‘Não renunciarei’, afirma Michel Temer

O presidente fez breve pronunciamento após a delação que abalou o Brasil nesta quinta-feira (18)

Paloma M. Carvalho
Por Paloma M. Carvalho
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A notícia da delação que abalou o Brasil na última quarta-feira (17) foi recebida como uma bomba no Palácio do Planalto e, claro, em todo o país. O dono da JBS Joesley Batista fez revelações sobre os esquemas de corrupção que envolvem diretamente o atual presidente Michel Temer (PMDB) e o senador, agora afastado, Aécio Neves (PSDB).

Em pronunciamento ao vivo à nação, o presidente afirmou que não vai deixar o cargo. “Não renunciarei. Repito: não renunciarei”.

Visivelmente alterado, Michel Temer falou em alto e bom som sobre o escândalo e enfatizou que “não comprou o silêncio de ninguém”.

No final de sua breve fala, Michel afirma: “Sei o que fiz e sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Meu único compromisso é com o Brasil, e só este compromisso me guiará.”

Confira o pronunciamento na íntegra:

Solicitei oficialmente ao Supremo Tribunal Federal acesso a esses documentos, mas até o presente momento não o consegui. Quero deixar muito claro dizendo que meu governo viveu nesta semana seu melhor e seu pior momento. Os indicadores de queda da inflação, os números de retorno ao crescimento da economia e os dados de geração de emprego criaram esperanças de dias melhores. O otimismo retornava e as reformas avançavam no Congresso Nacional.

Ontem (quarta), contudo, a revelação de conversa gravada clandestinamente trouxe de volta o fantasma de crise política de proporção ainda não dimensionada. Portanto, todo um imenso esforço de retirar o país de sua maior recessão pode se tornar inútil. E nós não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho feito em prol do país. Ouvi, realmente, o relato de um empresário que, por ter relações com um ex-deputado, auxiliava a família do ex-parlamentar.

Não solicitei que isso acontecesse e somente tive conhecimento desse fato nessa conversa pedida pelo empresário. Repito e ressalvo: em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja para ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém, por uma razão singelíssima: exata e precisamente porque não temo nenhuma delação.

Não preciso de cargo público nem de foro especial. Nada tenho a esconder. Sempre honrei meu nome. Na universidade, na vida pública, na vida profissional, nos meus escritos, nos meus trabalhos. E nunca autorizei, por isso mesmo, que utilizassem o meu nome indevidamente.

Por isso, quero registrar enfaticamente: a investigação pedida pelo Supremo Tribunal Federal será território de onde surgirão todas as explicações. E, no Supremo, demonstrarei não ter nenhum envolvimento com esses fatos.

Não renunciarei. Repito: não renunciarei.

Sei o que fiz. E sei da correção dos meus atos. Exijo investigação plena e muito rápida para os esclarecimentos ao povo brasileiro. Esta situação de dubiedade, de dúvida, não pode persistir por muito tempo. Se foram rápidas nas gravações clandestinas, não podem tardar nas investigações e na solução para essas investigações depois de tanto esforço e dificuldades superadas. Meu único compromisso, meus senhores e minhas senhoras, é com o Brasil. E é só este compromisso que me guiará.
Muito obrigado. Muito boa tarde a todos.