Brasileiros desenvolvem equipamento inédito para tratar sequelas da covid-19

O oscilômetro verifica a capacidade respiratória do paciente através da avaliação evolutiva

Anna Júlia Steckelberg
Por Anna Júlia Steckelberg
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A policlínica Piquet Carneiro, ligada à Uerj, desenvolveu um equipamento inédito no Brasil e na América Latina para tratar pacientes com sequelas pós-Covid. Basicamente, o oscilômetro verifica a capacidade respiratória do paciente através da avaliação evolutiva, buscando alterações pulmonares e pleurais. 

Mais de 400 pessoas já foram atendidas no ambulatório da policlínica. Criado há sete meses, o setor é voltado exclusivamente ao tratamento de pacientes que ainda apresentam sequelas da doença mesmo após o fim da infecção. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um em cada 10 sobreviventes da Covid-19 relataram sintomas persistentes da doença.

Os atendimentos tiveram início durante a campanha de testagens de pacientes sintomáticos na Policlínica. Os casos positivos foram cadastrados e rastreados pela equipe responsável pela pesquisa, liderada pelo professor da Uerj Agnaldo Lopes. 

Os pacientes que apresentam sequelas como dificuldade respiratória são selecionados para acompanhamento médico durante nove meses. A cada 90 dias de tratamento, os doentes passam por nova avaliação clínica a fim de constatar se o protocolo adotado é o mais adequado. 

De acordo com os pesquisadores, a abordagem, que é personalizada conforme a necessidade de cada paciente, tem apresentado bons resultados. Ao todo, mais de 42% dos 400 avaliados já receberam alta da clínica, um índice considerado ótimo para os pesquisadores. A iniciativa é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).

A médica Laura Monnerat ressalta a evolução clínica do paciente logo após a primeira consulta. “A intervenção tem se mostrado benéfica. Há doentes que estavam com bastante falta de fôlego na primeira consulta e que, na seguinte, já foi possível ver uma melhora após início da terapia, aponta a integrante do time de pesquisadores”.

Pois bem, a técnica de oscilometria mede a resistência das vias aéreas através das ondas respiratórias, evitando uma expiração forçada, como é exigido na espirometria, também conhecida como teste de sopro. 

Com o aparelho, mais silencioso, o médico tem a dimensão mais exata do movimento respiratório dos bronquíolos. O procedimento é mais confortável e rápido para o paciente, pois evita as repetições realizadas no exame tradicional. 

Inicialmente, a pesquisa tinha como meta a realização de 500 atendimentos. Porém, com a alta da taxa de infectados pela Covid-19 em 2021, a equipe considerou que seria necessário dobrar este quantitativo, ampliando a oferta de vagas para o Sistema de Regulação do SUS (SISREG). 

O time multidisciplinar, que conta com médicos, fisioterapeutas e residentes, espera que o ambulatório seja incorporado após a conclusão da pesquisa da Faperj. “Esperamos que nossas experiências sirvam de modelos para outras unidades de saúde”, afirmou o professor Agnaldo Lopes. 

Enquanto a pesquisa da Pneumologia no pós-Covid foca na recuperação do trato respiratório, a Divisão de Fisioterapia da Policlínica Piquet Carneiro reabilita pacientes com comprometimentos neuromusculares e cardiovasculares. 

Imagem de capa: Reproduzida na Internet | Créditos: CNN