Do Brasil para o espaço: Brasileira de 12 anos vence concurso da Nasa

A jovem de Recife ganhou o concurso que possuia mais de 14 mil participantes por todo o mundo

Anna Júlia Steckelberg
Por Anna Júlia Steckelberg
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A educação pode nos levar a lugares inimagináveis, até o espaço sideral. E quem diria que uma estudante recifense de apenas 12 anos está mais perto de alcançar o universo! Isadora Vasconcelos venceu o concurso de redação “Cientista por um Dia 2020-2021”, da Nasa, em uma disputa que teve 14 mil inscritos, ocorreu online em abril e o resultado saiu um mês depois.

A jovem Isadora cursa o 7º ano em uma escola da rede pública do Recife e foi incentivada por um de seus professores. Ela foi a vencedora da categoria Ensino Fundamental I, uma das três em disputa.

A proposta da redação era escrever sobre uma das três luas de Urano visitadas pela sonda Voyager 2 da Nasa, que foi ao espaço em 1986. Os inscritos tiveram que estudar Ariel, Oberon e Titânia e definir para qual delas uma nova expedição deveria retornar.

Em entrevista para a Uol, Isadora explicou sua escolha. “Eu escolhi Arieliano (Ariel). A minha inspiração foi a princesa Ariel dos contos de fadas. Fiz uma comparação entre Ariel lua e a dos contos de fadas. Para ficar um texto mais leve, mais divertido”.

A redação “Ariel: Do mundo da fantasia para realidade de um mundo fantástico” encantou os pais e o professor e acabou conquistando também os jurados do concurso. “Não achei que iria ganhar. Foram 14 mil participantes. Eu pensei: sério, quais as chances? Foi muita gente”, disse ela ao veículo.

Pois bem, a ideia galáctica de inscrever Isadora no concurso foi do professor de geografia dela, Alamy Veríssimo. Ele queria aproveitar que a estudante participa do clube de astronomia.

Segundo o professor, a organização, a curiosidade e a busca por feedbacks de suas atividades voltaram seus olhos ao talento de Isadora. “Percebi que ela é uma pesquisadora nata. Quando vi no site da Nasa o concurso, também vi que Isadora tinha possibilidade muito real de participar. Começamos um trabalho de pesquisa. Passei informações sobre Urano e as três luas escolhidas pela Nasa. Ela me perguntou se em Urano poderia ter sereias. Então, ela uniu a fantasia à realidade. Quando eu li, percebi que ela tinha chance de ganhar”.

Agora, a aluna já traça voos mais altos. Quer fazer faculdade no Japão, pois é grande fã da cultura e da culinária do país. Aprendeu a criar mangá, história em quadrinhos de origem japonesa. Isadora ainda não sabe qual área pretende cursar, mas com toda a certeza terá um futuro tão brilhante quanto a lua Ariel.

O texto de Isadora Vasconcelos será publicado, em inglês, no site da Nasa. Além disso, a estudante ganhará um certificado de vencedora do certame. Confira o texto dela:

Ariel: do mundo da fantasia para realidade de um mundo fantástico

Arieliano, vulgo “Ariel”, uma lua de Urano que aparenta ter saído de um conto de fadas, assim como Ariel dos contos infantis, desbravadora de um Novo Mundo.

 A “nova Ariel”, real, apresenta-se muito mais misteriosa e, com certeza, com desafios maiores para a humanidade, uma humanidade à beira de um colapso civilizacional.

Ariel é uma lua esbranquiçada e reluzente tão “brilhante” quanto os olhos da Ariel dos contos de fada, sua superfície cheia de crateras mostram apenas o quanto ela pôde ser alcançada por corpos celestes. A composição de Ariel é de aproximadamente 70% de gelo (água congelada, dióxido de carbono em estado sólido, e, possivelmente, também gelo de metano) e 30% de rochas compostas por silicatos. Elementos que não nos são desconhecidos.

Os recursos na terra são finitos e a escassez é cada vez mais evidente. Poucas pessoas, as mais ricas, se apoderam dos recursos e deixam a maioria da população sem quase nada, neste sentido, a sustentabilidade parece um conceito vazio.

E é à beira desse colapso que a humanidade voltará seu olhar para o espaço, tão cheio de perspectivas. Seria possível os humanos se adaptarem a um novo ambiente? Seria tão impossível acreditar que a nossa ciência, curiosidade, veia desbravadora não nos levaria tão longe? Ou mesmo nossa cobiça?

Sendo assim, imaginar que um dia poderíamos habitar outra órbita que não seja a da Terra pode ser muito empolgante. Mas o mais interessante de “Ariel” é o quanto essa Lua guarda algumas similaridades com alguns desafios que a humanidade já enfrentou como: gelo, paisagens desérticas e crateras lunares.

Neste sentido, vislumbra-se a criação de mecanismos capazes de nos permitir explorar o espaço, e expandir não apenas as fronteiras tecnológicas, mas as fronteiras da humanidade.

Imagem: Reproduzida da Internet