Exclusivo! Piquiras vai fechar dois restaurantes em Goiânia

Providência faz parte do plano de reestruturação da rede

Redação Curta Mais
Por Redação Curta Mais
Por Marcelo Albuquerque.
 
A notícia foi dada na noite desta terça-feira, 27, pelo próprio Marcelo Marquez Batista, o “Piquiras” – que emprestou o nome a uma das mais tradicionais marcas gastronômicas de Goiânia. Com lágrimas nos olhos, o empresário de 55 anos, deu a notícia a um grupo de cerca de 30 pessoas que participava do coquetel de lançamento do Festival Paladar & Música. “Este evento encerrará em grande estilo uma história de mais de duas décadas do Piquiras Marista”, anunciou.
Com exclusividade ao Curta Mais, o empresário contou que há meses a unidade não apresentava resultado positivo. “Em 2013 faturávamos R$ 800 mil por mês só na loja do Marista, hoje não chega a 300 mil”. 
30 de novembro de 2015. Esta é a data do último dia de funcionamento da tradicional unidade do Piquiras que durante 23 anos reinou absoluta no Setor Marista, inclusive sendo âncora para novos empreendimentos do ramo, criando o chamado quadrilátero gastronômico do Marista, atualmente com poucos sobreviventes. O Piquiras atribui a decisão há vários fatores. “No caso do Marista, o pólo gastronômico ‘morreu’ por causa das intervenções erradas da Prefeitura no trânsito da região. Demorou muito pra mexer e quando mexeu, fez errado”, conta Marcelo. Além disso, o empresário cita a crise econômica e também reconhece a falta de planejamento. “Sempre confiei no meu feeling e a gente também erra. Se fosse hoje não abriria a unidade no Shopping Flamboyant, é uma operação pesada com muitos concorrentes, inclusive em alguns meses a conta não fecha”, revela o empresário.
Outra notícia dada com exclusividade ao Curta Mais é o fechamento do restaurante do Shopping Buena Vista (a moderna estrutura de vidro do shopping localizado no Setor Bueno) que ficará aberto até o final de dezembro de 2015. O empório Piquiras do Buena Vista continuará funcionando com mix de produtos reduzido e, possivelmente, contará com um pequeno restaurante interno no mesmo espaço.
O fechamento das duas operações faz parte de um plano de reestruturação do grupo. “Só esse ano estas duas unidades acumularam R$ 700 mil de prejuízo. Agora é consertar o que está errado, dar dois passos para trás e depois dar outros para frente”, explica Marcelo. 
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Marcelo Piquiras: “Sempre confiei no meu feeling e a gente também erra!”
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Unidade Marista: uma das mais tradicionais esquinas da cidade está com os dias contados.
O moderno restaurante do Shoping Buena Vista encerrará as atividades no dia 31 de dezembro de 2015.
 
Recuperação judicial: em agosto deste ano, o grupo iniciou processo de recuperação judicial com uma dívida de R$ 17,6 milhões. O Piquiras tem um ano de carência e 14 anos para quitar o montante. Além do enxugamento, a rede prevê corte de mais de 30% do quadro de funcionários (atualmente são 350 colaboradores diretos) e foco nos empórios e no buffet – players que apresentam os melhores resultados no grupo. “Todo dinheiro que eu ganhei reinvesti no próprio Piquiras. Comecei vendendo espetinho na rua 87 no Setor Sul e hoje temos uma marca consolidada. A meta é reverter esse quadro, trabalhando dia e noite. Estamos acertando com todos os fornecedores e não temos nenhuma ação trabalhista, todos os funcionários recebendo em dia. Emocionei hoje porque demorei dois anos para construir essa casa. Faz parte da minha vida”, contou o empresário, ainda emocionado.
 
Na conversa franca e aberta com o Curta Mais, Marcelo Piquiras, fez uma observação reveladora sobre a visão dele a respeito do mercado de gastronomia em Goiânia: “o setor vive uma crise sem precedentes, resultado da Lei Seca, da insegurança, do momento econômico e da mudança de hábito do consumidor que hoje prefere reunir os amigos em casa do que sair para comer fora. Não tem quase ninguém ganhando dinheiro com restaurante em Goiânia, só os botecos ainda dão lucro”. Sobre como pretende sair dessa situação, o “Piquirinha” como é carinhosamente chamado pelos amigos e tradicionais fregueses, encerra: “sonho sair fortalecido dessa recuperação pra voltar a crescer. É um ano difícil pra mim e minha família, mas, se depender da gente, vamos dar a volta por cima nem que seja preciso começar tudo de novo vendendo espetinho”.
 
Nossa última pergunta foi: – Goiânia pode ficar sem o Piquiras? “Por enquanto não faz parte dos planos, mas não descartamos buscar outras praças como Brasília, Palmas, Uberlândia e Ribeirão Preto. Convites não faltam”, concluiu o empresário.