Conheça os povos indígenas de Goiás

No dia 9 de agosto é o dia internacional dos povos indígenas e para comemorar vamos falar sobre os de Goiás.

Mariane Faz
Por Mariane Faz
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A história dos povos indígenas brasileiros é marcado por muitas batalhas e muitas mortes. Quando os colonizadores chegaram ao Brasil, havia cerca de 5 milhões de índios aqui, divididos em mais de 1.500 povos e mais de 1.000 línguas distintas.

Em decorrência da violência que foi realizado o processo civilizador, houve uma drástica redução desses povos.  E de acordo com o último censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizado em 2010, temos na atualidade, 817 mil pessoas que se declaram ou se consideram indígenas. Esses povos estão organizados em 270 etnias, com 180 línguas e cerca de 81 dessas línguas correm o risco de desaparecer.

Essa visão de que o índio precisa ser “educado” e o desprezo pelos saberes ancestrais do povo indígena, culminou na ideia de que o índio não possui nenhum tipo de educação, pensamento que ainda é recorrente no Brasil.

Mas num estado em que o nome tem origem na denominação da tribo indígena “guaiás” que se tornou Goiás, nada melhor que conhecer a história desses povos, não é mesmo?

A população indígena em Goiás ultrapassa 10 mil habitantes. Considera-se ainda que a maioria da população considerada parda, possui ancestrais indígenas.

Preparamos no Dia Internacional dos Povos Indígenas, essa lista para você conhecer 4 etnias indígenas que habitaram e ainda habitam o estado goiano. Confira!

 

Povo Avá-Canoeiro

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Os Avá-Canoeiro autodenominam-se Ãwa, palavra que, “como em outras línguas tupi-guarani, significa gente, pessoa, ser humano, homem adulto”. A etnia se localizou durante a história na região das margens do Rio Araguaia, entre os estados de Goiás, Tocantins e Pará.

Até a década de 1960, o grupo era conhecido como “Canoeiro” na literatura, em razão da grande habilidade na utilização de canoas nos primórdios do contato com os colonizadores.

Na região do Araguaia, os Avá-Canoeiro são mais conhecidos regionalmente como “Cara Preta” e a língua avá-canoeiro pertence à família tupi-guarani, do grande tronco linguístico tupi.

A documentação histórica sobre a colonização da antiga Província de Goiás é farta em registros sobre a presença dos Avá-Canoeiro na região dos formadores do Rio Tocantins, conhecido como Rio Maranhão em seu alto curso, onde o grupo foi encontrado originalmente pelos primeiros colonizadores em meados do século 18.

O ódio dos fazendeiros do cerrado goiano com o povo Avá Canoeiro sempre foi enorme, que chegaram até a fazer expedições de caça a eles. O povo é muito conhecido for sua força e resistência.

Os Avá são vistos como “Guardiões do Cerrado” por especialistas do assunto, afirmativa justificada por dois fatores, o jurídico e o cultural. Um povo que muito sofreu e no cenário atual vive mais escondido em seu próprio território.

Esta etnia tem uma área preservada em território goiano entre os municípios de Minaçu e Colinas do Sul.

Povo Javaé

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Os Javaé, assim como os Karajá, são um dos poucos povos indígenas da antiga Capitania de Goiás que sobreviveram às capturas e grandes mortandades promovidas pelos bandeirantes, à política repressora dos aldeamentos, às epidemias trazidas pelos colonizadores em épocas diferentes e à invasão crescente do seu território. 

Nos anos 60, depois de um longo período de dúvidas, a lingüística reconheceu o pertencimento da língua Karajá ao tronco lingüístico Macro-Jê, embora ainda não tenha sido classificada em família. Atualmente habitam a Ilha do Bananal no Rio Tocantins e em outras 12 aldeias ao longo do Rio Javaés.

Povo Karajá

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Os Karajás são habitantes seculares das margens do rio Araguaia e suas aldeias desenham uma ocupação territorial entre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Pará. 

Hábeis canoneiros, manejam com maestria os recursos alimentares do cerrado e da floresta tropical de transição, composto por frutos do cerrado, produtos das roças de coivara e pela rica ictiofauna do rio Araguaia e de pequenos lagos.

Devido ao contato permanente com a sociedade brasileira, os Karajás falam o português e convivem com o mundo dos não-índios.

Os Karajás se destacam pela sua arte cerâmica, em especial pelo modo de fazer as bonecas (ritxòò/ ritxkòkò), atributo exclusivamente das mulheres. 

Esse saber tradicional está sendo objeto de um processo com vistas ao seu registro como patrimônio imaterial brasileiro.

Devido a grande exploração da atividade agropecuária no estado de Goiás, existe apenas uma área preservada do povo Karajá, que fica no município de Aruanã(três áreas descontinuas).

Povo Tapuio

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Bem como os Avá e os Javaés, os Tapuio são conhecidos como mestres  de sabedoria e  força  por (re)existirem historicamente contra diversas  investidas de violência  física, social, cultural e epistêmica.

As   informações   históricas   referentes   aos   povos   indígenas   existentes   na   região Goiás/Tocantins, na  época  da  colonização, estão  baseadas apenas em  relatórios  de  viajantes,  depoimentos  dos  próprios  índios  e  documentos  oficiais  do governo.

Depois  de  décadas  de  extermínio, em  2018,  no território  goiano existem  apenas  uma terra do povo Tapuio: no município de Rubiataba e Nova América (duas áreas descontínuas).

 

Créditos das Fotos

Povo Avá Canoeiro. Foto: André Toral, 1982

Povo Javaé. Foto: Patrícia de Mendonça

Povo Karajá – Boneca Ritxokó. Foto: Reprodução/Museu Nacional

Povo Tapuio. Foto: Reprodução/Instituto Socio Ambiental (ISA)

Com informações do Instituto Socio Ambiental (ISA)