Município goiano de natureza apaixonante e cultura secular pode virar em cidade fantasma

Em Cavalcante, Goiás, a beleza natural e a cultura secular enfrentam o risco de declínio, enquanto a cidade luta para não se tornar uma cidade fantasma

Fernanda Cappellesso
Por Fernanda Cappellesso
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Cavalcante, situado no coração de Goiás, é um município que evoca uma combinação única de uma natureza esplêndida e uma cultura histórica profundamente enraizada. Com uma população de menos de dez mil habitantes e uma área de quase sete mil quilômetros quadrados, Cavalcante é um testemunho vivo da história do Brasil, com suas origens remontando à década de 1730, quando a corrida do ouro atraiu inúmeros aventureiros para a região. Embora a cidade tenha sido oficialmente reconhecida em 1939, hoje enfrenta o desafio de manter sua vitalidade e evitar tornar-se uma “cidade fantasma”.

Uma Riqueza Natural e Cultural

Cavalcante é mais do que um ponto no mapa; é um guardião de 60% do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e lar de uma parte significativa da comunidade Kalunga no Sítio Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga. A cidade é um destino imperdível para quem procura aventuras em meio às cachoeiras e trilhas do cerrado. A economia local, impulsionada principalmente pelo turismo ambiental, reflete o potencial inexplorado da região.

Desafios e Esperanças de Desenvolvimento

No entanto, Cavalcante figura na lista de cidades brasileiras com baixo Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), classificando-se na 4.540ª posição entre os 5.570 municípios do país, com um IDHM de 0,584. Isso coloca a cidade em uma encruzilhada crítica entre preservar sua riqueza natural e cultural e buscar o desenvolvimento econômico e social.

A Esperança nas Rodovias

A proximidade a rodovias é muitas vezes vista como uma artéria vital para o desenvolvimento econômico. No caso de Cavalcante, a esperança estava na BR-010, um projeto do governo Juscelino Kubitschek. Thaís Strozzi Carvalho, especialista em direito administrativo e infraestrutura, salienta a importância das rodovias para o desenvolvimento local, seja no turismo ou na distribuição de produtos.

Mudanças de Planos e Consequências

Contudo, o DNIT decidiu deslocar o trajeto previsto para a BR-010, que inicialmente passaria por Cavalcante, optando por um trajeto alternativo que causa menos impacto na Comunidade Quilombola Kalunga. Esta decisão suscitou preocupações entre a população local, incluindo líderes comunitários e empresários, que veem nessa mudança um retrocesso para o desenvolvimento da cidade.

Perspectivas Futuras

A situação de Cavalcante ilustra a complexidade do desenvolvimento sustentável, onde a preservação da riqueza natural e cultural deve ser equilibrada com a necessidade de crescimento econômico e melhoria das condições de vida. A decisão sobre a BR-010 não é apenas uma questão logística, mas também um reflexo das prioridades de desenvolvimento e dos desafios enfrentados por pequenas cidades em regiões remotas do Brasil.

A história de Cavalcante é um lembrete pungente da necessidade de uma abordagem equilibrada e multifacetada para o desenvolvimento, que respeite tanto o patrimônio natural e cultural quanto as aspirações econômicas e sociais de sua população.

Com informações do site Brasil 61