Conheça a história de Mauricinho Hippie, criador da feira hippie em Goiânia

Uma personalidade ímpar da história de Goiânia merece ter sua história contada.

Mariane Faz
Por Mariane Faz
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Artista plástico e um dos primeiros hippies da cidade, fazia artesanato, tocava sanfona primorosamente e andava pela cidade de bicicleta, com roupas diferentes ou femininas e longos cabelos cacheados, essa é a imagem mental de Mauricinho Hippie, entre os anos de 1960 e 1990. 

Maurício Vicente de Oliveira, seu nome de registro, nasceu em Araguari (MG), mas chegou em Goiânia com 9 anos. Declamava poesias, fazia performances corporais e atuava em defesa dos direitos dos homossexuais em uma época conservadora. 

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Mauricinho era muito autêntico e com certeza quem viveu em Goiânia antes da década de 1990 deve se lembrar das performances dele. 

Além do que, era impossível passar e não notá-lo, ele andava com seu cães de pelos coloridos, com violeta genciana.

Também poeta, Maurício era um mix de talentos: entre artista plástico, músico, compositor, ativista, ele ainda fabricava as próprias roupas.

Maurício, com 12 anos, foi estudar acordeom, influenciado pela família, numa escola badalada na época, Academia Mascarenhas e ficou lá por seis anos. 

Ainda fez teoria e solfejo, no antigo Conservatório da UFG e iniciou o curso livre de artes, na Escola de Belas Artes, mas parou no primeiro ano. 

Ao final dos estudos, tocava piano, acordeom, órgão e violão.

Confira ele tocando acordeom no vídeo abaixo:

Depois de seu pai queimar alguns pertences de Mauricio, ele resolveu queimar todas as suas roupas caretas e assim começou a história deste personagem conhecido.

Pelas ruas tinha a mania de entregar flores às mulheres que passavam, lançando palavras de paz e amor.

O estilo de Mauricinho despertou a curiosidade de vários profissionais, como carnavalescos que o homenagearam em seus trabalhos.

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Em 1995, Maurício sofreu um acidente e perdeu um pé. A partir daí, mesmo tendo colocado uma prótese, passou a ficar em casa e pouco saia.

O jovem que agitou Goiânia outrora, esteve muito doente e pouco dele se parecia com o homem que coloriu Goiânia. 

Hoje está com pouco mais de 80 anos e diversas complicações de saúde.

Ainda é residente do Setor Aeroporto, mas se mudou da conhecida casa dele do canto de uma praça. Ele tem falhas de memória e toma remédios controlados.

Goiânia com certeza agradece muito a essa personalidade!

A diretora goiana Claudia Nunes, dirigiu um documentário em 2008 em que conta um pouco da história, vale a pena assistir!

Confira um trecho do documentário clicando aqui.

Feira Hippie

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A atual Feira Hippie conta com mais de 10 mil expositores e é a maior da América Latina, costumando receber quase 80 mil visitantes aos finais de semana. 

Ela, que há mais de 20 anos é tradição do goianiense, teve início na década de 60 ali no parque Mutirama, e começou com alguns hippies que iam expor suas obras no local. 

Migrou para a Praça Universitária, devido ao aumento de pessoas vendendo e pessoas visitando. E não parou por aí, com o passar dos anos, se mudou para a Praça Cívica, se fixando na Praça do Trabalhador, onde é montada até hoje.

Lá você encontra de tudo! Desde roupas, acessórios, sapatos, eletrônicos, livros, roupas de cama e mais um pouco. Ela é conhecida também por ter um preço super atrativo! 

Se estiver turistando por Goiânia, não deixe de dar uma passadinha por lá!

Nosso querido Maurício foi um dos fundadores da Feira Hippie. 

“A gente expunha as mercadorias, somente artesanato e artes plásticas, no Parque Mutirama. Foi lá que começou a Feira Hippie. Eram cerca de 20 a 30 pessoas. Me lembro que o artista plástico Tancredo Araújo era um deles. Depois a Feira se mudou para a Praça Cívica e em seguida, para a Avenida Goiás. Eu fui até a fase da Avenida Goiás. Depois parei, quando a feira deixou de ser hippie”, comenta em entrevista ao jornalista Carlos Brandão, em 2011.

 

Créditos das Fotos

Feira Hippie. FOTO: Reprodução arquivo interno

Foto 2 de Mauricinho. Foto: reprodução de vídeo

Com informações de O Popular