O urbanista que comandou o projeto do Setor Sul, nos anos 1930, chamado Armando de Godoy, aplicou o que havia de mais moderno no urbanismo mundial da época: uma cidade-jardim no modelo norte americano.

O projeto — Imagem: Reprodução/Aprosul

O plano de Godoy tinha como objetivo estimular a convivência harmoniosa entre os moradores, e deles com o tráfego de veículos. Isso seria possível a partir do desenho urbanístico do bairro.

No bairro seriam construídos equipamentos urbanos que incentivariam a convivência. Escolas, hospitais, jardins, praças, pequenos comércios, tudo podendo ser alcançado a pé.

Os lotes teriam duas entradas, uma para vielas, construídas em curva, para forçar os veículos a andarem mais devagar, e a outra, a principal, para estas áreas internas.

Assim a comunidade do bairro teria tudo o que precisa para o dia-a-dia nestes espaços e os vizinhos estariam sempre em contato uns com os outros, além disso, o percurso seria feito em segurança, já que o trânsito de veículos não seria permitido nestes locais.

Já a ligação com o resto da cidade seria feita em vias de maior tráfego, desenhadas num esquema em que as avenidas convergem para uma grande praça, formando um “asterisco”. Essas vias seriam hoje as avenidas 83, 84, 85, 86, 87, 88, 89 e 90.

Infelizmente o plano não foi executado totalmente e os lotes do setor começaram a ser ocupados antes da urbanização. As áreas internas do bairro tiveram fins completamente diferentes do que os projetados para elas: algumas foram invadidas; outras comercializadas; algumas ainda, doadas para instituições que se comprometeram em construir equipamentos que pudessem ser utilizados pelos moradores; outras ficaram subutilizadas ou completamente abandonadas.

Nos anos 1970 houve uma tentativa de retomar o projeto urbanístico que foi interrompido, mas a ideia não vingou. Apesar de tudo ainda sobraram as vielas e becos que foram idealizadas para que os moradores andassem somente a pé. Já nos anos 2000, um movimento de artistas urbanos independentes passou a usar os becos como local para realizarem seus trabalhos de grafites.

Imagem: Reprodução/Dia Online

O Bosque dos Pássaros é um dos jardins do Setor Sul, antigamente abandonado, e hoje revitalizado por razão dos murais, da mobilização dos moradores e auxílio da Prefeitura de Goiânia.

Nossa dica é que você experimente dar um passeio por esse bairro da capital de Goiás, para apreciar os becos e praças locais, com exposição espontânea de pinturas e grafites dos mais variados artistas. Além disso, o Setor Sul é carregado de bares, restaurantes e clubes excelentes.

*com informações Goiás de Norte a Sul

Imagens: reprodução