Fim do casamento! Daniel Vilela e MDB rompem com prefeito de Goiânia Rogerio Cruz

"Preciso defender o legado do meu pai"

Redação Curta Mais
Por Redação Curta Mais
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O presidente do MDB-GO, Daniel Vilela, concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcelo Albuquerque no Jornal da Manhã da Jovem Pan na manhã desta segunda-feira, dia 5 de abril. O programa também contou com a participação de Rosenwal Ferreira e da jornalista Gabriela Leal. Daniel, filho e principal herdeiro político de Maguito Vilela, morto por Covid-19 no dia 13 de janeiro, afirmou que o partido vai oficializar o rompimento da aliança por meio de uma carta que será entregue ainda hoje ao prefeito de Goiânia, Rogério Cruz, com a entrega de cargos e a retirada do apoio partidário à atual gestão. 

O motivo, segundo Daniel, seria a nova postura adotada pelo prefeito Rogério Cruz, que nas últimas semanas decretou a paralisação de obras iniciadas por Iris Rezende e que seriam continuadas, além de nomear pessoas “desconhecidas” para cargos importantes na administração. 

Para o presidente regional do MDB, essas medidas não são compatíveis com o projeto apresentado para a população goianiense durante a campanha. “Estão chegando pessoas que sequer o próprio prefeito Rogério Cruz conhece, pessoas que não estão de fato comprometidas com a cidade ou com o plano de governo que foi proposto durante a campanha”, declarou o filho de Maguito Vilela. Ainda de acordo com ele, o secretariado se reunirá ainda hoje para tomar a decisão de sair todos de seus atuais cargos. 

Vale lembrar que na última semana, o ex-deputado federal Luiz Bittencourt, que comandava a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), pediu exoneração do cargo. O motivo da saída teria sido o decreto publicado no Diário Oficial do Município, no dia 31 de março, que suspendeu contratos firmados para prestação de serviços de reconstrução e recuperação do pavimento asfáltico de diversas ruas de Goiânia, além da concentração de poderes nas mãos do novo secretário de Governo, Arthur Bernades (Republicanos-DF). Outros emedebistas ligados ao grupo de Maguito também já tinham sido exonerados como Andrey Azeredo, da Secretaria de Governo, além dos titulares da Administração, Comunicação, Saúde e, mais recentemente, a Agência Municipal de Meio Ambiente (AMMA), com o desligamento de Zilma Precursor, para entrada de Luan Alves, filho do vereador Clecio Alves (MDB).

Fatos que teriam sido o estopim para o rompimento do MDB e Republicanos e o fim da chapa que saiu vitoriosa na última eleição. Ao ser questionado por Marcelo Albuquerque sobre um possível arrependimento nessa composição, Daniel disse que era impossível prever um cenário como esse. “É difícil fazer um julgamento. Ninguém iria imaginar que meu pai iria pegar Covid. A chapa foi uma decisão construída com o deputado federal João Campos”, explicou.

Daniel

Daniel Vilela falou em primeira mão sobre o assunto que movimenta os bastidores políticos no Jornal da Manhã Jovem Pan (foto: divulgação)

O fato é que o casamento acabou em apenas três meses. Rogério Cruz é filiado ao Republicanos, braço político da igreja do Universal. O partido tem buscado apoio de vereadores para garantir a governabilidade de Rogério Cruz e não repetir o mesmo desfecho da gestão de Marcelo Crivella, no Rio de Janeiro, que teve uma relação conturbada com o legislativo, vários pedidos de impeachment e chegou a ser preso, por suspeita de corrupção, antes mesmo de terminar o mandato. O MDB em Goiânia conta com 6 vereadores. Durante a entrevista, o presidente regional do partido não deixou claro se eles se tornarão oposição ao prefeito da capital. “Os vereadores têm legitimidade para tomar suas decisões que serão acatadas pelo partido, mas também podem ter consequência”, disse.

Daniel confirmou que deve sair candidato em 2022 e, ao ser perguntado sobre um possível aliança com o Republicanos, ele preferiu não responder. O emedebista ressaltou que o clima entre ele e o prefeito começou a mudar há cerca de 15 dias quando em uma reunião do conselho da prefeitura, o próprio Rogério Cruz disse a ele que os assuntos políticos deveriam ser tratados com a administração nacional do Republicanos. “Eu disse que trataria com o prefeito, mas desde então ele não atendeu minhas ligações e não respondeu a uma mensagem”.

Ao ser questionado sobre o teor da carta e da reunião de hoje, Daniel se limitou a dizer que os secretários vão expor seus problemas e definir a saída de todos. No entanto, aqueles que decidirem permanecer deverão ser respeitados.

Daniel também deixou clara a insatisfação com os rumos que a administração municipal tem tomado. “Nosso projeto previa a continuação das obras do prefeito Iris Rezende, que além de terem sido paralisadas, agora também vão passar por auditorias. São obras que já passam por auditorias dos órgãos fiscalizadores externos (…) Os secretários é quem sabem o que está acontecendo e por isso eles tomarão as decisões por si mesmos ainda hoje”.

Para ele, as pessoas que estão chegando para compor cargos importantes na prefeitura não estão imbuídas em continuar o projeto proposto pela chapa. “Não queremos voos às cegas (…) Preciso defender o legado do meu pai”, afirmou.