Cocô ajuda no combate a infecções afirma pesquisa

Estudo científico mostra que o transplante de fezes pode ser mais eficaz do que antibióticos

Marcelo Albuquerque
Por Marcelo Albuquerque

Sim, é isso mesmo que você leu no título desse post. Não, não se trata de nenhuma matéria sensacionalista, é ciência!

 

Tudo bem que o assunto não é dos mais agradáveis, mas a pesquisa é séria e tem mostrado bons resultados para os pacientes.

O procedimento terapêutico chamado de transplante de fezes já está sendo estudado no Reino Unido, Austrália ou EUA. O British Medical Journal (BJM) divulgou um estudo com 516 pacientes infectados por bactérias do tipo Clostridium difficile. A taxa de sucesso entre os que se trataram com o transplante foi de 85%, enquanto apenas 20% dos que tomaram antibióticos se livraram das bactérias.

A técnica consiste em pegar as fezes de um doador saudável, congelar, triturar e passar para o intestino do paciente via um tubo colocado no nariz ou no ânus. Alguns experimentos têm sido feitos com pílulas recheadas com cocô congelado. O método prevê que os microrganismos presentes nos dejetos saudáveis colonizem o estômago doente e curem infecções. Há até mesmo incentivo ao transplante para além do tratamento de infecções. Testes estão sendo realizados no combate a doenças variadas, como encefalopatia hepática, síndrome do cólon irritável e até autismo. 

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Os professores que escreveram para o BJM, Tim Spector e Rob Knight, também alertam sobre os perigos da técnica. Dois pacientes curados da Clostridium difficile apresentaram grande aumento de peso após o transplante. Além disso, há uma preocupação com infecções causadas pelo transplante e com a possibilidade de que a técnica cause depressão e ansiedade nos pacientes, já que estudos apontam uma ligação entre esses quadros e micróbios estomacais.

O MRHA, órgão que regula a medicina britânica, já considera o transplante um produto médico. Na Austrália, a técnica está em uso mesmo sem ter sido aprovada pelo governo local. Nos EUA, mais de 500 locais oferecem o transplante fecal e até mesmo um banco para doações de fezes já está operando.

Com informações de Super Interessante.