Jô Soares: 9 curiosidades sobre a vida do apresentador

O perdão ao taxista que atropelou sua mãe, o primeiro porre aos 9 anos de idade, o trabalho como agente de turismo e a revelação de que sofria de TOC; relembre

Igor Ricardo
Por Igor Ricardo
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Jô Soares morreu na madrugada desta sexta-feira (5), aos 84 anos. O escritor e humorista estava internado no Hospital Sírio-Libanês desde o final do mês passado, em São Paulo.

 

A partida do apresentador, companheiro noturno dos telespectadores por décadas, causou comoção na população brasileira. Em homenagem à carreira do artista, confira 10 curiosidades sobre a vida desse apresentador, que se tornou um ícone da brasileira. Com informações da CNN. 

 

Morte do filho único

Jô Soares teve apenas um filho, Rafael Soares, de seu casamento com a sua primeira esposa, a atriz Teresa Austregésilo. Logo na infância, ele foi diagnosticado com “Transtorno do Espectro do Autismo” (TEA).

 

Em 31 de outubro de 2014, “Rafinha”, como carinhosamente chamado pelo escritor, morreu, aos 50 anos, em decorrência de um câncer no cérebro. Em 2 de novembro, o primeiro “Programa do Jô” após a morte de Rafael, Jô decidiu não só seguir com a apresentação do programa, como fazer uma homenagem ao filho.

 

“A nossa abertura hoje vai ser um pouco diferente, porque, na última sexta-feira, 31, eu sofri o pesadelo de todo pai, a inversão da ordem natural das coisas, a perda de um filho. Meu filho Rafael esteve no mundo durante 50 anos e foi uma criança especial. Como era autista, permaneceu menino até o fim”, iniciou o apresentador.

 

“Passou a vida inteira na realidade do próprio mundo. Corpo de adulto, coração e alma de criança. Tocava piano, adorava música, mas seu grande amor era o rádio. E essa disposição de viver com entusiasmo e até com paixão, esse caminho limitado que a vida lhe ofereceu, me dá muito orgulho do meu filho”, afirmou Jô.

 

Residência no Anexo do Copacabana Palace

Durante a infância, Jô morou no Anexo do hotel Copacabana Palace. Em sua biografia “O livro de Jô”, o humorista explica que o prédio foi projetado para ser habitado permanentemente por famílias, conceito oposto ao de hospedagem temporária da construção ao lado.

 

Jô conta que seu pai viu no Anexo a moradia ideal para a sua pequena família. “Fomos dos primeiros a fixar residência lá. O conceito de moradia permanente que norteou a construção do novo edifício não deu muito certo, mas meus pais permaneceram ali por cerca de uma década”, informou Jô na autobiografia.

 

“Bem moleque, eu subia ao último andar, chegava perigosamente à beira do parapeito e ameaçava me atirar na piscina. Os turistas, apavorados, gritavam: ‘No, please, no, you will never make it, você não vai conseguir’. Eu respondia: ‘Atendendo a pedidos, vou deixar o mergulho para amanhã”, relembrou, bem-humorado.

 

Era compositor

Jô Soares também era um compositor. Segundo o Ecad, ele deixou 10 canções autorais e 76 gravações cadastradas no banco de dados.

 

Trabalho em agência de turismo

Também em sua biografia, o artista revela um emprego inusitado que teve na juventude. “Aos dezoito anos, em vez de entrar em alguma faculdade, como estava fazendo a maioria dos rapazes de classe média, tive de procurar emprego. O contrato feito por meu pai com o Copacabana Palace permitia que morássemos mais um tempo no Anexo, e, durante um período, ficamos nesta situação: duros e vivendo no hotel mais luxuoso do Brasil”, resumiu Jô.

 

Inicialmente, trabalhou como office-boy de um escritório de exportação de café do José Mendes de Sousa. Em seguida, assumiu o posto de vendedor de passagens. Ficou na agência de turismo Castelo por cerca de um ano. Vendeu apenas duas passagens de trem para Belo Horizonte. “Fui um fracasso como agente de turismo”, confessou.

