Conheça Lisandro Nogueira, o goiano que já foi diretor da Cinemateca Brasileira
Em entrevista ao Curta Mais, Lisandro declarou: 'Sem a Cinemateca Brasileira, não existiria a memória do cinema e do audiovisual do país. Sem ela, não existiria cinema e audiovisual no Brasil'
Lisandro Nogueira é um entusiasta do audiovisual brasileiro, cineclubista, curador, crítico e professor de cinema. O especialista tem o currículo de formação extenso: fez História e Jornalismo na UFG, depois pós-graduação, mestrado e doutorado em Cinema em São Paulo. O mestrado na USP e o doutorado em Cinema e Jornalismo na PUC.
O goiano já realizou diversos trabalhos importantes como a curadoria da mostra “O Amor, a Morte e as Paixões”, que exibe anualmente, desde 2002, filmes inéditos e promove debates em Goiânia, criou e executou o projeto do Centro de Documentação e Informação do Grupo Jaime Câmara-Rede Globo na década de 80, atuou como diretor do Centro Cultural Oscar Niemayer, além de já ter trabalhado como consultor de cinema no FICA – Festival Internacional de Cinema e Video Ambiental.
Lisandro não só realizou trabalhos importantes no estado, como também em âmbito nacional, dirigindo entre 2013 e 2014 a Cinemateca Brasileira, instituição responsável pela preservação da produção audiovisual brasileira.
Recentemente a atriz Regina Duarte deixou a liderança da Secretaria da Cultura para dirigir a Cinemateca Brasileira. A atriz vai assumir a vaga que hoje é ocupada por Olga Futemma, que é mestre em Cinema pela Universidade de São Paulo (USP) e trabalha na Cinemateca há cerca de 36 anos.
O Curta Mais procurou o professor Lisandro para saber sua opinião e, de quebra, comentar um pouco sobre a importância da Cinemateca e seu trabalho nela. Confira:
Curta Mais: O que é e qual a função da Cinemateca?
Lisandro: Ela é a instituição responsável pela preservação do audiovisual do país. Ela preserva e divulga a memória do audiovisual brasileiro desde os anos 10, guarda toda a produção de TV desde os anos 50. Lá é também local de pesquisas e desenvolvimento de projetos na área.
Curta Mais: Quanto tempo você esteve na direção da Cinemateca?
Lisandro: Trabalhei por um ano e meio entre 2013 e 2014.
Curta Mais: O que a Cinemateca representa e qual a importância dela para o brasileiro?
Lisandro: Sem a Cinemateca Brasileira, não existiria a memória do cinema e do audiovisual do país. Sem ela, não existiria cinema e audiovisual no Brasil. Para você ter uma ideia, todo filme feito aqui tem que ser enviado uma cópia para a Cinemateca guardar.
Curta Mais: Como era a Cinemateca antes e como ela ficou após sua liderança?
Lisandro: Quando entrei estava em um momento de grandes investimentos e estavam começando a digitalização do acervo, dei continuidade a todo vapor e também liderei projetos, ampliei o sistema de pesquisas, realizei mostras de cinema, iniciei o projeto para inserir uma OS (Organização Social), fiz o projeto da construção do Instituto Nacional do Cinema, entre outros.
Curta Mais: Se você fosse o diretor da Cinemateca, o que você faria hoje?
Lisandro: Incentivaria a abertura de Cinematecas regionais, para que a preservação do cinema brasileiro seja mais efetiva.
Curta Mais: Qual foi sua principal contribuição na Cinemateca?
Lisandro: Com certeza a digitalização do acervo a todo vapor.
Curta Mais: Qual foi seu maior desafio ao dirigir a Cinemateca Brasileira?
Lisandro: Também a digitalização. Imagina, toda produção audiovisual seja de cinema ou TV, é enviada uma cópia para a Cinemateca. Lá é onde se guarda todo o acervo desde os anos 10. É muito trabalho. Não existe um país sem memória, e ela faz parte da construção dessa memória.
Curta Mais: O que você espera da liderança da atriz Regina Duarte?
Lisandro: Não sabemos até hoje o projeto do governo para a área cultural. Eu não tenho ideia do que ela vai fazer lá, então nao consigo opinar. Na hora que ela publicar, vamos saber.
Curta Mais: Qual sua perspectiva para o cinema nacional pós-pandemia?
Lisandro: Muito incerto, até as telenovelas elas estão paradas. Não tem como existir um set de gravações sem a circulação de muita gente. Todo o setor está sofrendo com a pandemia, tá tudo parado. É imprevisível.
Curta Mais: Você consegue imaginar um roteiro de cinema inspirado na pandemia? Conta pra gente um enredo.
Lisandro: Eu imagino um roteiro onde acontece algo como a pandemia em um momento de muita aflição, tensão. Um filme com bastante ação e imprevisibilidade. Depois teríamos um horizonte muito bom.
Fotos: Acervo Pessoal