilhão de pessoas, hospede um e-commerce capaz de movimentar centenas de bilhões de dólares, e dê suporte ao trabalho de milhões de criadores e desenvolvedores.

Quem somos nós

Ao embarcarmos neste próximo capítulo, pensei muito sobre o que ele significa para nossa empresa e para nossa identidade. Somos uma companhia que tem o objetivo de conectar pessoas. Enquanto a maior parte das empresas tech está focada em como as pessoas interagem com a tecnologia, nós sempre nos concentramos em construir uma tecnologia para que as pessoas possam interagir umas com as outras.

Hoje somos vistos como uma empresa de mídia social. O Facebook é um dos produtos de tecnologia mais usados na história do mundo. É uma marca icônica de mídia social. Construir aplicativos de redes sociais será sempre importante para nós, e há muito mais a ser construído. Mas, cada vez mais, deixamos de fazer apenas isso. Está em nosso DNA desenvolver tecnologia para aproximar as pessoas. O metaverso é a próxima fronteira para isso, assim como as redes sociais eram quando começamos.

No momento, nossa marca está intimamente ligada a um único produto, que não é capaz de representar tudo o que estamos fazendo hoje, muito menos o que iremos fazer no futuro. Com o tempo, espero que sejamos vistos como uma empresa metaversa, e quero ancorar nosso trabalho e nossa identidade nisto que estamos construindo agora.

Acabamos de anunciar que estamos fazendo uma mudança fundamental em nossa companhia. Agora, estamos vendo e reportando nossos negócios como dois segmentos diferentes: um para nossa família de aplicativos e outro para nosso trabalho em plataformas futuras. Nosso trabalho no metaverso não é apenas um desses segmentos. O metaverso abrange as experiências sociais e a tecnologia futura. À medida que ampliamos nossa visão, é hora de adotarmos uma nova marca.

Para refletir quem somos e o futuro que esperamos construir, tenho orgulho de compartilhar que nossa empresa agora é a Meta. Nossa missão continua a mesma – ainda é reunir as pessoas. Nossos aplicativos e suas marcas não estão mudando. Ainda somos a empresa que projeta tecnologia em torno das pessoas. Mas todos os nossos produtos, incluindo nossos aplicativos, agora compartilham uma nova visão: ajudar a dar vida ao metaverso. E agora temos um nome que reflete a amplitude do que fazemos.

De agora em diante, nossa prioridade será o metaverso, e não o Facebook. Isso significa que, com o tempo, você não precisará de uma conta no Facebook para usar nossos outros serviços. À medida que nossa nova marca começa a aparecer em nossos produtos, espero que as pessoas em todo o mundo conheçam a Meta e o futuro que defendemos. Eu costumava estudar clássicos, e a palavra “meta” vem da palavra grega que significa “além”. Para mim, isso simboliza que há sempre mais para construir e sempre há um próximo capítulo para a história. Nossa história começou em um dormitório e cresceu além de qualquer coisa que imaginávamos; gerou uma família de aplicativos que as pessoas usam para se conectar umas com as outras, para encontrar sua voz e para avançar com negócios, comunidades e movimentos que têm mudado o mundo.

Estou orgulhoso do que construímos até agora, e estou animado com o que vem a seguir – à medida que avançamos além do que é possível hoje, além das restrições das telas, além dos limites da distância e da física, e em direção a um futuro no qual todos podem estar presentes uns com os outros, criando oportunidades e experimentando coisas novas. Esse é um futuro que está além de qualquer empresa e que será feito por todos nós. Desenvolvemos produtos que uniram as pessoas de novas maneiras. Nós aprendemos lidando com questões sociais difíceis e vivendo sob plataformas fechadas. Agora é hora de pegar tudo o que aprendemos e ajudar a construir o próximo capítulo.

Estou dedicando nossa energia a isso – mais do que qualquer outra empresa no mundo. Se este é o futuro que você deseja ver, espero que se junte a nós. O futuro vai estar além de qualquer coisa que possamos imaginar.

— Mark Zuckerberg