 

Se considerava um anarquista

Ao “Roda Viva”, da TV Cultura, Jô Soares explicou porque se define como um anarquista. “Anarquista, ficando claro que no sentido ideológico — eu não ia jogar bomba nos lugares —. Eu nunca me filiei a nenhum partido político. Eu acho que um artista não pode, não deve fazer isso. Se não você responsabilizado por qualquer merda que qualquer partido faça. Eu não tô nessa”, esclareceu.

 

Namoro com Claudia Raia

Jô Soares e a atriz Claudia Raia namoraram por cerca de três anos entre 1984 e 1986. Em entrevista ao canal “Téte a Theo”, em fevereiro deste ano, a artista contou como Jô salvou a sua vida.

 

“Eu já estava no programa dele há uns quatro, cinco meses, e ele sempre muito gentil comigo e tudo. Até que um dia ele viu uma pinta na minha perna – essa história é um absurdo – e falou assim: ‘Essa pinta é o quê?’. Eu falei: ‘É uma pinta, eu adoro a minha pinta e tal’. Ele falou: ‘Tem que tirar isso’”, narra Claudia. A pinta, em questão, era um melanoma cancerígeno. 

 

“Ele me salvou. Dali, a gente criou uma relação de amizade, eu não vislumbrava me apaixonar por ele”, lembra. Segundo a artista, foi o apresentador quem decidiu romper com a relação. O casal tinha 30 anos de diferença. “Eu era mais nova que o filho dele”, acrescenta Claudia, que na época tinha 17 anos.

 

Reencontro com taxista responsável pelo atropelamento de sua mãe

A mãe de Jô Soares, Mercedes Pereira Leal, morreu, aos 70 anos, atropelada por um táxi. “O motorista de táxi não teve a menor culpa, tanto que pegou ela, socorreu, levou para o hospital. Fez tudo certo. Só que ela teve uma fratura de base de crânio”, disse Jô ao jornalista Marcelo Bonfá.

 

Dez anos após o acidente, Jô pegou um táxi. “Quando eu cheguei em casa, ele falou: ‘Olha, preciso te dizer uma coisa. Fui eu que atropelei a sua mãe. Desde esse dia, eu não consigo mais dormir, só vou conseguir dormir no dia em que eu ouvir o senhor dizer que me perdoou’.

 

E eu falei: ‘Mas, meu filho, você está perdoado desde o dia que você pegou minha mãe, socorreu e ficou sentado ao lado do meu pai. Você não teve culpa nenhuma’”, relatou o apresentador sobre a conversa.

 

Quase foi diplomata

Jô Soares, antes de seguir a carreira artística, estudou para prestar o vestibular do Instituto Rio Branco, queria seguir carreira de diplomata no Itamaraty. Em sua biografia, retoma uma conversa que teve com o ator Silveira Sampaio. ”

 

‘Você pode estudar o que quiser agora, mas o que você vai acabar fazendo de fato na vida é trabalhar no teatro’. Sem que nem ele nem eu soubéssemos naquela tarde ensolarada do Rio, aquele homem teria enorme influência na minha carreira”, escreveu Jô.

 

Primeiro porre aos 9 anos de idade

Em conversa com Fabio Porchat, Jô Soares afirmou que ficou bêbado pela primeira vez aos nove anos de idade.

 

“Foi quando eu tinha nove anos. Seguinte, meu pai ia me levar para casa, e então o colégio me deixou na sede do Jockey Club, que era na cidade, na Avenida Rio Branco. Eu subi, tinha um bar, e eu fiquei ali esperando papai. Quando papai chegou, eu disse: ‘Eu queria experimentar champagne!’, porque alguém no colégio tinha falado de champagne. Aí, papai disse: ‘Ah, é? Então, tá’. E me deu duas taças. Fiquei num porre e vomitei a noite toda”, contou.

 

“Acho que a partir daí não tive mais nenhuma atração por bebida. Eu bebo um whisky, uma vodca, mas porre, mesmo, foi aquele”.

 

Sofreu com TOC

Ao entrevistar Roberto Carlos, Jô Soares revelou, assim como o cantor, também sofrer com transtorno obsessivo-compulsivo (TOC). O músico contava sobre a dificuldade que teve em entrar e sair por portas diferentes.

 

“Eu não sabia que era TOC, ainda achava que era superstição”, disse Roberto Carlos.

 

Foto: Reprodução/Globo/Zé Paulo Cardeal)