Mais que frio: Entenda o que é sensação térmica

O inverno veio com tudo para os goianos, mas vamos entender o porquê de algumas pessoas sentirem mais frio que outras

Anna Júlia Steckelberg
Por Anna Júlia Steckelberg
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O goiano está sofrendo nos últimos dias! O avanço de uma frente fria pelo território brasileiro veio com tudo neste inverno, e derrubou as temperaturas em vários estados. Levou até algumas localidades a registrar recordes de temperatura mínima neste ano.

Inclusive, hoje (30), Goiânia registrou 7ºC e São Paulo 5ºC, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Bom, se está ruim para nós e para os paulistanos, nestes dias, em Curitiba, as mínimas são de -1ºC e 2ºC, respectivamente. Na noite desta terça, cidades do Sul até registraram geadas. 

Mas ok, com todas essas baixas temperaturas, por quê ainda tem gente que sente mais frio que o normal? Ou não sente tanto frio assim? Isso se dá por uma outra métrica, além dos registros meteorológicos, é a sensação térmica. 

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Mas, afinal, o que é a sensação térmica?

Basicamente, a sensação térmica é um índice que representa como uma pessoa sente a temperatura na prática. Esse número pode ser calculado tanto no verão quanto no inverno, levando em conta dois principais fatores: a umidade do ar e o vento.

A umidade elevada dificulta a evaporação do nosso suor, que serve para manter a temperatura constante do nosso corpo, perto de 36,5°C. Enquanto isso, o vento tem implicações especialmente em dias mais frios, pois é como se o movimento do ar roubasse calor do corpo.

Mas o conceito de sensação térmica é mais polêmico do que parece. O meteorologista José Carlos Figueiredo, pesquisador do Instituto de Pesquisas Meteorológicas da Universidade Estadual Paulista (IPMet/Unesp) explicou à CNN as outras questões que interferem nesse conceito. 

“Eu sempre dou o exemplo do meu casamento. Toda noite eu e minha esposa brigamos pela temperatura do ar condicionado do quarto. Perceba: estamos na mesma temperatura, na mesma umidade, na mesma velocidade do vento, enfim, nas mesmas condições meteorológicas, mas eu sinto calor e ela sente frio”, exemplificou.

De acordo com Figueiredo, a sensação térmica não leva em conta outros fatores que influenciam na maneira como as pessoas percebem a temperatura, como a cor da pele, o nível de gordura e até a altura do indivíduo.

“Sensação térmica é apenas uma sugestão, uma ilustração, não quer dizer que a pessoa realmente vai sentir a temperatura daquela maneira”, disse o pesquisador ao veículo. “É uma informação, mas, na prática, na vida real, isso não tem sentido algum.”

Pra gente entender melhor, por exemplo, em um dia em que a sensação térmica seja 0ºC, não quer dizer, necessariamente, que a água de uma casa fique congelada. Também não é porque a sensação térmica chega a 100º C que a água vai começar a ferver e evaporar.

Além disso, o meteorologista ainda explicou à CNN que nos últimos dias tem sido frio devido ao avanço de uma massa de ar polar que viajou muitos milhares de quilômetros pela América do Sul até chegar ao país. 

Segundo o pesquisador, tal massa surgiu no Oceano Pacífico, atravessou, em parte, a Cordilheira dos Andes e desceu para a Argentina, de onde começou a ir para o norte, rumo ao Brasil. 

“A massa de ar vai para o Rio Grande do Sul e consegue fazer isso que estamos vendo, derruba a temperatura em boa parte do Brasil. Ela já está se posicionando entre o Paraguai e o oeste do Paraná e de Santa Catarina, então vai afetar mais as cidades do interior”, projetou Figueiredo. 

Segundo o meteorologista, é essa frente fria que está no país que baixou a temperatura em cidades tipicamente quentes, como Cuiabá, nossa Goiânia e Campo Grande, a níveis impressionantes.

Por exemplo, só nesta quarta-feira (30), as mínimas para Cuiabá e Goiânia foram de 7ºC (como sentimos na pele), enquanto Campo Grande viu os termômetros marcarem 3ºC no momento mais frio do dia.

“Os dias cruciais são terça, quarta e quinta-feira. Na sexta-feira já começa a esquentar e teremos um final de semana tranquilo”, finalizou o professor à CNN.

Pelo menos, para nós goianos, podemos aproveitar esses dias glaciais para comer uma boa pamonha quente e esperar o final de semana. 

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