Cecília Meireles 121 anos: conheça sua história, obra e principais poemas

Essa mulher admirável, fez história e continua sendo uma das autoras mais lidas do século.

Mariane Faz
Por Mariane Faz
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Se Cecília Meireles fosse viva, hoje completaria 121 anos e para homenagear está mulher admirável vamos contar um pouco de sua história e principais obras.

Grande escritora, jornalista, professora e pintora, considerada uma das mais importantes poetisas do Brasil. Sua obra de caráter intimista possui forte influência da psicanálise com foco na temática social.

Embora sua obra apresente características simbolistas, Cecília destacou-se na segunda fase do modernismo no Brasil, no grupo de poetas que consolidaram a “Poesia de 30”.

Biografia

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Foto: Reprodução/Info Escola

Cecília Benevides de Carvalho Meireles nasceu no Rio de Janeiro, dia 7 de novembro de 1901. Foi criada pela sua avó católica e portuguesa da ilha dos Açores. Isso porque seu pai havia morrido três meses antes de seu nascimento e sua mãe quando tinha apenas 3 anos. Desde pequena recebeu uma educação religiosa e demonstrou grande interesse pela literatura, escrevendo poesias a partir dos 9 anos de idade.

Cursou a Escola Estácio de Sá, concluindo com “distinção e louvor” o curso primário em 1910. Tornou-se professora diplomando-se no “Curso Normal do Instituto de Educação do Rio de Janeiro”.

Em 1919, com apenas 18 anos, publicou sua primeira obra de caráter simbolista, “Espectros”. Com 21 anos, casa-se com o pintor português Fernando Correa Dias que sofria de depressão e suicidou-se em 1935. Casa-se novamente com o engenheiro agrônomo Heitor Vinícius da Silveira Grilo, cinco anos depois da morte de seu primeiro marido e com quem teve três filhas.

Sua atuação na área da educação não ficou restrita às salas de aula. Isso porque de 1930 a 1931, Cecília trabalhou como jornalista no “Diário de Notícias” contribuindo com textos sobre problemas da educação. Cecília ficou reconhecida mundialmente, uma vez que suas obras foram traduzidas para muitas línguas.

Pelo trabalho realizado na literatura ela recebeu diversos prêmios. Os destaques vão para: Prêmio de Poesia Olavo Bilac, Prêmio Jabuti e Prêmio Machado de Assis.

Além disso, realizou palestras e conferências sobre educação, literatura brasileira, teoria literária e folclore, em diversos países do mundo. Cecília faleceu ao entardecer na sua cidade natal, dia 9 de novembro de 1964, com 63 anos, vítima de câncer.

 

Curiosidades

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Foto: Reprodução/Revista Bula

Em 1934, Cecília Meireles funda a primeira Biblioteca Infantil do Brasil, no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro. No Chile, foi inaugurada a “Biblioteca Cecília Meireles” em 1964 na província de Valparaíso. Em 1953, Cecília Meireles foi agraciada com o título de “Doutora Honoris Causa” pela Universidade de Déli, na Índia.

 

Principais Obras

Espectros (1919)

Criança, meu amor (1923)

Nunca mais… e Poemas dos Poemas (1923)

Criança meu amor… (1924)

Baladas para El-Rei (1925)

O Espírito Vitorioso (1929)

Saudação à menina de Portugal (1930)

Batuque, Samba e Macumba (1935)

A Festa das Letras (1937)

Viagem (1939)

Vaga Música (1942)

Mar Absoluto (1945)

Rute e Alberto (1945)

O jardim (1947)

Retrato Natural (1949)

Problemas de Literatura Infantil (1950)

Amor em Leonoreta (1952)

Romanceiro da Inconfidência (1953)

Batuque (1953)

Pequeno Oratório de Santa Clara (1955)

Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro (1955)

Panorama Folclórico de Açores (1955)

Canções (1956)

Romance de Santa Cecília (1957)

A Bíblia na Literatura Brasileira (1957)

A Rosa (1957)

Obra Poética (1958)

Metal Rosicler (1960)

Poemas Escritos na Índia (1961)

Poemas de Israel (1963)

Solombra (1963)

Ou Isto ou Aquilo (1964)

Escolha o Seu Sonho (1964)

 

Poemas

Confira alguns dos poemas de Cecília Meireles:

 

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,

Assim calmo, assim triste, assim magro,

Nem estes olhos tão vazios,

Nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,

Tão paradas e frias e mortas;

Eu não tinha este coração

Que nem se mostra.

 

Eu não dei por esta mudança,

Tão simples, tão certa, tão fácil:

— Em que espelho ficou perdida

a minha face?

 

Motivo

Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.

 

Irmão das coisas fugidias,

não sinto gozo nem tormento.

Atravesso noites e dias

no vento.

 

Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.

 

Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.

 

Nadador

O que me encanta é a linha alada

das tuas espáduas, e a curva

que descreves, pássaro da água!

É a tua fina, ágil cintura,

e esse adeus da tua garganta

para cemitérios de espuma!

 

É a despedida, que me encanta,

quando te desprendes ao vento,

fiel à queda, rápida e branda

 

E apenas por estar prevendo,

longe, na eternidade da água,

sobreviver teu movimento…

 

Frases

Estas são algumas das mais conhecidas frases da escritora Cecília Meireles:

 

“Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira”.

“Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação de meus desejos afligidos”

“Há pessoas que nos falam e nem as escutamos, há pessoas que nos ferem e nem cicatrizes deixam mas há pessoas que simplesmente aparecem em nossas vidas e nos marcam para sempre”.

“Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.

“Tenho fases, como a Lua; fases de ser sozinha, fases de ser só sua”.

 

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Foto de Capa: Reprodução/Revista Bula

Com informações de Toda Matéria e eBiografia