Biblioteca humana dispensa livros e passa a escutar histórias de pessoas na Dinamarca

O usuário escolhe um título e ao invés de conhecer a história pela escrita, ele passa a escutar os relatos de uma pessoa que vivenciou o tema solicitado

Rafael Campos
Por Rafael Campos
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Não julgue o livro pela capa! É assim que o projeto realizado em Copenhague, na Dinamarca, traz histórias de pessoas reais ao invés de livros na Biblioteca de Albertslund.

 

O acervo conta com assuntos relacionados a experiências humanas e podem ser acessados através da contação dessas histórias pelas próprias pessoas que a vivenciaram. A instituição trabalha, principalmente com grupos de voluntários que geralmente são estereotipados pela sociedade, como minorias sexuais, religiosas e até raciais.

 

Durante a realização, ao escolher uma história para ouvir, o usuário é levado até uma área de discussão onde conhece a pessoa que abordará sobre o conteúdo. Com isso, ele poderá escutar o “livro humano” e questionar, tirar dúvidas: tornando a experiência ainda mais enriquecedora para ambas as partes.

 

De acordo com Ronni Abergel, criador do programa, a ação visa para que os leitores se tornem mais tolerantes ao escutar de perto essas histórias. “Vamos dizer que você tem algum receio de pessoas com HIV ou é inseguro sobre quem crê no Islã, conhecer essas pessoas pode ajudá-lo a entender melhor os grupos que representam e as comunidades de onde vêm”, explica ele.

 

A primeira unidade da Biblioteca Humana, criada na Dinamarca, completou 21 anos em junho. E atualmente, o projeto já se estende para 84 países e seis continentes. No Brasil, já foi realizado um projeto semelhante, promovido pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Sua terceira e última edição – até agora – feito em 2019, contou com sete “livros” que trouxe histórias sobre intolerância religiosa, vivência com deficiência, a vida com HIV entre outros.

 

A coordenadora e professora Jaila Borges afirmou que o evento teve o objetivo de construir uma estrutura positiva para conversas que possam desafiar estereótipos e preconceitos através do diálogo. “É uma oportunidade para os leitores se aproximarem dessas pessoas a serem tocadas por suas histórias. Ali a pessoa percebe que existe o preconceito e sai completamente mexida pelos relatos”, disse a coordenadora.

 

No caso da capital dinamarquesa, em algumas vezes, as bibliotecas “humanas” públicas migram para as escolas e universidades para um conhecimento amplo e coletivo. Por fim,

 Abergel explica que o projeto não tem fundamento para mudar posicionamentos, mas sim, esclarecer as informações e ampliar os pontos de vista. “Não estamos aqui para convencer as pessoas de certa opinião ou visão. Estamos aqui para publicar informação, e o que você faz com essa informação é responsabilidade sua. Esperamos que você use para entender melhor e respeitar as pessoas diferentes de você”, finaliza.

 

O projeto possui um site oficial para colaboração dos leitores e participação voluntária de outras histórias. Clique aqui.

 

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Foto: Divulgação