Conheça a doutora mais jovem do Brasil que formou na UFG

Nattane concluiu o doutorado na Universidade Federal de Goiás com 24 anos em Ciências da Computação

Anna Júlia Steckelberg
Por Anna Júlia Steckelberg
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Concluir um doutorado é, além de um sonho, uma caminhada muito longa e turva. Agora, imagine se tornar a doutora mais jovem do Brasil e em um cenário desafiador como uma pandemia! Este é o admirável caso da professora Nattane Luíza da Costa, que recebeu o título de doutora aos 24 anos, pela Universidade Federal de Goiás.

Nattane formou-se no final de março e agora é doutora em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Goiás. Antes dela, o título de doutora mais jovem do Brasil era Daphne Schneider Cukierman, de 26 anos, que concluiu doutorado em fevereiro deste ano pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Nattane contou para o Brasil Escola que seu pai é professor e o irmão é mestre na área de Química. Por isso, teve na família a inspiração para seguir com os estudos e entrar para a pesquisa. No doutorado, defendeu a tese intitulada “Uso e estabilidade de seletores de variáveis baseados nos pesos de conexão de redes neurais artificiais”.

Apesar da pouca idade, Nattane possui um currículo pesado. Ela é professora titular de Ciência da Computação no Instituto Federal Goiano. E seu cargo foi conquistado ao ser aprovado em concurso público em 2018, quando tinha apenas 22 anos.

Nattane veio de uma pequena cidade goiana, Palmelo, com cerca de 2,5 mil habitantes no interior de Goiás. A brilhante jovem iniciou a vida escolar um ano mais cedo do que o de costume, sendo sempre a caçula da turma.

Quando estava no 2º ano do ensino médio, decidiu fazer o vestibular da Universidade Estadual de Goiás como treineira, mas, como teve um bom desempenho e ficou em quarto lugar, sua família procurou a Justiça para que ela pudesse fazer faculdade sem ter concluído o ensino médio.

Com apenas 15 anos, e graças a liminar concedida, Nattane entrou para o curso de Tecnologia em Redes de Computadores. A então adolescente frequentava as aulas do colégio no período da manhã, e cursava faculdade à noite. 

Pois bem, como cursos tecnológicos têm menor duração, Nattane terminou a graduação aos 18 anos. O que, normalmente, é nessa idade que os estudantes estão concluindo o ensino médio ou ingressando no ensino superior. 

Sem pensar duas vezes, Nattane foi para o mestrado no Instituto de Informática (INFI) da UFG e, em seguida, partiu para o doutorado na mesma instituição, sempre na área de mineração de dados.

Nattane ainda comentou com o Brasil Escola, que sempre se interessou por disciplinas como matemática, química e física, o que a ajudou na escolha do caminho a seguir na vida.

Ainda na escola, ela aproveitava as olimpíadas científicas para colocar em prática os conhecimentos. “Participei e adorava essas olimpíadas. Lembro de participar da olimpíada de física e astronomia durante o ensino fundamental. A que eu mais gostava era a Olimpíada de Matemática. Me sentia desafiada e motivada a analisar os problemas e a pensar com cautela”, disse ela ao site.

Já na faculdade, Nattane percebeu a importância da tecnologia para a sociedade. A partir disso, ela decidiu focar na mineração de dados na pós-graduação. Durante o mestrado, ela buscou encontrar padrões e informações sobre vinhos de diferentes uvas e países.

No doutorado, ela intensificou a pesquisa com os vinhos e ampliou a mineração para a área da saúde, trabalhando na melhoria de um algoritmo que faz a busca pelos padrões. 

Mas não se preocupe, se você não entende sobre mineração de dados, Nattane explica:

“Imagine um garimpeiro tentando encontrar ouro. O espaço para procurar ouro é grande, e o trabalho é cansativo. Quando falamos de dados, temos um volume muito grande de dados que podem conter informações valiosas, como o ouro no exemplo do garimpo. Mas procurar essa informação a olho nu é impraticável. Assim, utilizamos de algoritmos de aprendizado de máquina, estatística, banco de dados, entre outros, para facilitar a busca por informações ou padrões úteis”, contou a doutora ao site.

Assim, podemos resumir a mineração de dados como a procura em encontrar padrões úteis em dados e informações. E para tornar o método ainda mais útil nos dias de hoje, a mineração é aplicável em qualquer área do conhecimento. 

A trajetória da jovem do interior de Goiás é de tirar o fôlego. É muita responsabilidade e serve de inspiração para todos os estudantes brasileiros. 

Confira o canal no YouTube dela. 

Foto: Reprodução do Brasil Escola